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Anvisa pede proteção policial e vê 'ameaças ao estado brasileiro'

Antonio Barra Torres diz que Anvisa recebeu três ameaças - Jefferson Rudy/Agência Senado
Antonio Barra Torres diz que Anvisa recebeu três ameaças Imagem: Jefferson Rudy/Agência Senado

Do UOL, em São Paulo

05/11/2021 11h51

O diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antonio Barra Torres, disse hoje que solicitou proteção policial a diretores e outros funcionários após o órgão receber três ameaças relacionadas a uma eventual aprovação de vacinas contra a covid-19 para crianças.

Em entrevista à GloboNews, Torres mostrou preocupação com a situação e disse que espera que a investigação aponte os responsáveis e a motivação das ameaças. Hoje, o jornal O Globo publicou que a Superintendência Regional da Polícia Federal do DF abriu inquérito para apurar o caso.

"São 3 ameaças, segunda e terceira da mesma fonte. São ameaças ao estado brasileiro, a Anvisa é órgão de estado. É poder de polícia do Estado para assuntos ligados à vigilância sanitária", disse Torres.

"A quem interessa o enfraquecimento da Anvisa? As pessoas que estão apurando precisam ter isso no radar. Outras situações podem estar no pano de fundo do que está acontecendo?", completou.

Para Torres, é preciso esclarecer se as motivações para as ameaças se resumem ao movimento antivacina. Ele lembrou que a Anvisa já foi alvo de outras ameaças ao longo da pandemia do novo coronavírus.

"Temos um histórico de pressões desnecessárias que sofremos até este momento e agora vem mais essa, no nível pessoal e no profissional. É razoável? Não é. As autoridades precisam agir de maneira exemplar. Temos aquilo que é óbvio [movimento antivacina], mas precisa ver se tem algo além, se tem outra motivação", disse.

O diretor da Anvisa não citou suspeitas. "As possibilidades são inúmeras, obviamente são fontes criminosas ligadas ao pensamento antivacina", disse.

Ontem, a Anvisa que recebeu um e-mail com ameaças a servidores, diretores, funcionários terceirizados e seus familiares, caso vacinas contra a covid-19 para crianças sejam aprovadas pela entidade. Segundo a agência, a ameaça ocorreu cerca de 24 horas depois de outro texto semelhante ter sido recebido.

Na semana passada, diretores da agência já tinham sido ameaçados por e-mail. As mensagens continham ameaças de morte e outros tipos de violência.

Além da Polícia Federal, Anvisa informou ontem ter comunicado as ameaças a todas as autoridades federais: Presidências da República, do Senado, da Câmara e do STF (Supremo Tribunal Federal); PGR (Procuradoria-Geral da República); Ministérios da Justiça e da Saúde; Casa Civil; e Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal.

Vacinação em crianças

Ainda não constam pedidos na Anvisa para que libere a aplicação de doses da vacina contra a covid-19 em crianças. Por enquanto, apenas adolescentes entre 12 e 17 anos podem ser vacinados, e somente com o imunizante da Pfizer. Maiores de idade podem receber qualquer uma das vacinas já em uso no Brasil (Pfizer, AstraZeneca, CoronaVac e Janssen). Na última quarta-feira (27), a Pfizer informou que vai pedir autorização da Anvisa para aplicar sua vacina contra a covid-19 em crianças de 5 a 11 anos no Brasil.

A submissão do pedido, disse a farmacêutica, "deve ocorrer ao longo do mês de novembro de 2021".

Hoje, os Estados Unidos começaram a vacinar crianças dessa mesma faixa etária anos com o imunizante da farmacêutica.

Além dos EUA, outros países iniciaram a vacinação de crianças pequenas contra a covid-19, entre eles Cuba, Camboja, Israel, China e Emirados Árabes Unidos. Em alguns deles, a imunização é oferecida de forma ampla; em outros, como Israel, a vacina é direcionada a crianças com saúde frágil.