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Jornal diz que Yahoo cumpriu ordem judicial para espionar e-mails de usuários

Kimberly White/Reuters
Imagem: Kimberly White/Reuters

Da EFE, em Washington

06/10/2016 08h29

O Yahoo utilizou um programa para detectar pornografia infantil e spam para cumprir uma ordem judicial secreta requerida pelo governo dos Estados Unidos com o objetivo de buscar uma assinatura digital associada a um grupo terrorista estrangeiro, segundo informou na quarta-feira o jornal "The New York Times".

De acordo com o jornal nova-iorquino, que cita diversas fontes em condição de anonimato, no ano passado o Departamento de Justiça obteve a ordem após solicitá-la ao Tribunal de Vigilância de Inteligência Estrangeira dos EUA, uma corte secreta que estuda pedidos de vigilância contra agentes estrangeiros.

O Yahoo optou então por modificar um programa de segurança que já utilizava para detectar software malicioso, além de pornografia infantil e spam, com o objetivo de achar rastros da organização terrorista, que segundo o "The New York Times" tem laços com um governo estrangeiro.

O programa modificado permitiu ao Yahoo recolher todos os e-mails utilizados por seus usuários que contivessem a assinatura eletrônica associada ao grupo terrorista, um arquivo que colocou à disposição do FBI.

Aparentemente, os membros dessa organização se comunicavam entre eles através de contas do Yahoo com uma assinatura eletrônica "muito singular".

O artigo não especifica o tipo de informação procurada pelo governo americano, mas explica que a ordem judicial é "atípica" porque "envolveu a digitalização sistemática de e-mails de todos os usuários (milhões) do Yahoo em lugar de contas individuais".

De acordo com as fontes governamentais e do Yahoo citadas pelo "The New York Times", o gigante da internet deixou já de recolher esses e-mails.

O Yahoo denunciou em 2014 haver recebido "ameaças" do governo americano para cooperar com a administração e entregar dados dos usuários no âmbito do programa de vigilância PRISM da Agência de Segurança Nacional (NSA).

A PRISM, cuja existência tinha sido divulgada um ano antes através das filtragens do ex-analista da NSA, Edward Snowden, estabelece a obrigação de as empresas tecnológicas de compartilhar com o governo informações sobre seus usuários.

Segundo a companhia, o governo ameaçou com uma multa diária de US$ 250 mil se houvesse a recusa de obedecer a ordem de vigilância.