Norte: Parintins faz festival online com R$ 3 mi; Círio está indefinido
As arquibancadas do tradicional Festival Folclórico de Parintins ficaram vazias pelo segundo ano consecutivo. O evento costuma atrair cerca de 70 mil turistas, que vão até a cidade, a 370 km de Manaus, para conferir a disputa entre os bumbás Caprichoso e Garantido.
Por causa da pandemia de coronavírus, o festival foi cancelado no ano passado. Em 2021, o governo do Amazonas investiu cerca de R$ 3 milhões em um evento online, em 26 de junho, com menos artistas e sem público presente. O objetivo, de acordo com a gestão estadual, era aquecer a economia e ajudar os artistas que ficaram sem trabalho.
Outro evento tradicional no Norte do país, o Círio de Nazaré é realizado em outubro, no Pará, mas ainda não há definição sobre como as homenagens à Nossa Senhora de Nazaré serão realizadas neste ano (leia mais abaixo).
O sistema de saúde do Amazonas entrou em colapso duas vezes durante a pandemia. O estado registrou, até sexta (30), 13.523 mortes por causa da covid-19 e mais de 415 mil casos, segundo o consórcio de imprensa do qual o UOL faz parte.
De acordo com o governo, a taxa de letalidade em Parintins (3,54) é maior que a média do estado (3,25). O município tem, desde o ano passado, um toque de recolher das 22h às 5h. A live realizada há um mês começou às 23h. O governo diz que o policiamento foi reforçado para impedir aglomerações no entorno do bumbódromo, local onde ocorre a apresentação dos bumbás. Na arena, os organizadores garantem que só entrou quem foi trabalhar.
O estado afirma ainda que policiais e outros funcionários públicos deslocados para atuar no evento foram testados e o uso de máscaras era obrigatório, além de aferição de temperatura e uso de álcool gel.
Com testes e sem festejos nas ruas
De acordo com prefeito de Parintins, Bi Garcia (DEM), cerca de 1.050 pessoas que se deslocaram para a cidade naquele fim de semana e foram testadas na chegada. Apenas uma teve resultado positivo para covid e foi isolada. "Nem durante e nem depois do evento tivemos aumento de casos. Conseguimos controlar e hoje estamos recebendo pacientes de outros municípios", disse o prefeito ao UOL.
Bi Garcia afirmou que grupos familiares e de amigos se reuniram em casas e chácaras para acompanhar a live e que não houve festejos em espaços públicos, nem excessos ou pessoas nas ruas. "O povo parintinense é um povo alegre", disse.
Durante a live, foi possível constatar que na apresentação dos bumbás o distanciamento não foi uma regra respeitada, mas a maioria dos brincantes usava máscaras. Os artistas principais dos bumbás não usaram máscaras. A arena é um ambiente aberto.
O presidente do bumbá Caprichoso, Jender Lobato, disse que, durante o festival, a associação folclórica costuma colocar cerca de 2 mil pessoas por dia na arena para apresentação. Este ano, foram 300 artistas. "Só a Marujada de Guerra [equivalente à bateria das escolas de samba] tem 450 integrantes e fomos para arena apenas com 30 marujeiros."
Lobato destaca que o dinheiro enviado pelo governo fez com que artistas trabalhassem por um curto período de tempo e recebessem por este serviço. Ele disse que outros associados, cujo trabalho não foi necessário, também foram ajudados. "Parintins não tem indústria, tem sua arte que movimenta a economia."
A associação folclórica tem arrecadado cestas básicas para doar a artistas, dançarinos e outras pessoas que trabalhavam nos galpões preparando o festival e que hoje estão desempregadas.
A Prefeitura de Parintins calcula que a falta dos eventos culturais, a suspensão dos cruzeiros que passavam pela cidade e principalmente do festival folclórico de junho deixaram a cidade sem receber cerca de R$ 160 milhões nos dois anos. A gestão municipal planeja, com o avanço da vacinação, testar eventos menores ainda este ano.
Para transmitir o Projeto Parintins 2021, foi contratada a Empresa de Radiodifusão Amazonia Ltda, por R$ 622.780,54. De acordo com o Diário Oficial do Estado de 17 de junho, o governo declarou "inexigível" a licitação para a transmissão por "inviabilidade e competição".
Círio de Nazaré
A Diretoria da Festa de Nazaré, que organiza o Círio, em Belém, informa que o arcebispo metropolitano da capital paraense, Dom Alberto Taveira Corrêa, deve fazer o anúncio oficial sobre a próxima edição do evento em 8 de agosto. O martelo será batido em conjunto com os órgãos de saúde e segurança do Estado do Pará.
No ano passado, houve missas fechadas ao público e transmitidas pela TV e internet. A imagem de Nossa Senhora de Nazaré foi levada em um voo sobre Belém, de helicóptero.
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