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Por que FBI, CIA e NSA não querem que americanos tenham celulares da Huawei

Os diretores do FBI e da CIA testemunham contra a Huawei no Senado americano - Saul Loeb/AFP
Os diretores do FBI e da CIA testemunham contra a Huawei no Senado americano Imagem: Saul Loeb/AFP

Do UOL, em São Paulo

14/02/2018 14h41

Seis chefes das principais agências de segurança dos Estados Unidos, incluindo aí CIA, FBI e NSA, disseram na última terça (13), durante uma reunião do Comitê de Inteligência do Senado americano, que existe risco de espionagem em celulares fabricados pela empresa chinesa Huawei.

Temos preocupações profundas com os riscos de permitir que qualquer companhia ou entidade que tenha laços com governos estrangeiros que não compartilham nossos valores ganhe posições de poder em nossas redes de telecomunicações

Christopher Wray, diretor do FBI

"Isto permite a capacidade de exercer pressão ou controle sobre nossa infraestrutura de telecomunicações", continuou ele. "Traz a capacidade de modificar maliciosamente ou roubar informações. E traz a capacidade de conduzir espionagem sem detecção."

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O histórico entre a Huawei e o governo americano é longo e conturbado, começando em 2003 com acusações da empresa Cisco sobre roubo de código para software de roteadores.

Em 2011, o Departamento de Defesa dos EUA comunicou o Congresso americano sobre uma conexão de risco entre a companhia e as forças militares da China, e um relatório do Comitê de Inteligência da Câmara de Representantes de 2012 corroborou esta preocupação.

Em 2013, o ex-diretor da CIA (Agência Central de Inteligência) e NSA (Agência de Segurança Nacional) Michael Hayden declarou, ao jornal Australian National Review, que "não é preciso nem dizer" que há uma relação íntima entre a Huawei e o governo chinês, que em teoria pode colocar usuários americanos em risco.

Estes receios e preocupações têm afetado significativamente as chances da Huawei crescer no mercado de smartphones dos EUA. Em janeiro, um acordo de distribuição entre a companhia chinesa e a gigante de telecomunicações AT&T foi desfeito, graças principalmente a "pressões políticas" quanto às relações da companhia e o governo chinês.

Huawei - Richard Yu - Reprodução - Reprodução
O CEO da Huawei, Richard Yu, já reclamou publicamente das acusações de espionagem do governo americao
Imagem: Reprodução

Resposta da Huawei

Como é de se esperar, a Huawei respondeu às declarações dos membros dos órgãos de segurança reforçando que é uma companhia com credibilidade mundial, e não traz riscos a possíveis usuários americanos.

"A Huawei está ciente das diversas atividades do governo americano com o aparente objetivo de inibir seus negócios no mercado do país", declarou um representante da empresa. "A Huawei tem a confiança de governos e consumidores de 170 países ao redor do mundo e traz tantos riscos de cibersegurança tanto quanto qualquer fornecedor de ICT, compartilhando como fazemos em relação a cadeias de produção globais e capacidades de produção."

Durante a CES 2018, a maior feira de eletrônicos do mundo, o CEO da Huawei, Richard Yu, criticou o posicionamento do governo americano e o bloqueio de negócios que a empresa sofre.

"Ganhamos a confiança das operadoras chinesas, ganhamos a confiança de mercados emergentes [...] e também ganhamos a confiança de operadoras globais, do Japão e Europa", disse. "Servimos mais de 70 milhões de pessoas pelo mundo. Provamos nossa qualidade, provamos nossa proteção à privacidade e segurança."

Ainda assim, a Huawei promete que, em algum momento, lançará seus celulares no mercado dos EUA.