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Chefe do Ministério da Saúde no RJ é exonerado em meio a investigações

Fachada do Ministério da Saúde na Esplanada dos Ministérios; mudança na superintendência do Rio de Janeiro - Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Fachada do Ministério da Saúde na Esplanada dos Ministérios; mudança na superintendência do Rio de Janeiro Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Do UOL, em São Paulo

26/05/2021 09h37Atualizada em 26/05/2021 13h31

O superintendente do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro, George da Silva Divério, foi exonerado em meio a investigações sobre contratos sem licitação no estado. A exoneração consta no DOU (Diário Oficial da União) de hoje e é assinada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos.

O Ministério da Saúde não informou o motivo da saída de George Divério, que é coronel da reserva e foi nomeado pelo ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Cláudio Almeida da Costa assumiu interinamente o cargo.

Na semana passada, o TCU (Tribunal de Contas da União) decidiu abrir um processo para investigar se houve irregularidades em dois contratos para realização de reformas em prédios e galpões da Superintendência do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro.

A decisão ocorreu após a TV Globo apontar que estes dois contratos somavam quase R$ 30 milhões e foram autorizados, sem licitação, por George Divério. A maior parte (R$ 19,9 milhões) supostamente dizia respeito à reforma do prédio da Superintendência, no centro do Rio. O restante (R$ 8,9 milhões) seria investido na reforma de galpões usados como depósitos de papéis.

Em representação inicial enviada ao TCU, o subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado defendeu que a denúncia evidencia "afronta à legislação" aplicável às contratações públicas realizadas durante a pandemia.

"É evidente que as obras (...) não se enquadram nas hipóteses permissivas de dispensa de licitação", disse Furtado. "Referidas obras somente poderiam ser contratadas diretamente, por dispensa de licitação, se o uso dos imóveis a serem reformados estivesse diretamente relacionado às atividades de enfrentamento da situação de emergência de saúde pública decorrente da pandemia de covid-19."

Os argumentos da pasta para justificar a "urgência" dessas reformas em meio à pandemia também chamaram a atenção. Os dois contratos têm trechos idênticos, que utilizam uma linguagem pouco comum e até lembram o hino nacional, como "saiamos do berço esplêndido para erguermos juntos a clava forte e darmos aos nossos administrados um local adequado para bem servir".

As contratações acabaram sendo anuladas pela AGU (Advocacia-Geral da União). Mas, na mesma época, foi adiante um terceiro contrato sem licitação, este de R$ 1,7 milhão, para contratação de "mão de obra de apoio" fornecida pela Vinil Engenharia. De acordo com a Globo, o documento só chegou à AGU no dia em que foi assinado, na véspera de sua entrada em vigor, em 1º de dezembro de 2020.

Na ocasião, a pasta alegou ter "extrema urgência" na contratação desses funcionários para viabilizar a volta ao trabalho presencial, depois de sete meses sem atendimento ao público. Dois dias antes de assinar este contrato, porém, George Divério estava "turistando" em Natal (RN), como mostrou uma foto compartilhada por ele em uma rede social e também divulgada pelo telejornal.

Na ocasião da publicação da reportagem da TV Globo, na semana passada, a Superintendência do Ministério da Saúde no Rio informou que George Divério cumpriu a agenda normalmente no fim de novembro, quando a foto foi publicada, e disse que os processos estão na Corregedoria-Geral do Ministério da Saúde.

Já o Ministério da Saúde declarou que, se irregularidades forem comprovadas, serão encaminhadas aos órgãos competentes, onde serão adotadas as devidas sanções.