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Você decide: Netflix lança conteúdo interativo que permite mudar histórias

Cena de "Puss in Book: Trapped in an Epic Tale", da Netflix - Divulgação
Cena de "Puss in Book: Trapped in an Epic Tale", da Netflix Imagem: Divulgação

Márcio Padrão*

Do UOL, em São Paulo

20/06/2017 10h00

A Netflix está adotando um novo formato interativo de histórias para o seu serviço de streaming. O UOL Tecnologia viu em primeira mão como vai funcionar a tecnologia, que começará sendo usada para o público infantil. Nesta terça (20), estreia mundialmente na plataforma com a animação "Puss in Book: Trapped in an Epic Tale", a primeira neste formato.

Chamada pela empresa de narrativa "branching", ou "ramificada", esse formato permite que a história mude de rumo durante um episódio, criando várias versões para o mesmo episódio. Isso vai funcionar a princípio para smartTVs e o app da Netflix para iOS. Depois deve migrar para dispositivos com Android, Apple TV e Chromecast.

No caso de "Puss in Book", protagonizada pelo Gato de Botas dos filmes do ogro "Shrek", a sinopse diz: "Quando o Gato é sugado para um livro mágico de contos de fadas, ele deve chegar ao "fim" de todas as histórias para escapar".

Então é permitido ao usuário, por exemplo, escolher entre duas histórias do mesmo livro, para começar, e depois haverá mais escolhas para determinar o andamento da trama à medida que o vídeo se desenrola. Há um ponto de transição em que ocorre a interação do espectador com a animação da Netflix - neste caso, a escolha se dá entre livros que aparecem na tela. 

Um episódio interativo da série tem dois finais e 13 pontos de escolha. O caminho mais curto para encerrar a história é de 18 minutos e o caminho mais longo leva cerca de 39 minutos. "O número de direções diferentes que podem surgir é provavelmente em milhares", diz Carla Fischer, diretora de inovação de produtos da Netflix.

A próxima série neste formato já está escolhida e com data de estreia: será "Buddy Thunderstruck: The Maybe Pile", em 14 de julho. A terceira será "Stretch Armstrong: The Breakout", que virá no ano que vem. 

É possível clicar na tela e escolher uma opção para dar seguimento à história - Divulgação - Divulgação
É possível clicar na tela e escolher uma opção para dar seguimento à história
Imagem: Divulgação

O conteúdo é inicialmente infantil e em animação, mas poderá ampliar para o público adulto e "live-action" depois. "As crianças eram um lugar natural para começar, pois elas são loucas para interagir com seus personagens favoritos e já estão naturalmente envolvidos com as telas. A intenção é aprender e ver o que os nossos usuários gostam e como estão interagindo", explica Carla.

A inovação da Netflix lembra de certa forma o programa interativo "Você Decide", exibido pela Rede Globo nos anos 90 em que os telespectadores podiam ligar para votar sobre o final que desejassem. 

Esse formato interativo estará disponível a assinantes de todos os planos da Netflix. Para aqueles que não possuírem um dispositivo compatível, haverá uma versão linear do episódio disponível para assistir.

Neste caso a trama se encaixará em uma duração de episódio tradicional para uma exibição em outros meios (por exemplo, em TVs abertas) e fluir naturalmente sem exigir que o espectador tome decisões. Mas o enredo geral será semelhante às versões interativas.

Conteúdo interativo estará disponível inicialmente para SmarTVs e iOS - Divulgação - Divulgação
Conteúdo interativo estará disponível inicialmente para SmarTVs e iOS
Imagem: Divulgação

Mas será que este formato pode "matar" a visão do autor de seu próprio trabalho? Afinal, ele terá que fazer mais do que um fim para a mesma história e deixar a decisão para o público.

"Sabíamos desde o início que estávamos escrevendo um episódio interativo que teria várias finalizações. Como esta sempre foi a intenção, nunca senti como um compromisso ter mais de um final para a história. Na verdade, essa foi uma grande parte da diversão", diz Ryan Wiesbrock, chefe de desenvolvimento e produção da American Greetings e criador do desenho "Buddy Thunderstruck". (Colaborou Gabriel Ribeiro)