Mário Magalhães: Cobertura jornalística na pandemia tem 'impacto histórico'
A cobertura da imprensa na pandemia da covid-19 tem impacto histórico, declarou o crítico de conteúdo do UOL, Mário Magalhães. As declarações foram feitas hoje durante um debate conduzido pela apresentadora Fabíola Cidral, que contou com a participação das jornalistas Patrícia Campos Mello, da Folha de S. Paulo, e de Basilia Rodrigues, da CNN Brasil.
Eu acho importante hoje, aqui, enfatizar que a cobertura jornalística na pandemia tem um impacto histórico. Eu pergunto o seguinte, talvez nunca se tenha uma resposta, mas não tenho dúvida que a academia vai fazer essa estimativa: Quantas vidas o jornalismo salvou durante a pandemia no Brasil, oferecendo informação contra mentiras?
Mário Magalhães
O jornalista elogiou ainda a iniciativa dos consórcios de imprensa, formado por Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, O Globo, G1 e Extra, que buscam dar uma informação mais precisa sobre a pandemia no país, reunindo informações das secretarias estaduais sobre novos casos, mortes e vacinados diariamente.
Mário falou que o grupo é "um marco" na cobertura do combate à covid-19 no Brasil.
Eu sou contra a formação frequente de aliança de repórteres e editores de diferentes veículos para apurar e divulgar juntos, porque acho que a concorrência é saudável para que o público receba versões diferentes sobre os fatos, análises e opiniões. Mas, nesse caso, acho que é um consórcio de grande valor.
Mário Magalhães
Imprensa foi mais requisitada após pandemia
Basilia Rodrigues afirmou que, com a chegada da pandemia, a imprensa "pediu para entrar na casa das pessoas e foi recebida", em uma analogia ao fato de que a covid-19, em contraponto, "invadiu as casas", sem a possibilidade de escolha.
As pessoas se viram numa situação de total desconforto, com um invasor entrando, mexendo, acabando com muitos de seus planos, suas rotinas, seus afazeres, então elas pararam e pensaram: como eu vou me salvar disso? Como vou encontrar informação, ou o mínimo de conhecimento, para poder me alimentar dessas armas contra o coronavírus? E a imprensa foi esse canal, a imprensa fez esse papel.
Basilia Rodrigues
A jornalista, que atua como analista política na CNN, também declarou ser cansativo "falar de histórias tristes" na cobertura de notícias sobre a pandemia, mas que a função da imprensa é "levar informação" e "verdade". Balilia lembrou, ainda, que a gestão da pandemia pelo governo Bolsonaro conflitua com a ciência e faz com que o Brasil se destaque "pelo trágico".
A falta de casamento justamente entre essa gestão e a ciência é que tem evidenciado um avanço da doença no Brasil. Algumas pessoas dizem, mas que mau caratismo, a pandemia existe no mundo todo. Mas por que no Brasil a compra das vacinas ficou para 2021? Por que no Brasil mais de 400 mil pessoas já morreram, sendo que é um dos países onde o coronavírus mais mata?
Basilia Rodrigues
Exercício de autocrítica é importante para imprensa
Patrícia Campos Mello afirmou que a imprensa tem que fazer o exercício de autocrítica de que, às vezes, não considera o ponto de vista de uma parcela da população mais vulnerável, assim como a de que tem valores "mais conservadores".
Acho que essa crítica é válida, é uma coisa que a gente tem que se policiar e tentar melhorar. Seja uma cobertura de pessoas que se opõem ao direito ao aborto, seja uma cobertura do seguimento evangélico conservador, tudo isso faz parte da sociedade brasileira e tem que ter espaço na imprensa. Agora, isso é uma coisa, outra coisa são investigações factuais
Patricia Campos Mello
Confira o perfil dos jornalistas que participaram do UOL Debate
- Patricia Campos Mello: Repórter especial e colunista da Folha de S.Paulo. Vencedora do Prêmio Internacional de Liberdade de Imprensa e do Premio Rei da Espanha. Formada em jornalismo pela USP (Universidade de São Paulo), tem mestrado pela NYU (Universidade de Nova York). Foi correspondente em Washington de 2006 a 2010. É autora do livro "A máquina do ódio: Notas de uma repórter sobre fake news e violência digital";
- Mário Magalhães: Crítico de conteúdo do UOL, formou-se em jornalismo na Escola de Comunicação da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Trabalhou nos jornais Tribuna da Imprensa, O Globo, O Estado de S. Paulo e Folha de S.Paulo, no qual atuou como repórter especial, colunista e ombudsman. Recebeu cerca de vinte prêmios e menções honrosas no Brasil e no exterior, entre elas Every Human Has Rights Media Awards, prêmio Vladimir Herzog, Dom Hélder Câmara e Esso de Jornalismo. É autor de "Marighella - o Guerrilheiro Que Incendiou o Mundo"
- Basilia Rodrigues: Jornalista desde os 19 anos, trabalhou na rádio CBN entre janeiro de 2008 e fevereiro de 2020. Venceu o prêmio Troféu Mulher Imprensa em 2018 e 2020, na categoria repórter de rádio, atuando na cobertura de política e judiciário. Já foi indicada duas vezes ao Prêmio Comunique-se. Atualmente, é analista de política na CNN Brasil.
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