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Governadores e prefeitos comemoram compra da Pfizer, mas pedem mais vacinas

O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), disse que governadores não querem concorrer com o Ministério, mas ofereceram solução - José Itamar/Futura Press/Estadão Conteúdo
O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), disse que governadores não querem concorrer com o Ministério, mas ofereceram solução Imagem: José Itamar/Futura Press/Estadão Conteúdo

Eduardo Militão

Do UOL, em Brasília

04/03/2021 12h33

Governadores e prefeitos consideram positivo no acordo até mesmo a exclusividade do Ministério da Saúde na aquisição das vacinas. A avaliação é que isso pode melhorar a eficiência da distribuição e evitar especulação financeira dos produtos, avaliam fontes consultadas pelo UOL.

No entanto, destacam ser necessário obter mais vacinas, porque o acordo demorou pelo menos cinco meses para ser fechado.

Segundo o coordenador de vacinas do Fórum dos Governadores, Wellington Dias (PT-PI), o contrato de exclusividade é positivo. "É bom", disse ele ao UOL hoje. "Não queremos concorrer com o Ministério, mas tomamos iniciativa para ajudar na solução."

Dias destacou que "os Estados foram favoráveis ao acordo perante o Congresso, liderado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco [DEM-MG], dividindo responsabilidade sobre eventuais efeitos colaterais por municípios, estados e governo federal". "Aliás, mesma regra, como chamamos a atenção, da Astrazeneca."

Ele ponderou que haverá baixa entrega de vacinas até maio de 2021. "Vamos precisar, sim, de mais vacinas, e que bom que temos a Pfizer já aprovada pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária], mas precisamos acelerar e ajudar para autorização emergencial, validação ou definitiva com a Anvisa."

O presidente da Frente Nacional dos Prefeitos, Jonas Donizete (PSB), também celebrou o acordo. "Talvez a adesão maciça dos prefeitos tenha até ajudado o governo a tomar essa decisão. Jamais saberemos se o empurrão foi nosso, mas isso pouco importa. O que nos interessa, mesmo, é que a vacinação dos brasileiros seja um fato, não uma promessa."

Donizete e pessoas próximas a ele informaram que não querem "concorrer" com o Ministério e causar uma inflação de preços de imunizantes. A estratégia coincide com o entorno do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.

Ontem, ele conversou com prefeitos ligados à Confederação Nacional dos Municípios (CNM). A centralização da compra foi tratada. Segundo pessoas próximas a Pazuello, foi esclarecido que a exclusão de empresas, prefeituras e governos estaduais da compra servirá para evitar um fosso social no país, com pessoas mais ricas sendo vacinas antes dos grupos prioritários. Da mesma forma, grandes cidades receberão doses da Pfizer e Janssen proporcionalmente às suas populações assim como os pequenos municípios, geralmente mais pobres.

PSDB fala em boicote

O PSDB viu na iniciativa uma forma de prejudicar o governador de São Paulo, João Doria, que se apresenta como adversário de Jair Bolsonaro (sem partido) nas eleições de 20221. "Tão grave quanto não vacinar é boicotar as vacinas de quem faz ou de quem quer fazer corretamente", disse o partido em nota na manhã de hoje.

Wellington Dias discorda dessa visão. "Na minha opinião, não, pois todas as vacinas, independente de quem comprou, vão para distribuição nacional pelo Plano Nacional de Imunização."

Ele disse que foi criado grupo de trabalho e acompanhamento com os governadores, o Ministério da Saúde, a Câmara e o Senado e o ministério das relações exteriores. A tarefa é "acompanhar e destravar, no Brasil ou no exterior, qualquer problema que possa atrasar o cronograma de entrega de vacina e vacinação no Brasil".