Brasil já vive quarta onda da Covid, diz Ludhmila Hajjar
O aumento de casos conhecidos de Covid-19 nas últimas semanas aponta a um cenário da quarta onda da doença no Brasil, avaliou a médica cardiologista Ludhmila Hajjar em entrevista à GloboNews hoje.
O país está há 10 dias em tendência de aceleração dos registros de testes positivos para a doença, segundo o monitoramento do consórcio de veículos de imprensa, do qual o UOL faz parte. A média móvel de casos conhecidos ficou em 29.342 no domingo.
Para Hajjar, neste momento seria necessário retomar os cuidados já conhecidos contra a contaminação pelo coronavírus — especialmente o uso das máscaras, que deixou de ter uso obrigatório em diversos estados após o arrefecimento da pandemia no primeiro trimestre.
"A máscara é um item bastante simples, de fácil aquisição, e a principal barreira física para a contaminação. A gente está falando de uma estação de mais frio, as pessoas ficam mais unidas", observou.
"Deveríamos sim obrigar população a mais uma vez utilizar as máscaras. Acho fundamental", disse a médica ao comentar medidas recentes de retomada do uso obrigatório das máscaras, especialmente em locais fechados.
Hajjar afirmou ainda que o principal desafio no momento é fazer com que a população esteja com o calendário vacinal atualizado, já que é comum que haja uma diminuição na proteção após quatro ou cinco meses da última dose.
A médica destaca que o alerta é válido tanto para crianças, último grupo etário a ter a aplicação da vacina autorizada, como para adultos: na última semana, o Ministério da Saúde já autorizou a aplicação da segunda dose de reforço (ou quarta dose) a pessoas com mais de 50 anos.
A imunização, observa Hajjar, é a grande responsável pelo não aumento no número de mortes ocasionados pela doença. "A doença é mais leve? Sem dúvida. A população aprende a conviver com o vírus, há muitas pessoas vacinadas. O vírus passa a ter variantes mais leves, então não temos registrado, felizmente, um número importante no aumento de internações e mortes. Mas não é o caso da transmissão. Ela está aí", avaliou.
No momento, todas as regiões do país seguem a tendência nacional de alta na média móvel de casos: Centro-Oeste (192%), Nordeste (126%), Norte (24%), Sudeste (130%) e Sul (59%). O Distrito Federal e 23 estados acompanham o cenário nacional de alta no índice de casos da doença — outros dois (Acre e Pará) apresentam queda e um (Sergipe) tem estabilidade.
Mesmo com esses indicativos, a cardiologista ponderou que não é possível saber, de fato, qual o alcance desta nova onda da doença. "Não temos os dados, estamos vivendo um apagão de como está isso no Brasil. É possível que situação esteja pior do que os números mostram", declarou Hajjar.
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