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Fundador do Facebook diz que WhatsApp pode valer mais que US$ 16 bilhões

Mark Zuckerberg durante entrevista realizada no Mobile World Congress 2014, em Barcelona  - Lluis Gene/AFP
Mark Zuckerberg durante entrevista realizada no Mobile World Congress 2014, em Barcelona Imagem: Lluis Gene/AFP

Do UOL, em São Paulo

24/02/2014 14h38Atualizada em 25/02/2014 14h30

Mark Zuckerberg, fundador e diretor-executivo do Facebook, disse em entrevista nesta segunda-feira (24) durante o Mobile World Congress (evento de tecnologia realizado em Barcelona) que o WhatsApp pode valer mais que os US$ 16 bilhões pagos por ele. Anunciada na semana passada, a aquisição feita pela maior rede social do mundo pode chegar a US$ 19 bilhões. 

Na primeira aparição pública de Zuckerberg após o anúncio, o fundador do Facebook disse ser difícil avaliar exatamente quanto vale o WhatsApp.

“Há duas formas de olhar: só para empresa e também o que ela representa estrategicamente [tem quase meio bilhão de usuários]. Hoje eles têm um faturamento pequeno em relação ao investimento, mas pode ser que valham mais do que isso. Posso estar errado, mas acho que não é o caso”, afirmou.

De acordo com Zuckerberg, a conversa inicial com os fundadores do WhatsApp foi sobre conectar mais pessoas, uma meta comum entre as duas companhias.  “Queríamos fazer parte dessa jornada, em trabalhar juntos como conectar mais gente”, disse ao comentar que o app está no caminho para alcançar 1 bilhão de usuários.

Assim como já havia feito em comunicado, o diretor-executivo negou que sua empresa mudará o modelo da companhia adquirida. “Esse foi um dos termos do negócio, de que a companhia continuará autônoma. Vamos ajudá-los a aumentar a disponibilidade do serviço, a criar infraestrutura e novas funções”, afirmou.

Antes de comprar o WhatsApp, o Facebook fez uma oferta de aproximadamente US$ 3 bilhões para comprar o Snapchat (serviço de mensagens instantâneas, que se autodestroem após um curto período de tempo). Questionado se ainda há interesse no serviço, Zuckerberg disse: “Após gastar US$ 16 bilhões, a próxima aquisição deve levar algum um tempo.”

“190 da Internet”

Zuckerberg também anunciou que tem trabalhado em parceria com outras companhias para fazer uma espécie de serviço 190 para a internet. “Um dos modelos que temos é a telefonia fixa. Ao ligar para o 911 [número de emergência nos Estados Unidos], você consegue falar gratuitamente com a polícia ou os bombeiros. Queremos fazer algo parecido com, por exemplo, serviços de mensagem, Wikipedia e talvez a previsão do tempo”, disse ele durante apresentação no MWC. Ele também citou o Facebook e WhatsApp entre os exemplos. 

A iniciativa faz parte do Internet.org, uma parceria global dedicada a popularizar o acesso à internet a dois terços da população mundial ainda desconectada. Entre os parceiros da rede social estão a Samsung, Qualcomm, Ericsson, MediaTek, Nokia e Opera Software. 

Curiosidades sobre a compra

  • Arte/UOL

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Nos próximos anos, o fundador do Facebook disse que quer trabalhar com mais operadoras dispostas a oferecer alguns serviços gratuitos para aumentar a inclusão digital. “Vamos perder dinheiro por um tempo [com essa iniciativa]. Não ligo, pois isso [o projeto] é importante. Se fizermos algo relevante para o mundo, em algum momento, saberemos como ganhar dinheiro”, disse.

Para que a iniciativa dê certo, ele afirmou que será preciso criar um modelo de negócios que funcione. Ele reforçou ser algo a longo prazo e que, se funcionar, em cinco anos haverá muito mais gente conectada do que hoje em dia. Zuckerberg disse ainda que gostaria de voltar à MWC no próximo ano ou na edição seguinte para contar os progressos feitos nesse sentido. 

Pacotes de dados 
O executivo citou como exemplo da Internet.org uma ação nas Filipinas, onde a operadora Globe Telecom oferece acesso ilimitado ao Facebook para seus clientes. De acordo com o cofundador da rede social, a empresa de telefonia dobrou a quantidade de dados trafegados em sua rede no país em cerca de cinco meses (algo que gera lucros à operadora, além de fortalecer a presença do Facebook naquele mercado). 

Esse tipo de prática vai contra a neutralidade da rede (muito discutida no Brasil, por causa do Marco Civil da Internet), pois prioriza o acesso a determinado tipo de conteúdo – no caso, o Facebook. 

Segundo Zuckerberg, muitos potenciais usuários da internet móvel não sabem para que usariam pacotes de dados. “Mas eles conhecem o Facebook, o WhatsApp. Quando eles entenderem por que precisam dos dados [para acessar serviços que consideram relevantes], podem gastar seus limitados recursos financeiros com a internet”, afirmou. 

Espionagem
Ao comentar os casos de espionagem de serviços de internet, revelados pelo ex-agente da CIA Edward Snowden, Zuckerberg disse que a indústria toda se uniu para lidar com o problema. “Foi um golpe do governo. Eles tinham a responsabilidade de proteger as pessoas e ser transparentes, mas não o fizeram”, afirmou. Segundo ele, daria para ter evitado essa situação.