UOL Tablóide Critica: "Sandman - O Mestre dos Sonhos", o filme, tem tudo a ver com 1º de abril

"Sandman" é um sucesso no mundos dos quadrinhos. Criada pelo escritor britânico Neil Gaiman, "Sandman" é uma história em quadrinhos lançada originalmente em 75 números nos Estados Unidos. Publicada de 1989 a 1996 pela editora DC Comics, a série amealhou muitos fãs. E gerou muitos produtos derivados, como outras HQs, livros de contos, bonecos, camisetas... E um filme. Um filme?

Sim... A maioria dos fãs do personagem não conhece, mas "Sandman" foi lançado em 1993, com direção de Eric Woster, que atua como personagem principal e é um dos responsáveis pelo roteiro. Pode ser só uma coincidência de nomes - afinal, Sandman é um personagem da cultura anglo-saxônica, relacionado aos sonhos. (Quando as pessoas estão com sono, esfregam os olhos como se houvesse areia neles - daí o nome do personagem, "Sandman", "homem-areia" em inglês, sacou?)

A edição brasileira do vídeo crava (à esq.): "Sandman - O Mestre dos Sonhos"; "Das páginas dos quadrinhos finalmente em vídeo!"; "O roteirista Neil Gaiman transformou Sandman no personagem mais aclamado da atualidade no Brasil, Inglaterra e EUA - Folha de São Paulo". A mesma capa dá uma dica sobre o filme. Sobre uma faixa vermelho-sangue, há um aviso: "No último dia de filmagens, ERIC WOOSTER, diretor e ator deste filme, foi encontrado morto na casa em que 'SANDMAN' foi realizado. Sua morte permanece um mistério."

Que raio de filme usa um acontecimento como este para se promover, pergunta você?

Filme muito ruim, respondo eu.

"Sandman" (o filme, não a HQ) não faz sentido. Nem o nome faz sentido. A história mostra uma família que se muda para uma casa amaldiçoada, construída sobre um cemitério antigo. Peraí, esse não é o enredo de "Poltergeist - O Fenômeno", lançado 11 anos antes, em 1982?

Fenômeno mesmo é este filme ter sido lançado sem tomar uma tonelada de processos da DC Comics.



Sandman, o personagem, não aparece. Nem o da HQ de Neil Gaiman, nem nenhum outro.

Os coadjuvantes da série criada por Gaiman também não aparecem: Lucien, Morte, Caim, Abel, Desejo, Destruição, Delírio... Ninguém. Eu fui engando. Se você alugou ou comprou este filme, lamento: te enganaram também. E não era 1º de abril!

Fazer um filme chamado "Sandman", divulgá-lo como se tivesse algo a ver com a HQ de Neil Gaiman e exibir uma chocarrice como esta é mais do que só mentir.

É te convidarem para almoçar em um rodízio de carnes, mas te levarem para um lugar que só serve gelatina de pétalas de rosa. Diet.

É te oferecerem um computador com tudo em cima (monitor de última geração, processador sensacional, todos os programas instalados, câmera, microfone, controles especiais para jogos como "Guitar Hero" etc.), mas te entregarem um ábaco. Com as peças faltando.

É te convidarem para assistir, ao vivo, a um jogo da Copa do Mundo, mas te obrigarem a ver um documentário de três horas sobre a reprodução das abelhas, falado em pa'anga e com legendas em tuvaluano.

É te prometerem um passeio de uma semana em uma nave na órbita da Terra, tal qual um astronauta, mas te entregarem um passeio de sete horas pedalinho em São Paulo, a qualquer hora do dia, tendo que se virar no meio do trânsito surrealmente lotado da cidade. Como pedalinho não funciona no asfalto, você teria que ir empurrando o pedalinho, é claro, enquanto tenta sobreviver aos sempre estressados (com razão) motoristas paulistanos.

É te convidarem para um jantar romântico à luz de velas em Paris com a Angelina Jolie (ou Brad Pitt, Vanusa Sppindler, George Clooney, Jennifer Connelly... escolha o bonitão ou a bonitona de sua preferência), mas te entregarem um cheese-banana sem queijo com a "Pinga do Caranguejo" no Boteco do Almeida. Acompanhado, para piorar, apenas pelo Editor do UOL Tablóide.

Ou seja: não dá.

Comentário Tabloidal (a avaliação do Editor do UOL Tablóide): entre assistir a este filme ou ganhar uma obturação sem anestesia, pense bem antes de escolher.

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