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Mercadorias devolvidas viram um problemão, mas tem gente lucrando com isso

Calcula-se que foram US$ 370 bilhões em mercadorias devolvidas em 2018 - Getty Images/iStockphoto
Calcula-se que foram US$ 370 bilhões em mercadorias devolvidas em 2018 Imagem: Getty Images/iStockphoto

Susan Warren

31/03/2019 04h00

Kerry Franciscovich se descreve como alguém que sempre garimpou vendas de garagem e que revendia os achados no eBay ao longo dos anos. Então, quando quis ganhar um dinheiro extra, ela decidiu subir a aposta na venda online.

Com as mercadorias que comprou no Bulq.com, um novo negócio online que classifica e depois reembala itens devolvidos em caixas e pallets, ela anunciou itens ainda novos em sua conta de mercado na Amazon e vendeu outros pelo eBay. Mesmo ficando com cerca de metade dos itens, ela ganhou US$ 253 em quase quatro horas de trabalho, mais do que dobrando o dinheiro investido.

Franciscovich é uma das centenas de milhares de usuários de novos negócios de revenda que estão aproveitando a onda de mercadorias devolvidas que flui do comércio eletrônico -- avaliadas em cerca de US$ 370 bilhões no ano passado. Em um momento em que as sobrecarregadas empresas de varejo buscam formas econômicas de recuperar mais dinheiro da enxurrada de mercadorias devolvidas, revendedores de todos os tamanhos estão preenchendo a lacuna.

As pessoas estão criando negócios porque agora elas têm a possibilidade de comprar esse inventário. O que fizemos foi dar acesso direto a elas

Howard Rosenberg, CEO da B-Stock Solutions, que realiza leilões diários de produtos devolvidos pela internet

Paraíso do intermediário

A Bulq e a B-Stock estão entre as firmas cujo negócio é ajudar empresas de varejo a eliminar intermediários -- principalmente as enormes empresas de liquidação -- que historicamente compravam mercadorias devolvidas por centavos de dólar e as revendiam para lojas de descontos como a TJ Maxx.

Quando as devoluções aumentaram muito com o comércio eletrônico, os varejistas começaram a procurar formas de reduzir os prejuízos. As devoluções nas lojas físicas somam cerca de 8 por cento, em média, mas a proporção é quase três vezes maior no caso dos itens encomendados pela internet, disse Tony Sciarrotta, diretor-executivo da Reverse Logistics Association, uma associação do negócio de devoluções.

"As pessoas estão comprando coisas que veem nas telas e não é a mesma coisa que comprar em uma loja, onde você toca e sente a mercadoria", disse Sciarrotta.

Em 2018, as devoluções aumentaram para US$ 370 bilhões dentro do universo de US$ 3,7 trilhões de vendas do setor, segundo pesquisa da Appriss Retail.

Tobin Moore, CEO da Optoro, dona do website Bulq.com, viu a oportunidade de negócio:

Vimos quanto dinheiro estava sendo perdido e a ineficiência com que esses produtos estavam sendo tratados

Empreendedores

Para revendedores como Franciscovich, 56, o Bulq ofereceu a possibilidade de comprar itens devolvidos por caixa ou pallet, classificados por categoria e com uma lista do que havia em cada remessa. Ela pagou cerca de US$ 100 por sua primeira caixa, em maio, ficou com muitos dos 56 itens que havia dentro e vendeu o que restou por mais do que o dobro do que gastou.

Animada com o sucesso, Franciscovich expandiu o negócio, que tomou conta da garagem, depois de um quarto que sobrava e da sala de jantar.

"Finalmente aprendi a não sair enfiando coisas em uma sacola no armário", disse. "Agora tenho um sistema de inventário com prateleiras e caixas e uma lista com números, então sei onde eles estão."