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O medo de sentar na privada faz sentido? Veja quais doenças ela transmite

Reprodução/Gshow
Imagem: Reprodução/Gshow

Donald G. Mcneil Jr

17/06/2015 06h00

As pessoas têm medo de pegar doenças em assentos de vasos sanitários. Uma pesquisa britânica de 1991 envolvendo 528 mulheres de uma clínica de ginecologia e obstetrícia descobriu que 85% afirmaram que urinam agachadas sobre o assento e 12% o forram com papel antes de se sentar. Apenas 2% afirmaram se sentar encostando realmente no assento.

Quais doenças você pode mesmo contrair?

Teoricamente, muitas doenças. Em termos realísticos, os assentos de vaso sanitário apresentam poucos riscos em comparação com diversas outras superfícies.

O primeiro temor que se deve eliminar é o de doenças sexualmente transmissíveis. Não há evidências médicas de pessoas que tenham contraído doenças venéreas em assentos de vaso sanitário.

Todavia, esse mito persiste por gerações por uma razão: quem apresenta sintomas de sífilis, gonorreia, pediculose pubiana (chato) ou outro problema, prefere dizer a seu parceiro enraivecido que não sabe do que se trata e que provavelmente contraiu a doença em um assento de vaso sanitário – em vez de contar a verdade.

As pessoas quase sempre contraem essas doenças da maneira tradicional, ou seja, de outras pessoas. A transmissão da maioria delas ocorre quando uma quantidade suficiente do micro-organismo é depositada dentro vagina ou do ânus, canais forrados de células hospedeiras. O chato consegue sobreviver em toalhas e roupas, mas tem dificuldade de se manter em superfícies frias e duras. Ele precisa de calor humano e suas patas, que se parecem com garras, não se prendem às superfícies lisas de plástico, madeira e porcelana.

Por outro lado, superfícies duras podem abrigar bactérias e vírus – às vezes, durante dias.

Estudos encontraram cepas perigosas em assentos de vaso sanitário – alguns deles de hospitais – incluindo estafilococos resistentes a antibióticos (uma das diversas bactérias causadoras de fasciíte necrosante), norovírus (vírus geralmente transmitido em cruzeiros), E.coli, shigella e estreptococos. Teoricamente, até o ebola pode ser contraído em vasos sanitários.

Esses micróbios são expelidos pelas fezes e pelo vômito. A maior parte das pessoas escolhe outro boxe do banheiro quando se depara com essas secreções.

O que causa preocupação é a força da descarga dos banheiros modernos, sem caixa de descarga, que podem vir a gerar gotículas quase invisíveis que flutuam por mais de um metro.

Os lenços antissépticos – adquiridos em pacotes de bolso – demonstraram reduzir em 50 vezes os germes dos assentos de vaso sanitários.

Mesmo assim, o perigo de transmissão é mínimo, a menos que o germe chegue até um corte aberto, ou seja, levado até a boca, o nariz ou os olhos através das mãos.

A pele sem danos é uma barreira eficiente contra os germes e a pele das nádegas e das pernas é relativamente espessa. Além disso, a probabilidade de essa pele apresentar rachaduras é menor, pois em geral fica protegida da luz do sol, da ação de detergentes e de ferramentas e outras agressões.

A melhor maneira de se proteger é lavando as mãos cuidadosamente com água e sabão. Estudos de culturas mostraram que muitas superfícies de banheiros – o botão de descarga, trinco da porta, manivela da torneira e do dispensador de papel toalha, etc – são tão sujas ou mais sujas que os assentos.

Pessoas muito zelosas talvez levem consigo um lenço antisséptico ou pressionem o dispensador de papel toalha com o cotovelo – ou alguma parte da mão que possa ser levada aos olhos e ao nariz – e depois usem papel toalha para tocar as outras superfícies, incluindo a maçaneta da porta ao sair.

Todavia, muitas outras áreas, afastadas dos banheiros, estão povoadas por micróbios. As áreas que geralmente contém esses agentes são esponjas de cozinha, equipamentos de parque infantil, colchonetes de academia e teclados de computadores compartilhados.