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Guerra estelar: China investe US$ 9 bi para desbancar o GPS, operado pelos EUA

30.mar.2015 - O foguete longa marcha 3C, que carrega uma nova geração de satélites do BDS (Sistema de Navegação BeiDou de Satélite) decola do Centro de Lançamento de Satélites Xichang, na província de Sichuan, na China, nesta segunda-feira (30). A China lançou uma nova geração de satélites ao espaço para a sua rede de navegação e posicionamento global às 21h52, no horário de Pequim. Esse é o 17º satélite do BDS - Bai Yu/Xinhua
30.mar.2015 - O foguete longa marcha 3C, que carrega uma nova geração de satélites do BDS (Sistema de Navegação BeiDou de Satélite) decola do Centro de Lançamento de Satélites Xichang, na província de Sichuan, na China, nesta segunda-feira (30). A China lançou uma nova geração de satélites ao espaço para a sua rede de navegação e posicionamento global às 21h52, no horário de Pequim. Esse é o 17º satélite do BDS Imagem: Bai Yu/Xinhua

Bloomberg News

26/11/2018 17h47

A China está levando a rivalidade com os EUA ao espaço. Em meio ao aumento de tensão entre os dois países, o país está investindo pelo menos US$ 9 bilhões para construir um sistema de navegação por satélite para eliminar a dependência em relação ao GPS, que é propriedade norte-americana.

Os dados de localização emitidos pelos satélites do GPS são usados por smartphones, sistemas de navegação de carros, microchips colocados no pescoço de cães e mísseis guiados -- e todos eles são controlados pela Força Aérea dos EUA. Isso incomoda o governo chinês, que está desenvolvendo uma alternativa, um dos maiores programas espaciais já realizados pelo país.

Eles não querem depender do GPS dos EUA. Os chineses não querem se sujeitar a algo que podemos desativar

Marshall Kaplan, professor do departamento de Engenharia Aeroespacial da Universidade de Maryland.

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O Sistema de Navegação Beidou, que atualmente atende a China e países vizinhos, estará acessível em todo o mundo a partir de 2020 como parte da estratégia do presidente Xi Jinping de transformar seu país em líder global em tecnologias de última geração. Sua implementação tem reflexos no mundo corporativo, porque fabricantes de semicondutores, veículos elétricos e aviões estão modificando produtos para que também possam se conectar ao Beidou -- querem, de quebra, agradar o governo chinês de modo a continuar fazendo negócios com a segunda maior economia mundial.

A montagem da nova constelação de satélites se aproxima da massa crítica após o lançamento de pelo menos 18 satélites neste ano, incluindo três neste mês. Em 19 de novembro, a China lançou mais dois equipamentos do Beidou, aumentando o total em operação para mais de 40. O plano é adicionar mais 11 até 2020.

O Beidou faz parte da ambiciosa campanha chinesa para desbancar o domínio ocidental no setor aeroespacial. Uma empresa estatal está desenvolvendo aviões para substituir os da Airbus e da Boeing, e startups domésticas estão construindo foguetes para desafiar as empresas de lançamentos comerciais Space Exploration Technologies, de Elon Musk, e Blue Origin, de Jeff Bezos.

A China deve lançar no mês que vem a Chang'e 4, uma sonda lunar que seria o primeiro veículo espacial a viajar rumo ao outro lado da Lua. Há também uma sonda e um rover programados para decolar em 2020 com destino a Marte.

Isto é uma clássica corrida espacial

Andrew Dempster, diretor do Centro Australiano de Pesquisa em Engenharia Espacial, em Canberra

A China começou a desenvolver o Beidou na década de 1990 e investirá um total estimado em US$ 8,98 bilhões a US$ 10,6 bilhões no projeto até 2020, segundo análise de 2017 da Comissão de Revisão Econômica e de Segurança EUA-China. O sistema futuramente oferecerá uma precisão de posicionamento de 1 metro ou menos com o uso de um sistema de suporte em solo.

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Para efeito de comparação, o GPS normalmente oferece precisão de menos de 2,2 metros, que pode ser melhorada em alguns centímetros com sistemas de aumento, segundo a comissão.

O sistema Beidou se transformou em uma das grandes conquistas dos 40 anos de reforma da China

Xi Jinping, em carta de 5 de novembro a um comitê das Nações Unidas sobre navegação por satélite.