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Afinal, posso ou não guardar um cartão junto com o celular?

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Imagem: Getty Images

Bruna Souza Cruz

Do UOL, em São Paulo

02/10/2017 04h00

Você tenta comprar algo com o cartão de débito e ele dá erro. Tenta entrar no seu quarto de hotel e a chave magnética não funciona. Ou então, tenta passar o cartão do ônibus na catraca e não dá certo.

Erros assim são bastante comuns, mas sabia que em muitos casos esses problemas não têm nada a ver com fato deles ficarem próximos a celulares?

Calma, já explico. Mas antes de tudo é preciso saber que existem diferentes tipos de cartões usados em nosso dia a dia. Segundo especialistas ouvidos pelo UOL Tecnologia, os mais comuns são:

  • os de tarja magnética: possuem uma faixa escura em um dos lados. Ao passá-lo numa máquina compatível, o sistema lê os dados gravados nessa tarja e consegue verificar e validar as respectivas informações. Em geral, são encontrados em cartões de bancos mais antigos, cartões de hotéis, cartões de convênios médicos.
     
  • os com chip: já são mais fáceis de reconhecer. São usados, por exemplo, nos cartões de bancos mais atuais. A estrutura do cartão é parecida com a do item anterior, mas existe um chip bem pequeno que armazena uma série de informações. Estas ficam guardadas em um banco de dados digital. Para funcionar é preciso que o cartão seja inserido numa máquina.
     
  • os de proximidade: eles não precisam ser inseridos dentro de nenhum equipamento, como é o caso dos cartões de banco. Eles possuem um chip interno e para funcionar basta aproximá-lo de um terminal compatível com o sistema deles e pronto. Os exemplos mais comuns são os bilhetes usados no transporte públicos, crachás de empresas que podem ser usados em catracas, entre outros.

Agora, voltando a questão sobre a possibilidade de o celular conseguir estragar os cartões, apenas um dos três tipos citados tem uma chance de ser impactado.

De acordo com Marcelo Parada, professor de engenharia elétrica do Centro Universitário FEI, é o caso do cartão com tarja magnética. Ele explica que o alto falante presente nos celulares possui um pequeno ímã e ele pode desmagnetizar o cartão.

“É difícil acontecer, mas não é impossível. Os alto falantes presentes nos celulares geralmente são blindados, mas às vezes essa blindagem não é muito boa. Por isso, o ideal é não colocar junto”, explica. E tudo também pode variar conforme o tempo em que os objetos ficaram muito próximos.

Cartão de tarja magnética - iStock - iStock
Cartão de tarja magnética pode ser desmagnetizado se entrar em contato com ímãs
Imagem: iStock

A tarja nada mais é do que uma fita cheia de partículas magnetizadas. Se você voltar lá nas aulas de física, deve lembrar-se do estudo dos ímãs e que neles existe a influência de uma força magnético.

No caso dos cartões, as partículas estão alinhadas de uma forma nessa faixa. Explicando de uma maneira bem simples, se um ímã chegar perto delas, elas podem se desalinhar. Por isso, o cartão pode se desmagnetizar e deixar de funcionar.

“O mesmo problema pode acontecer se deixar próximo de um alto-falante de uma televisão LCD, por exemplo. O ímã pode interferir e danificar. Mas, no caso do celular, não afeta porque é muito baixinha [a força do ímã]”, acrescenta João Carlos Lopes Fernandes, professor de engenharia de computação do Instituto Mauá de Tecnologia.

Além disso, os professores ressaltam que há um mito de que o celular ao receber uma ligação tem capacidade para desmagnetizar qualquer tipo de cartão. Para eles, o caso não procede.

O sol e a forma de guardar são os grandes vilões

Os professores alertam que molhar, riscar ou amassar os cartões com tarjas magnéticas têm mais chances de estragá-los do que o celular. Por isso, eles recomendam cuidados na hora de guardá-los.

No caso das chaves magnéticas usadas em hotéis, o professor Fernandes diz que o motivo pelo qual elas geralmente deixam de funcionar é devido ao uso excessivo dos objetos. “A tarja fica gasta de tanto usar e colocar na porta. E as pessoas também usam de qualquer jeito, guardam no bolso, deixam exposta ao sol, vão na piscina”, explicou.

Em relação aos cartões com chip, o professor Parada acrescenta que o maior problema mesmo é a sujeira. Ela pode riscar e danificar o chip. Logo, o equipamento compatível terá dificuldades para ler as informações

Transação de cartão de crédito com chip - iStock - iStock
O grande problema que os cartões com chip podem ter é sujeira
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“Tome cuidado para não arranhar. Evite também colocar no bolso com a chave ou para não sentar em cima dele”, explica Parada. “Já o por proximidade o que pode afetar é se ele quebrar ou estiver amassado.”

Para o professor Fernandes, os cartões com chip, inclusive, são mais seguros que os com tarjas. “Os dados ficam gravados na faixa magnética, é algo local. Então, se estragar, ele perde os dados. Já a informação do chip fica gravada num sistema. Mesmo se quebrar, dá para recuperar”, afirma.