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Médico denuncia festa com som alto ao lado de UPA com pacientes com covid

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

28/03/2021 10h38Atualizada em 28/03/2021 17h42

O médico Nelson Muzel usou o Instagram na noite de ontem para denunciar uma festa com som alto acontecendo ao lado da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Itaquera, na zona leste de São Paulo, que tem 73 pacientes internados com covid-19, entre estados grave e não grave.

O desabafo do médico, em vídeo, repercutiu nas redes sociais na manhã de hoje. "Olha só, a gente não consegue falar com os pacientes no quarto, porque o barulho é tão grande ali dentro que a gente não consegue se ouvir e nem ouvir o que o paciente está falando", afirmou.

Ele cobrou o prefeito Bruno Covas (PSDB) e o governador João Doria (PSDB), dizendo que ambos os gestores não têm feito "nada", apesar de pedidos de ajuda. "Prefeito Bruno Covas, governador João Doria, vêm aqui trabalhar no nosso lugar. Vem aqui, ó. Vê se dá para trabalhar desse jeito? Não tem condição", afirmou.

Isso é uma falta de respeito com a gente, que está aqui dando sangue para prover para esses pacientes qualidade de vida. A gente está trabalhando em situação insalubre. Isso é insustentável. Não tem a menor condição de dar qualidade de atendimento para esses pacientes. A gente já está num nível de saturação que não dá para aguentar.
Médico Nelson Muzel

Muzel disse, ainda, que ligou para a polícia "um milhão de vezes". "E eles colocam a gente pra poder esperar pra falar com o setor responsável. Isso é um absurdo. Isso é um absurdo. A gente sai da nossa casa, corre o risco de estar aqui, trabalhando numa situação inóspita, trabalhando numa situação insalubre, e a gente não tem a menor condição de trabalho aqui", afirmou.

O UOL enviou para as assessorias de imprensa da SSP (Secretaria da Segurança Pública), da PM (Polícia Militar), da prefeitura e do governo paulista o desabafo feito pelo médico.

Por meio de nota, a SSP e a Secretaria da Saúde afirmaram em nota conjunta que "repudiam qualquer ato que represente risco à saúde pública, como festas clandestinas, que além disso causam transtorno à população e aos pacientes, como no caso exposto".

A Polícia Militar informou que realiza a Operação Paz e Proteção para evitar a formação de pancadões, com o objetivo de coibir a formação de pancadões em todo o Estado.

"Desde o início do ano, essa ação resultou em 755 pessoas presas, mais de meia tonelada de drogas apreendidas, além de 1.385 veículos roubados ou furtados recuperados", afirmou.

Ainda em nota, o governo paulista afirmou ser "lamentável a falta de consciência e de senso de coletividade de todo e qualquer cidadão que promova ou compactue com este tipo de atividade".

"Todo local que infringe a legislação e desrespeita as normas sanitárias vigentes, bem como as regras de funcionamento estipuladas pelo Plano São Paulo, está sujeito à fiscalização, autuação e até interdição", acrescentou o governo.

Isso aqui é uma baixaria. Não tem a menor condição de se fazer alguma coisa aqui. A gente exige respeito, a gente exige resposta.
Amanhã, são esses caras aqui [que estão na festa] que a gente está atendendo aqui dentro [da UPA].

Médico Nelson Muzel