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Inri Cristo chama papa Francisco de "turista argentino"

Inri Cristo é carregado por seguidores pelas ruas de Brasília, onde fica a sede de sua igreja, durante protesto - Sérgio Lima/Folhapress
Inri Cristo é carregado por seguidores pelas ruas de Brasília, onde fica a sede de sua igreja, durante protesto Imagem: Sérgio Lima/Folhapress

Rodrigo Bertolotto

Do UOL, em São Paulo

19/07/2013 11h45

Autoproclamada “reencarnação de Jesus” há 30 anos, Inri Cristo não tem uma opinião muito favorável  do Santo Padre em sua vinda ao Brasil. Na entrevista abaixo, para o UOL Tabloide, ele classifica o papa Francisco como “turista argentino”.

Célebre por participar de programas de auditório com vestes bíblicas, com direito a coroa de espinhos feita de pelúcia, Inri Cristo fundou a igreja Soust (Suprema Ordem Universal da Santíssima Trindade) em 1982, e mudou sua sede de Curitiba (PR) para Brasília em 2006, acreditando que a capital brasileira é a Nova Jerusalém. Leia abaixo a entrevista com o filho do Homem.

UOL - O que acha da visita do papa ao Brasil?

Inri Cristo -  Ele e qualquer outro argentino que vier fazer turismo no Brasil, seja muito bem-vindo. Daí ao erário público bancar as despesas da vinda dele, já é outra coisa. Agora que se fala tanto em precariedade da saúde, segurança, educação... é uma oportuna ocasião de o povo brasileiro refletir se vale a pena gastar a exorbitante soma de R$ 118 milhões para receber um artista argentino. Se o Dalai Lama, nas vezes em que visitou o Brasil, veio patrocinado por instituições budistas, por que o líder argentino tem de ser diferente? Afinal, o Brasil é ou não um estado laico?

UOL - Qual é a sua relação com o Vaticano e a igreja católica?

Inri Cristo - Desde 28 de fevereiro de  1982, quando pratiquei o ato libertário na catedral de Belém do Pará que culminou com a instituição do Reino de Deus sobre a Terra, formalizado pela Soust, não tenho mais qualquer relação com a Madona do Apocalipse. Naquela ocasião rompi os meus derradeiros vínculos com Roma.

Inri Cristo encara o Vaticano

  • Divulgação

    Em visita em 1983, o autoproclamado Messias amaldiçou a basílica São Pedro

UOL - Já pleiteou junto ao Vaticano para ser reconhecido como reencarnação de Cristo? Qual foi a resposta?

Inri Cristo - Em setembro de 1983 estive pessoalmente no Vaticano ratificando o desligamento com aquela que um dia fora minha igreja nascida das palavras ditas a Pedro: “Pedro, tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja”. Lá meu Pai determinou que eu proferisse uma sentença de extinção no interior da Basílica de São Pedro: “Seque, árvore enferma, seque! Seque para que a boa árvore que eu plantei viceje e me dê, e aos meus filhos, os frutos que tu me negas”.

Não careço ser reconhecido pelos herdeiros da Inquisição, até porque eles estão comprometidos com o império enfermo erigido durante minha ausência na Terra. Eu é que não reconheço nenhum papa, padre, etc  uma vez que sou coerente com o que disse há dois mil anos: “A ninguém chameis Pai sobre a terra, porque um só é o vosso Pai, o que está nos céus” (Mateus c.23 v.9), e papa, além de que em espanhol é sinônimo de batata, outrossim quer dizer pai.

UOL - O senhor já foi católico? Qual é a sua formação religiosa antes de se tornar Inri Cristo?

Inri Cristo - Eu sou judeu circuncidado pela Divina Providência... Fui criado por uma família católica a fim de conhecer o espúrio ritual (batismo, catequese, primeira comunhão etc) até para formar o juízo e, investido de conhecimento empírico, responder a contento esta pergunta. Na adolescência tornei-me ateu em relação a esse “deusinho” das religiões até o jejum em 1979, quando meu Pai, Senhor e Deus, Supremo Criador, único Ser incriado, único Eterno, único Ser digno de adoração e veneração, onisciente, onipotente, onipresente, único Senhor do Universo, se revelou e revelou minha identidade, ou seja, que sou o mesmo Cristo de outrora.

UOL - O que achou da mudança de papa após a renúncia de Bento 16?

Inri Cristo - Foi uma mudança interessante, posto que enfim mostrou-se perante o cenário mundial o equívoco, o embuste da infalibilidade papal. O “monarca” desceu do pedestal face ao momento de crise e aos problemas físicos, que são naturais, afinal trata-se de um ser humano; foi levado à reflexão sobre as irregularidades no vulnerável meio onde vive.

Inri Cristo quebra crucifixo

  • Divulgação

    O filho do Pai anuncia ser a reencarnação de Cristo em igreja de Belém do Pará em 1982

UOL - Por que não vai ao Rio para acompanhar a visita papal?

Inri Cristo - Porque não tenho nada a ver com a inusitada visita deste badalado turista argentino, todavia estarei aqui na Nova Jerusalém do Apocalipse (Brasília) acompanhando tudo o que se passa no Brasil e, principalmente, no Rio de Janeiro por esses dias.

UOL - O que achou que vão fazer a via-crúcis na orla de Copacabana com produção feita pela TV Globo?

Inri Cristo - Agora que as vozes da rua estão clamando que a Rede Globo cumpra seu dever de informar, é natural que ela promova essa teatral sessão de sadomasoquismo. Isso já não me atinge, afinal de contas estou acostumado a ver repetirem constantemente as cenas de achincalhe, deboche e violência que os inimigos perpetraram há dois mil anos a mando de Pilatos. E eu vos digo em verdade: esses que se comprazem em participar da via-crúcis são os mesmos que teriam vociferado “Crucifique! Crucifique!”. São os mórbidos de plantão.

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