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Começa a Campus Party Brasil, que vai debater como será o mundo sem empregos

Werther Santana/Estadão Conteúdo
Imagem: Werther Santana/Estadão Conteúdo

Em São Paulo

26/01/2016 16h38

A Campus Party Brasil, considerada uma das maiores maratonas internacionais de tecnologia, abriu nesta terça-feira em São Paulo a sua nona edição, que reunirá 8.000 participantes para debater como será o mundo "quando as máquinas substituírem os empregos".

Tal como explicou em entrevista coletiva o fundador deste evento, Paco Ragageles, de origem espanhola, "a humanidade viverá nas próximas décadas uma mudança. Em dez, 20 ou 30 anos não existirão mais os empregos porque as máquinas poderão fazer tudo e serão melhores e mais baratas".

Assim, o núcleo deste ano, que retorna ao Brasil com todas as entradas esgotadas, será o projeto "Feel the Future", que integrará cientistas, sociólogos e líderes mundiais para "pensar em como reformular a sociedade e encaixá-la em um mundo sem postos de trabalho".

Para o criador das jornadas, "um software programado será, em breve, mais inteligente que nós", por isso, "Feel the Future" quer se transformar em uma fundação que "estude que tipo de tecnologias terão mais impacto nas sociedades e proponha soluções aos desafios que estão por vir".

Segundo Ragageles, a Campus Party nasceu com a missão de "compartilhar a paixão pela tecnologia, mas os anos a fizeram evoluir para objetivos mais ambiciosos e ela chega hoje com a vontade de refletir sobre o futuro do planeta".

Além dos 8.000 "acampados", número mais do que duas vezes maior de que em 2008 quando começou o evento, também se espera a presença de 120 mil visitantes, que farão parte até o próximo domingo de uma das mais famosas comunidades "geek" do mundo.

Uma edição que traz como novidades 200 start ups e 18 simuladores que permitirão pilotar voos, dirigir veículos ou inclusive combater incêndios.

E junto às dezenas de gigabytes, cabos e computadores, o evento reunirá conferencistas como o engenheiro Grant Imahara, um dos mais esperados e famoso por ter participado da equipe da "MythBusters", um programa de televisão americano de divulgação científica.

Também estarão presentes Marie Cosnard, diretora de tendências do aplicativo de encontros amorosos Happn; Neil Harbisson e Moon Ribas, criadores de uma fundação que ajuda as pessoas a se transformar em ciborgues; e a astrofísica Thaisa Storchi Bergmann, que estuda o papel dos buracos negros na evolução do Universo.

Uma programação que, como defendeu durante a inauguração o presidente do Instituto Campus Party, Francesco Farrugia, vai além da tecnologia e pode mudar a vida das pessoas.

"A cultura digital tira milhares de jovens do narcotráfico e dá oportunidades àqueles excluídos das universidades e das escolas", afirmou Farrugia, que criticou o Ministério da Cultura por ter recusado um dos programas de incentivos ao fomento cultural.

"Considerar que o encontro de dezenas de milhares de jovens inteligentes, ativos, empreendedores, que se movimentam em torno da cultura digital, é uma atividade de tecnologia, é como pensar que um encontro de pintores é uma atividade relativa a pincéis e pinturas", afirmou em carta dirigida ao governo.

Contudo, Farrugia anunciou que a Campus Party Brasil terá uma nova versão em Brasília, cuja data ainda não está programada, mas que acontecerá, de acordo com as previsões, durante o segundo semestre de 2017.

Ao contrário da edição paulista, a de Brasília discutirá a transparência e a abertura de dados nas administrações públicas.