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Saúde anuncia que fechou contratos para comprar vacinas da Pfizer e Janssen

Thaís Augusto e Natália Lázaro

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

15/03/2021 17h06

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou hoje que as vacinas da Pfizer e Janssen estão "contratadas" pelo governo federal. A previsão da pasta era fechar um acordo com as fabricantes até o início desta semana. A informação foi dada em entrevista coletiva hoje.

Segundo cronograma divulgado por Pazuello, o Brasil receberá, até o final de 2021, 100 milhões de doses da Pfizer e 38 milhões da Janssen, este imunizante é aplicado em dose única.

Essas contratações foram finalizadas a partir da lei que foi sancionada na semana passada (...) Nós fizemos essas contratações completas com tudo o que foi solicitado em termos de cláusulas
Eduardo Pazuello, anunciando os contratos com Pfizer e Janssen

O anúncio ocorre em meio à pressão para que Pazuello deixe o posto. O próprio ministro admitiu que Bolsonaro estuda sua saída do cargo, mas que ficará até uma decisão. "O presidente sim está pensando na substituição, está pensando em nomes", disse Pazuello. Hoje, o presidente se reuniu com Ludhmila Hajjar, que recusou o convite, e com Marcelo Queiroga, de acordo com informações da Globo News.

As doses da Pfizer serão entregues em lotes mensais a partir de abril:

  • Abril: 1 milhão de doses
  • Maio: 2,5 milhões de doses
  • Junho: 10 milhões de doses
  • Julho: 10 milhões de doses
  • Agosto: 30 milhões de doses
  • Setembro: 46,5 milhões de doses
A Johnson & Johnson, fabricante da Janssen, entregará os lotes da vacina somente no segundo semestre:
  • Agosto: 16,9 milhões de doses
  • Novembro: 21,1 milhões de doses

Pazuello ainda admitiu que o cronograma pode sofrerá mudanças: "O cronograma previsto é para ser alterado. Quando a fabricante não entrega, quando a linha de produção para, quando acontece qualquer dificuldade na legalização das doses", afirmou ele.

Cronograma de entrega de vacinas contra a covid-19 apresentado pelo Ministério da Saúde - Divulgação/Ministério da Saúde - Divulgação/Ministério da Saúde
Cronograma de entrega de vacinas contra a covid-19 apresentado pelo Ministério da Saúde
Imagem: Divulgação/Ministério da Saúde

A vacina da Janssen ainda não tem autorização para uso emergencial no Brasil, mas recebeu, em 18 de janeiro, um certificado da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de selo de boas práticas na fabricação. Já a Pfizer recebeu aprovação da Anvisa para uso definitivo da vacina no Brasil.

Além da Janssen, as vacinas Covaxin e Sputnik V têm contratos fechados pelo ministério da Saúde, mas ambas não têm autorização da Anvisa. No momento, o Brasil vem vacinando a população com os imunizantes da CoronaVac e da AstraZeneca-Oxford.

Durante a coletiva, Pazuello também colocou a vacinação em massa como terceira etapa mais importante no combate ao vírus. Ele reforçou que é uma iniciativa "transversal", não estando em terceiro lugar por ser menos importante que as demais. Porém, para governadores e parlamentares, esta deve ser vista com prioridade ao governo federal e não em paralelo às outras medidas.

"Não tem país no mundo que tenha vencido o coronavírus apenas com aumento de leitos, nem países mais ricos. Se pegar o Canadá, Alemanha, todos precisaram de algum tipo de distanciamento, é ciência isso", disse o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), durante comissão da covid-19 no Senado, pela manhã. A fala foi defendida pelos outros governadores e parlamentares presentes na reunião.

Depois de ter mantido silêncio nos debates sobre a covid-19, Pazuello compareceu a coletiva de imprensa em um momento de queda no governo federal. No mesmo dia em que Jair Bolsonaro (sem partido) se reuniu com dois possíveis nomes a ocupar seu cargo, ele resolveu romper o ciclo e comentar sobre o as medidas da pasta para combater a pandemia. Nas últimas oportunidades de fala da pasta, quem compareceu aos debates foi o secretário-executivo, e não o ministro.

Pazuello afirmou que não pedirá para sair, mas admitiu que Bolsonaro está estudando a sua substituição no cargo. A cardiologista Ludhmila Hajjar reuniu-se com o presidente nesta manhã, mas recusou o convite e afirmou ter sido ameaça de morte por outras pessoas. Em seguida, Bolsonaro se reuniu com Marcelo Queiroga, de acordo com informações da Globo News.

Anvisa se reúne com laboratório CanSino

Enquanto o ministério anunciava os contratos, a Anvisa informou que se reuniu hoje com representantes da vacina CanSino Biologicals contra a covid-19. Segundo a Anvisa, os responsáveis pelo imunizante Ad5-nCoV têm interesse em trazer o produto ao Brasil.

"O objetivo foi realizar uma troca de informações e orientações com o laboratório sobre os requisitos técnicos para autorização de vacinas no Brasil", disse a agência, por nota, ao afirmar que tem se reunido com todos os laboratórios responsáveis por vacinas e medicamentos contra a covid-19.

Apesar da reunião, ainda não houve o pedido oficial para uso emergencial da vacina, tratando somente de "solicitação de informações" pela empresa, segundo a Anvisa.

Segundo a desenvolvedora, a vacina chinesa CanSino tem 65,7% de eficácia na imunização contra a doença.

Pazuello deve prestar esclarecimentos

Mais cedo, a Comissão Temporária da covid-19 no Senado Federal convocou o ministro Pazuello para dar esclarecimentos sobre a condução do governo federal quanto o avanço da pandemia. A audiência foi marcada para esta quinta-feira.

Entre os principais questionamentos, os senadores pedem explicações sobre o apoio logístico e financeiro para manutenção e ampliação de leitos de UTI, considerada como a segunda principal estratégia contra a covid-19, segundo o ministro.