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Novo Google Earth mapeia áreas indígenas e desmatamento da Amazônia

Jul.2017 - Parceria entre Google e a Funai registra nos aplicativos Maps e Earth as terras indígenas. Novidade ajuda a entender o impacto ambiental nas regiões - Reprodução/Google
Jul.2017 - Parceria entre Google e a Funai registra nos aplicativos Maps e Earth as terras indígenas. Novidade ajuda a entender o impacto ambiental nas regiões Imagem: Reprodução/Google

Isadora Camargo

Em São Paulo

12/07/2017 10h49

O Google lançou nesta terça-feira (11) uma plataforma baseada em seu sistema de mapas e imagens de satélite, o Google Earth, que permite conhecer mais sobre as terras e comunidades indígenas da Amazônia e também mapear, quase em tempo real, o desmatamento da maior selva tropical do mundo.

Em evento realizado em um de seus escritórios em São Paulo, o Google também apresentou 11 histórias interativas com dados sobre as tradições e cultura da região amazônica no Brasil, onde vivem 27 milhões de habitantes, e que servem para apresentar a ferramenta para os próprios povos indígenas mapearem o desmatamento.

O projeto "Eu sou Amazônia" captura a complexidade da selva na qual 20% do oxigênio do mundo é produzido e onde se desenvolvem cadeias agrícolas como as do cacau, da castanha do Pará e do açaí.

Nesse gigante palco natural também vivem indígenas, comunidades quilombolas e produtores rurais que, muitas vezes, recorrem a práticas ilegais como o desmatamento para extrair madeira.

De acordo com Rebecca Moore, diretora do Google Earth, a versão especial dos mapas traz a história da região de uma forma diferente e permitirá uma "nova experiência" sobre a Amazônia.

"Quem usa o Google Maps tem uma ferramenta para encontrar e quem usa o Google Earth tem uma ferramenta para 'se perder', no melhor sentido da palavra. Ele é como um professor, com o objetivo de fazer com que você descubra história. A realidade virtual é uma novidade para compartilhar experiências sobre o planeta", explicou.

Com imagens em 360 graus, o internauta pode entrar acessar o site por computadores e aplicativos Android. Na plataforma é possível encontrar minidocumentários, filmes, mapas interativos, localização, hidrografia, volume da água, pontos de desmatamento e áreas que precisam demarcação por parte do governo.

"É um tema super atual que tem a ver com o meio ambiente, com o conhecimento que se tem às mãos graças à tecnologia. É um projeto maravilhoso porque, quanto mais conscientes forem as pessoas, mais podemos cuidar da Amazônia", disse à Agência Efe Fábio Coelho, presidente do Google Brasil.

Para o líder do povo Suruí, Almir Suruí, essa é uma forma do Google mostrar os problemas ambientais e florestais da Amazônia. "É uma maneira dos indígenas entenderem a tecnologia conscientemente", afirmou.

Suruí disse à Efe que na área de 200 mil hectares onde vivem 1.500 indígenas da sua tribo, muito jovens estão sendo treinados pelo Google desde 2007 para "mapear" os assuntos locais e mostrar mais coisas de seus povos para o resto do Brasil e do mundo.

O projeto teve o apoio de organizações como o Instituto Socioambiental, que auxiliou no mapeamento dos aspectos históricos, culturais, fluviais, de fauna e flora da região.

De acordo com o diretor-executivo do Instituto Socioambiental, André Villas Boas, a ferramenta é "potente para aumentar o conhecimento sobre a diversidade ambiental do Brasil e do planeta". "Também pode ser usada para monitorar os territórios de áreas protegidas vulneráveis e ameaçadas", explicou.

Os vídeos são anexados com mapas de georreferência e classificados pela descrição da região amazônica, alimentação, tribos, lutas sociais e desafios de desenvolvimento sustentável.

Já a líder da Associação de Comunidades Quilombolas, Claudinete de Souza, explicou à Efe que o projeto "mostra a existência de regiões e comunidades invisíveis aos olhos do poder público".

Um exemplo desse alcance é quilombo Boa Vista de Trombetas, no município de Oriximiná, no estado de Pará, a primeira comunidade de afrodescendentes a ser certificada no Brasil.

"Estamos sendo oprimidos, somos esquecidos. Por isso, a oportunidade de mostrar para o mundo que estamos lá é grandiosa", avaliou Claudinete.