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Vale do Silício vive expectativa para lançamento do Apple Watch

Teresa Bouza

Em San Francisco

09/03/2015 10h23

A Apple se prepara para revelar amanhã os detalhes adicionais de seu relógio de pulso inteligente, o Apple Watch, que começará a ser vendido em abril e será o primeiro produto novo da empresa no mercado desde o lançamento do iPad em 2010.

O evento no centro de arte Yerba Buena de San Francisco está rodeado pelo sigilo que caracteriza as apresentações da gigante tecnológico de Cupertino (Califórnia).

O convite enviado aos meios de comunicação na semana passada se limita a dizer "Spring Forward", algo como "Antecipando a primavera", e não indica que o Apple Watch será o protagonista do evento, embora todos os especialistas apostem nisso.

A expectativa é que a versão mais barata do relógio de pulso inteligente seja vendido por US$ 350 e que os modelos mais caros oscilem entre US$ 5 mil e US$ 10 mil, o que os situaria bem acima do produto mais caro da Apple, seu computador Mac Pro mais potente, que ronda os US$ 4 mil.

Os usuários do relógio da Apple poderão ler mensagens de texto e verificar seu e-mail através da tela tátil do dispositivo, que oferecerá também instruções sobre como chegar a um determinado destino.

Os analistas esperam que sejam vendidos entre 10 milhões e 20 milhões desses produtos durante o primeiro ano, muito abaixo dos 100 milhões de iPhones comercializados em 2014, mas mesmo assim um êxito para um relógio inteligente.

O modelo mais popular na atualidade no mercado, o relógio inteligente Pebble, vendeu apenas um milhão de unidades em dois anos e outros relógios que utilizam o sistema operacional Android de companhias como Samsung, Motorola e LG comercializaram apenas 700.000 unidades em 2014.

Segundo os dados da empresa de pesquisa Smartwatch Group, no ano passado foram vendidos 6,8 milhões de relógios inteligentes, criando um mercado avaliado em US$ 1,3 bilhão.

James McQuivey, analista da Forrester Research, assegurou em entrevista ao jornal "USA Today" que atualmente o setor da informática portátil não está totalmente desenvolvido.

Na opinião de McQuivey, a incursão da Apple "dará a esse segmento uma legitimidade que ninguém conseguiu dar até agora. É uma grande oportunidade", comentou o analista.

A estreia do relógio de pulso inteligente acontecerá em um momento de bonança para a Apple, que se transformou no mês passado na primeira empresa do mundo a superar os US$ 700 bilhões de valor de mercado.

Katy Huberty, analista do banco de investimento Morgan Stanley, acredita que as ações da empresa poderiam alcançar o valor de US$ 160 em um ano, o que avaliaria a Apple em US$ 934 bilhões.

Huberty ressaltou que a empresa de Cupertino tem a melhor plataforma tecnológica do mercado e uma clientela leal disposta a pagar mais por seus produtos.

Até agora os entusiastas celebram o potencial de um produto que evitará o "trabalho" de tirar o telefone do bolso para verificar o e-mail ou ler as mensagens de texto, enquanto os céticos colocam dúvidas sobre a bateria, que não deve durar mais de um dia.

Especialistas como David Goldman, editor de tecnologia da emissora "CNN", acreditam, no entanto, que o lançamento do relógio inteligente da Apple não solucionará a grande necessidade da companhia: encontrar um dispositivo que a ajude a superar sua grande dependência de sua principal estrela, o iPhone.