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Como multa bilionária ao Google deve afetar modelo do Android

Acervo
Imagem: Acervo

Aoife White, Mark Bergen e Natalia Drozdiak

Da Bloomberg

04/07/2018 10h05

Não é segredo que o Google está prestes a receber mais uma série de multas pesadas de órgãos antitruste.

A decisão pode sair em 18 de julho a julgar pelo buraco no calendário da Comissão Europeia na semana seguinte à visita do presidente dos EUA, Donald Trump, a Bruxelas.

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O tamanho da penalidade ganhará as manchetes -- após a multa recorde de 2,4 bilhões de euros (US$ 2,8 bilhões) no ano passado --, mas o impacto mais duradouro pode ser a disputa sobre a forma de o Google aplacar as preocupações em relação ao sistema operacional Android.

A União Europeia provavelmente exigirá que o Google mude a forma de gerenciar seu negócio de telefonia celular, segundo pessoas informadas sobre o caso, que pediram para não serem identificadas porque o processo não é público. Isso obrigará a unidade da Alphabet a interpretar o que deve fazer para gerar mais concorrência, disseram.

Os órgãos reguladores não mantiveram nenhuma discussão significativa com o Google a respeito de como a empresa deve tratar as questões que geram preocupação, segundo duas das pessoas.

Além da incerteza a respeito de como deve cumprir uma possível ordem, a operadora de mecanismo de busca deverá contestar qualquer decisão da UE contrária ao Android nos tribunais europeus, a única forma de suspender uma decisão da comissão.

A empresa pode pedir a suspensão de um pedido da UE sobre o Android até que o processo de apelação esteja concluído, o que pode levar anos, segundo uma das pessoas.

O anúncio da União Europeia pode sair em 18 de julho ou perto dessa data, segundo uma das pessoas. Essa é a data de uma das quatro reuniões de comissários da UE deste mês -- nas quais geralmente aprovam decisões importantes.

Os órgãos reguladores poderiam estar ansiosos por evitar agravar uma disputa comercial com os EUA ao multar uma das empresas mais importantes do país em 4 de julho, Dia da Independência americana, ou em 11 de julho, quando o presidente Trump participará de uma cúpula da Otan em Bruxelas -- cidade que ele já chamou de inferno.

O Google e a comissão preferiram não comentar sobre a data ou o conteúdo da decisão sobre o Android.

Entenda o caso

O Google montou um enorme negócio de anúncios em banners e vídeos graças, em grande parte, à sua importância central nos dispositivos Android. O Google responderá por um terço de todos os anúncios móveis globais em 2018, segundo a empresa de pesquisa eMarketer, o que gera para a empresa cerca de US$ 40 bilhões em receitas fora dos EUA. A empresa corre o risco de perder esse motor se for forçada a entregar território em milhões de telefones Android.

Uma ordem judicial provavelmente forçaria o Google a cancelar ou renegociar contratos, abrindo caminho para que aplicativos concorrentes sejam pré-instalados nos aparelhos, o que poderá corroer as vastas receitas obtidas com anúncios em dispositivos móveis.

"Se o Google for forçado a oferecer alternativas, sua posição dominante na publicidade será enfraquecida", disse Roger Entner, analista da Recon Analytics. "A decisão colocaria o império dos anúncios para dispositivos móveis do Google em uma situação mais equilibrada com o restante do setor."

--Com a colaboração de Stephanie Bodoni

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