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"Apple da China", Xiaomi prepara chegada ao mercado brasileiro; conheça

Lei Jun, diretor-executivo e fundador da Xiaomi, participa de lançamento de produto - Zhang Jin - 22.jul.14/Xinhua
Lei Jun, diretor-executivo e fundador da Xiaomi, participa de lançamento de produto Imagem: Zhang Jin - 22.jul.14/Xinhua

Guilherme Tagiaroli

Do UOL, em São Paulo

28/08/2014 06h00Atualizada em 01/10/2018 11h48

Uma empresa fundada em 2010 tornou-se a líder no mercado de smartphones chinês, desbancando gigantes como Samsung e Lenovo. A companhia que conseguiu esse feito é a (desconhecida) chinesa Xiaomi (lê-se cháomi), que prepara sua estreia no Brasil.

Considerada a “Apple da China”, a companhia expressou em abril, durante uma coletiva de imprensa, que mira o mercado brasileiro. Por enquanto, de concreto, a Xiaomi mantém um escritório registrado em São Paulo. Porém, ainda não se sabe como a companhia manterá seu “modus operandi” fora de sua terra natal. Se for algo parecido com que ocorreu na China, a empresa deve incomodar as grandes fabricantes.

Como parte do esforço para crescer em mercados internacionais, a companhia contratou no ano passado o brasileiro Hugo Barra, que trabalhava como vice-presidente da plataforma Android. Em uma publicação no Google+ do início deste ano, Barra postou: "Conversa boa com o governador de Minas Gerais (...). Começamos a falar em levar a Xiaomi à América Latina começando pelo Brasil."

Hugo Barra, vice-presidente da Xiaomi, participa de coletiva de imprensa sobre lançamento de Mi phones, como é chamada a série de smartphones da marca, em Nova Délhi (Índia) - Anindito Mukherjee/Reuters - Anindito Mukherjee/Reuters
Hugo Barra, vice-presidente da Xiaomi, participa de coletiva de imprensa sobre lançamento dos aparelhos Mi phones
Imagem: Anindito Mukherjee/Reuters

A companhia fechou o segundo trimestre deste ano com 14% do mercado chinês de smartphone, segundo a consultoria de mercado Canalys. Seus principais concorrentes, Samsung, Lenovo e Yulong têm 12% cada de participação de mercado. O restante é composto por várias marcas menores.

Por que a Xiaomi faz sucesso?

A Xiaomi se define como uma empresa de tecnologia, pois ela não só fabrica dispositivos, mas também investe em um sistema de comércio eletrônico próprio e desenvolve uma interface gráfica Android personalizada usada tanto em seus aparelhos como em outros dispositivos. 

“A Xiaomi é diferente, pois vende seus aparelhos prioritariamente pela internet, não lança vários dispositivos (não passa de cinco ao ano), na China eles usam o Weibo (uma espécie de Twitter) para interagir com os fãs da marca e contam com uma interface gráfica Android personalizada com vários serviços”, disse Jingwen Wang, analista da consultoria de mercado Canalys, em entrevista ao UOL.

Capa da interface gráfica MiUI 6, que deve ser lançada ainda em setembro - Reprodução - Reprodução
Capa da interface gráfica do MiUI 6, feito Xiaomi, que deve ser lançada ainda em setembro
Imagem: Reprodução

Fundada em abril de 2010, seus primeiros lançamentos foram o MIUI Rom (uma versão modificada do Android) e o MiTalk (um serviço de mensagens como o WhatsApp).

Apenas em agosto de 2011 eles lançaram seu primeiro aparelho, o MI 1 custando 1.999 yuanes (cerca de US$ 325 ou R$ 735), um preço bem abaixo dos concorrentes para uma configuração topo de linha. As especificações técnicas do aparelho são: processador dual-core de 1,5 GHz, tela de 4 polegadas e duas câmeras, sendo uma de 8 megapixels e a frontal de 2 megapixels.

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A título de comparação, um Galaxy S II, lançado no mesmo ano e com configurações parecidas, tinha preço sugerido de venda de R$ 1.800. Enfim, a empresa chinesa começou a oferecer um aparelho com boas configurações a um valor possível para o público local.

“O preço é acessível porque a companhia corta despesas ao vender diretamente e em marketing, usando sua loja online e sua conta no Weibo [espécie de Twitter chinês]”, explica a analista Jingwen.

A empresa começa a pré-venda de aparelhos seis dias antes do lançamento. Durante esse período, eles costumam vender entre 200 mil e 300 mil unidades, segundo um relatório da consultoria de mercado Gartner.

O tablet Mi Pad, da Xiaomi, é o único tablet desenvolvido pela empresa chinesa. Ele tem processador quad-core (de quatro núcleos) de 2,2 GHz, tela de 7,9 polegadas, 16 GB de armazenamento, sistema Android 4.4.2 adaptado pela empresa e uma duas câmeras, sendo a traseira de 8 megapixels e a frontal de 5 megapixels. Preço sugerido: 1.499 yuanes (cerca de R$ 547 ou US$ 245) - Divulgação - Divulgação
Além de smartphones, a Xiaomi comercializa tablets (foto), pulseiras e mascotes
Imagem: Divulgação

Apple chinesa?

O apelido de "Apple da China" foi dado pela mídia ocidental, sobretudo pelo estilo de apresentação de produtos feita por Lei Jun, diretor-executivo e fundador da Xiaomi, que é muito igual às feitas por Steve Jobs. Geralmente, Jun veste camiseta preta, há um telão em suas costas e na plateia há milhares de fãs ansiosos pelos anúncios.

No entanto, a Xiaomi não se assemelha nem um pouco com a empresa norte-americana no que diz respeito ao preço baixo dos seus aparelhos e no relacionamento com os fãs. Uma das ações de fidelização é um festival promovido pela companhia para celebrar o aniversário de fundação.

No Mi Fan Festival deste ano, por exemplo, fãs da marca podiam jogar um game que dava desconto em novos produtos ou distribuía o Mi Habbit, o coelho mascote da marca.

Por estar sempre em contato com os fãs, a empresa desenvolve para seu sistema soluções pedidas por eles, como um bloqueador de spam para SMS, integração da lista de contatos com o serviço de páginas amarelas local e acionamento da câmera por comando de voz.