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Design do Note 7 foi responsável por explosões de celular, diz análise

Empresa analisou Galaxy Note 7 por dentro e encontrou espaço apertado demais para a bateria - Divulgação/Instrumental
Empresa analisou Galaxy Note 7 por dentro e encontrou espaço apertado demais para a bateria Imagem: Divulgação/Instrumental

Do UOL, em São Paulo

05/12/2016 10h25Atualizada em 23/01/2017 15h03

Uma pressão na bateria do smartphone Galaxy Note 7, da Samsung, pode ter causado os incêndios e explosões que acabaram encerrando a fabricação do aparelho, segundo um relatório da empresa americana Instrumental, especializada em análise de engenharia de produtos.

Em um artigo publicado na sexta-feira (2), Anna Shedletsky, uma das presidentes da empresa, concluiu que o problema não estava na bateria em si, mas no design do próprio celular. "O que descobrimos foi surpreendente: o design podia comprimir a bateria mesmo durante sua operação normal", disse.

Como o espaço para encaixar a bateria era estreito demais, acabava por pressionar demais o polímero protetor que separava os pólos positivos e negativos da bateria. Quando estes polos se tocam devido a uma falha técnica como essa, causa o sobreaquecimento que levou aos acidentes.

"A bateria do Note 7 consiste de uma camada positiva feita de óxido de lítio-cobalto, uma camada negativa feita de grafite, e duas camadas separadoras encharcadas de eletrólitos feitos de polímero. Essas camadas permitem que íons (e energia) fluam entre as camadas positivas e negativas, sem permitir que as camadas se toquem", explica a engenheira.

"Se as camadas positivas e negativas sequer se tocarem, a energia vai diretamente para o eletrólito, aquecendo-o, o que faz com que flua mais energia e mais calor --que normalmente resulta em uma explosão. Comprimir a bateria coloca pressão sobre as camadas críticas de separação de polímero que mantêm a bateria segura".

"Adicione um pouco de pressão devido à ondulação mecânica normal da bateria ou estresse acumulado por meio da tampa traseira (por exemplo, de sentar-se com o celular no bolso de trás), e a pressão pode ser suficiente para apertar o fino polímero separador a um ponto em que as camadas positivas e negativas podem tocar, causando a explosão da bateria", concluiu Shedletsky.

O texto fala que a Samsung "afirmou que estas camadas separadoras podem ter sido finas devido a parâmetros de fábrica agressivos", mas não informou quando, onde ou quais as circunstâncias dessa afirmação --a reportagem do UOL não encontrou essa frase atribuída a algum posicionamento oficial ou entrevista de executivo da empresa.

A Samsung continua investigando as causas do acidente. Seu último comunicado oficial informava que a companhia estimava um impacto negativo de cerca de 3 trilhões de wons sul-coreanos (US$ 2,52 bilhões) no lucro operacional do quarto trimestre de 2016 e do primeiro trimestre de 2017, devido ao problema do Galaxy Note 7.

Relembre o caso

O Galaxy Note 7 foi anunciado globalmente no dia 2 de agosto deste ano. Três semanas depois, no dia 24, surgiu na rede social Baidu o primeiro relato de um Note 7 ter explodido enquanto carregava. No dia 31, um caso idêntico foi noticiado na Coreia do Sul. No dia 2 de setembro, a Samsung admitiu oficialmente o problema com um comunicado que citava até então ao menos 35 casos em todo o mundo e interrompia a produção temporariamente.

No dia 1º de outubro, a empresa voltou a vender o Galaxy Note 7 afirmando que o problema havia sido resolvido. Mas isso durou pouco: em 11 de outubro, a Samsung Electronics encerrou a fabricação e venda do celular Note 7 definitivamente após novos casos de fogo em aparelhos distribuídos para substituir modelos que já tinham sofrido o mesmo problema.

O Note 7 não chegou a ser comercializado no Brasil. Apenas alguns poucos aparelhos foram enviados à imprensa --o UOL recebeu e testou um deles antes de devolvê-lo a pedido da Samsung-- ou comprados no exterior ou via importação.

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