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PE registra primeiro caso de fungo negro em paciente que teve covid-19

Hospital Universitário Oswaldo Cruz, no Recife, onde está internada a paciente com fungo negro - Divulgação
Hospital Universitário Oswaldo Cruz, no Recife, onde está internada a paciente com fungo negro Imagem: Divulgação

Ed Rodrigues

Colaboração para o UOL, no Recife

06/06/2021 20h40Atualizada em 08/06/2021 12h17

Uma paciente de 59 anos que teve covid-19 apresentou infecção por mucormicose, conhecido popularmente como fungo negro, em Pernambuco. É o primeiro registro da doença confirmado pela SES-PE (Secretaria Estadual de Saúde) no estado. A mulher, que é natural do agreste pernambucano, está internada no Huoc (Hospital Universitário Oswaldo Cruz), no Recife.

A paciente foi transferida do município de Casinhas para a capital. Segundo a SES, a mulher testou positivo para o novo coronavírus em março e, em seguida, desenvolveu uma pneumonia bacteriana.

A pasta estadual informou que já notificou o Ministério da Saúde sobre o caso e que investiga uma possível associação com o novo coronavírus.

Ainda segundo a Secretaria de Saúde, a paciente —que é diabética, hipertensa, asmática e obesa—, está internada no Recife deste a última sexta-feira (4). Ela já está curada da covid-19, mas segue em observação.

O infectologista do Huoc Thiago Ferraz explicou que a infecção por mucormicose foi confirmada por um exame histopatológico.

"Essa paciente apresenta fatores de risco clássicos para infecção por esse fungo. É possível que haja associação com a covid-19, mas isso ainda está sendo estudado. A infecção surgiu um mês depois de ela sentir os sintomas da doença. Ela já estava curada, inclusive", comentou.

"Ela passou por cirurgia para a retirada de parte desse fungo. Mas será submetida a outras investigações, pois ainda tem alguns sintomas característicos da presença desse fungo no nariz e nos seios da face", continuou o infectologista.

Já o chefe do setor de doenças infectocontagiosas do Huoc, Demetrius Montenegro, esclareceu que o "fungo negro" ocorre em pessoas com baixa imunidade.

Ele destacou que a diabetes é uma comorbidade de risco também nesse tipo de infecção por fungos. "Apesar da gravidade, a doença não passa de uma pessoa para outra, e o diagnóstico precoce é o mais importante para evitar a necrose dos tecidos infectados pelo fungo", disse.

Montenegro contou que Brasil notificou 29 casos de mucormicose em 2021. Desse número, ao menos quatro estão sendo investigados por uma possível associação ao novo coronavírus.

Fungo negro

A Secretaria de Saúde de Pernambuco explicou que "mucormicose é uma doença conhecida há mais de um século, causada por fungos da ordem Mucorales, que têm dezenas de espécies e que existem por toda parte."

O fungo geralmente acomete pacientes com o sistema imunológico debilitado, podendo atingir nariz e outras mucosas.

"Os sintomas variam de acordo com a localização da infecção. Nos pulmões, pode haver tosse, expectoração e falta de ar. Na face e nos olhos, pode ocorrer vermelhidão intensa e inchaço", ressaltou a secretaria, em nota.

"A causa dessa enfermidade é a inalação dos esporos dessas espécies de fungo, que estão normalmente presentes no ambiente, com destaque para locais com matéria orgânica em decomposição no solo, plantas, excrementos de animais e outras", conclui a nota.