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Carro do futuro deve virar uma central inteligente de entretenimento

Fabricante chinesa Byton mostrou seu carro com um painel de 48 polegadas, no qual os passageiros podem assistir a filmes, checar mensagens e obter outras informações - Divulgação
Fabricante chinesa Byton mostrou seu carro com um painel de 48 polegadas, no qual os passageiros podem assistir a filmes, checar mensagens e obter outras informações Imagem: Divulgação

Da AFP, em Las Vegas (EUA)

10/01/2019 10h15

Empresas de tecnologia que abordam o desafio da direção autônoma estão se concentrando na "experiência do usuário" de veículos que estão se tornando cada vez mais uma extensão da vida digital das pessoas.

Montadoras e empresas de tecnologia estão refinando os sistemas de segurança e navegação autônoma. Mas com a autonomia total ainda a anos de distância, há um interesse crescente em fazer dos carros um lugar para morar, trabalhar, se comunicar e aproveitar o passeio.

No Salão de Eletrônica de Consumo (CES), esta semana, os expositores exibiram tecnologia voltada para o conforto, a segurança, o entretenimento e a personalização.

Byton, a fabricante de carros elétricos com sede na China que deve lançar seus primeiros veículos no final deste ano, mostrou seu sedã com um painel de 48 polegadas, no qual os passageiros podem assistir a filmes, checar mensagens e obter outras informações - embora a gama completa de serviços não seja oferecida enquanto alguém estiver dirigindo.

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Entenda

O carro da Byton usará reconhecimento facial para personalizar a experiência para motoristas e passageiros, com músicas e recomendações personalizadas.

O carro saberia quem está dentro e, em um exemplo citado pela empresa, faria recomendações de restaurantes ao longo de uma determinada rota.

"O carro poderia se tornar o dispositivo mais importante em sua vida digital", disse Carsten Breitfeld, cofundador e presidente-executivo da Byton.

A fabricante oferecerá o potencial de autonomia parcial, permitindo que os passageiros se concentrem em outras coisas, como assistir filmes, fazer compras com um assistente de voz ou navegar na Internet.

O veículo funcionará através de voz, toque, gestos ou reconhecimento facial.

"Tudo gira em torno da experiência do cliente", disse Carsten em um evento de mídia na feira em Las Vegas, ressaltando que mais recursos aprimorados serão usados quando o carro estiver em modo autônomo ou estacionário.

Empatia e emoção

Gawain Morrison, cofundador da startup britânica de inteligência artificial Sensum, disse que o fator humano está se tornando mais importante no setor automotivo.

"Até agora, boa parte da tecnologia tem sido sobre se mover do ponto A para o ponto B", disse. "A próxima geração é sobre como interagir com os humanos. Eles precisam de um entendimento sobre o estado humano em qualquer ponto da jornada".

A Sensum e seu parceiro fornecedor Valeo mostraram a chamada "tecnologia de mobilidade empática", que pode medir o estado emocional e o conforto fisiológico dos ocupantes e ajustar suas configurações ambientais de acordo.

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A montadora sul-coreana Kia apelidou seu sistema de "Condução adaptável à emoção em tempo real", com uma cabine baseada em IA emocional que analisa o estado emocional de um motorista monitorando expressões faciais, frequência cardíaca e atividade eletrodérmica.

"O sistema permite a comunicação contínua entre motorista e veículo através da linguagem não falada do 'sentimento', proporcionando assim um espaço ótimo e orientado para o sentido humano para o motorista em tempo real", disse Albert Biermann, presidente e chefe de pesquisa da Hyundai, proprietária da Kia.

Alertas de sonolência

A fabricante alemã de equipamentos automotivos Continental mostrou seu sistema de monitoramento que pode detectar se um motorista está distraído ou sonolento, em linha com as recomendações da União Europeia.

"Você pode receber um alerta visual, ou o assento vai vibrar, ou o volante vai vibrar", disse o executivo da Continental Heinz Abel. "Isso faz parte de um esforço para guiar sua atenção de volta à estrada".

Vários fabricantes de equipamentos apresentaram o que chamaram de "cabine do futuro", que poderia estar disponível para veículos convencionais e adaptados para o modo autônomo.

A Visteon, uma antiga unidade da Ford que fabrica equipamentos automotivos, exibiu sua unidade de controle eletrônico que integra a direção e gerencia outros sistemas, como informações e entretenimento.

Upton Bowden, chefe de novas tecnologias da Visteon, disse que os fabricantes de equipamentos oferecerão uma "cabine de transição", que ajuda as pessoas a entenderem o que está acontecendo no modo autônomo.

"Você quer que os ocupantes confiem no sistema", disse Bowden à AFP. "Quando você entra em um veículo automatizado você não tem conhecimento desse sistema, então você tem algum nível de desconforto".

A chave para superar a desconfiança, disse, é oferecer mais transparência: "Podemos dar a você uma imagem digital em tempo real do que está acontecendo, pegando os dados e transformando-os em uma experiência do usuário gráfica".

Bowden disse que esses sistemas podem ser especialmente úteis para serviços de transporte autônomos, permitindo a personalização da experiência através de tecnologia baseada em nuvem.

"Ele reconheceria quem você é e lidaria com o pagamento através do reconhecimento facial", disse. "Ele pode emparelhar instantaneamente com sua conta na nuvem e importar suas estações de rádio favoritas e outras informações".