TV: Prevent Senior orientou uso de remédio para câncer a pacientes de covid
Áudios e planilhas obtidos pelo "Jornal Nacional" da TV Globo, mostram que a Prevent Senior orientou a prescrição de medicamentos para artrite reumatoide e câncer de próstata a pacientes de covid-19, mesmo sem indicação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) ou estudos científicos que embasassem essa decisão. O MPSP (Ministério Público de São Paulo) e a CPI da Covid investigam o caso.
Em um dos áudios aos quais a reportagem teve acesso, atribuído ao diretor da Prevent Senior, Rodrigo Esper, é possível ouvir: "Bloqueio androgênio com Flutamida e Enbrel para os pacientes [de covid-19] que vão ser transferidos, tá?". A gravação foi reproduzida na edição de hoje do telejornal.
A Flutamida, segundo bula consultada pelo JN, é indicada "para o tratamento do câncer avançado de próstata". Já o Enbrel — nome comercial do Etarnecepte — deve ser usado "para tratamento de doenças inflamatórias, como artrite reumatoide, não sendo indicado para o tratamento da covid-19", explicou a Pfizer, que produz o medicamento no Brasil.
O "Jornal Nacional" conversou com uma médica que trabalhava na operadora e que diz ter sido demitida por não concordar em prescrever esses tratamentos a pacientes de covid-19.
"Esses pacientes não sabiam que isso estava sendo um estudo feito. Não sabiam que era um estudo, que eles estavam sendo cobaias", disse ela, que preferiu não se identificar.
A reportagem também falou com Luiz Cézar Oliveira Pereira, filho de Sueli, que foi paciente da Prevent Senior e morreu em 3 de agosto, vítima da covid-19. Segundo Luiz, a mãe foi tratada com Flutamida.
"Vi [na internet] que ele [Flutamida] estava sendo usado para câncer de próstata. Naquele momento, se eles me falassem o nome de qualquer outra medicação... Eu estava torcendo para que minha mãe saísse daquela situação. Eu assinaria, eu assinei, acreditando na melhora dela", contou à reportagem.
Prevent Senior se defende
Ao JN, a Prevent Senior declarou que respeita a autonomia dos médicos na prescrição de tratamentos e remédios e que cada médico é livre para avaliar a melhor terapêutica em cada caso.
A operadora também afirmou que nem ela, nem o médico Rodrigo Esper tiveram acesso ao áudio citado pela reportagem e que pediu à PGR (Procuradoria-Geral da República) para que investigue as denúncias, as quais chamou de "infundadas".
A empresa ainda informou que tomará todas as medidas judiciais cabíveis sobre o caso.
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