Jovem tatuou o rosto na prisão e se arrependeu. Agora, ganhou uma segunda chance
Um ex-presidiário que credita a dificuldade de arrumar emprego a uma enorme tatuagem que fez no rosto, no tempo em que passou na cadeia, recebeu uma oferta de tratamento gratuito e topou retirar o desenho.
O neozelandês Mark Cropp, 19 anos, ganhou notoriedade ao contar sua história ao jornal local New Zealand Herald na quinta-feira: cresceu numa família desestruturada, sendo retirado da casa dos pais aos seis e expulso da escola aos 11. Já aos 17, sem dinheiro e com a namorada grávida, foi preso por tentar assaltar um turista com uma faca.
Foi já no final do cumprimento da pena de dois anos de prisão que Cropp fez a tatuagem no rosto que hoje lhe causa problemas (a inscrição “Devast8”, algo como “devastado” em português). “Seria apenas um pequeno desenho, mas bebemos muito álcool naquele dia e as coisas saíram do controle”, lamenta. “Agora quero arrumar um emprego e esta tatuagem está me prejudicando”.
A ideia foi intimidar outros prisioneiros com sua tattoo radical, mas a bebedeira acabou tirando as coisas da proporção imaginada, e o resultado foi um desenho bem maior que ele queria originalmente.
As declarações do jovem ao jornal sensibilizaram Briar Neville, uma especialista em remoção de tatuagens da cidade de Auckland. Cropp, que havia recusado esta possibilidade anteriormente, decidiu ceder e topou a ajuda.
Neville acredita que a relutância ocorreu porque Cropp não conhece a diferença entre a “tecnologia arcaica” usada nas cadeias e a adotada fora delas. “Tratei alguns homens que passaram por isso na prisão, e a experiência foi bastante traumática. Creio que era por isso que ele não queria mexer novamente na tatuagem”.
O jovem passará por um tratamento a laser de até seis semanas, com dez sessões (só uma delas custaria cerca de 300 dólares neozelandeses, ou R$ 703), e precisará de “paciência e dedicação”, segundo Neville. Além de não cobrar pelo serviço, ela promete cobrir os custos de Cropp com transporte.
Vida nova
A mudança estética é só uma das que Cropp deve passar. Ao contar sua história, o jovem também recebeu algumas propostas de emprego. Douglas Hebert, dono de uma fabricante de andaimes, topa lhe pagar um salário de 22 dólares neozelandeses (R$ 51,62) por hora para trabalhar em sua empresa.
"Todos nós fazemos escolhas ruins, e isso não significa que somos pessoas ruins", justifica ele. "Eu sou um homem alto e negro coberto de tatuagens. Eu mesmo passei por julgamento de pessoas que nem me conhecem".
Além do sonhado trabalho, Cropp espera em breve poder voltar ao convívio da filha – sua companheira, com quem vive num subúrbio de Auckland, perdeu a custódia da menina de dois anos enquanto o jovem cumpria pena.
"Parte da vida que levo se deve ao fato de ter crescido sem os meus pais e rodeado por drogas e álcool. Mas a prisão me transformou”, garante o jovem, que diz que a filha “estranhou a tatuagem” ao vê-lo após deixar a cadeia, mas logo lhe abraçou e beijou.
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