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O fim do telefone fixo está próximo?

Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Bruna Souza Cruz

Do UOL, em São Paulo

22/05/2018 04h00

Você é daqueles que vivem se perguntando por que as pessoas ainda têm telefone fixo em casa? Em muitas regiões do Brasil, o sinal do celular ainda é baixo e a alternativa é o telefone fixo, mas os hábitos estão realmente mudando. E de forma rápida.

O número de brasileiros que está deixando de fazer ligações em aparelhos "antigos" vem caindo vertiginosamente desde 2014. Em apenas um mês (de fevereiro a março deste ano), a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) contabilizou o cancelamento de 94,5 mil assinaturas de linha fixa no país. Nos últimos 12 meses, foram 1.208.833 linhas a menos.

Pelas projeções da Anatel, o Brasil terá 38,5 milhões de linhas em 2020. Até abril deste ano, eram 40,4 milhões.

O motivo é óbvio: os brasileiros migraram para o celular. Mas não é só isso, dizem especialistas ouvidos pelo UOL Tecnologia.

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O número de smartphones já é maior que o número de brasileiros. Segundo pesquisa da FGV (Fundação Getúlio Vargas), até maio desde ano existiam 220 milhões de celulares ativos circulando no país, ante 209 milhões de pessoas, de acordo com o IBGE. 

A transição da linha fixa para a móvel se dá, principalmente, pela praticidade e pelo menor custo --este é um fenômeno mundial.

A linha móvel vai ser predominante? Vai. Porque é um telefone que está com você, não depende de lugar"

André Jaccon, especialista em telecomunicações e segurança da informação

Paralelamente a isso, desde 2014 há uma queda no número de linhas móveis também, explica Silvio Laban, engenheiro e diretor de marketing e conteúdo do Insper. Segundo ele, o volume é bem menor, mas não pode ser descartado. Provavelmente aliada à crise econômica brasileira, a queda nas linhas de celular foi de 280,7 milhões em 2014 para 236,5 milhões em 2017.

A internet também é culpada

Chamadas de imagem e de voz, mensagens de áudio e práticos serviços de troca de mensagem online também influenciam o processo, ressalta Eduardo Jacomassi, gerente de universalização da Anatel:

Cada vez mais pessoas têm outras alternativas para fazer vídeo-chamadas. É um movimento de substituição pelo celular ou banda larga

Além disso, explica, costuma ser mais barato usar um celular pré-pago ou com plano controle do que ter uma linha fixa.

Quando vai acabar?

A tendência é que o número de linhas fixas caia cada vez mais rápido, mas a legislação brasileira obriga que as empresas concessionárias garantam o funcionamento do serviço nas regiões em que atuam. Por isso, é muito difícil que os telefones fixos deixem de funcionar no curto prazo sem uma mudança na lei.

"As obrigações regulatórias forçam as empresas a investir neste serviço mesmo se não houver demanda", explica Francisco Carlos, diretor do SindiTeleBrasil (Sindicato Nacional da Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal), que defende que seus associados possam, por isso, migrar da concessão para autorização de prestação de serviço.

As concessionárias são as empresas que compraram as antigas empresas telefonias e herdaram a maior parte dos assinantes. Elas operam nas redes que já existiam no Brasil antes de 1998, quando ocorreu a privatização do setor de telecomunicações, e têm a obrigação de garantir a continuidade do serviço em todo o Brasil e manter o funcionamento dos orelhões. Além disso, as tarifas e os tipos serviços neste setor precisam ser regulados pela Anatel.

As autorizadas são empresas que começaram a atuar depois da privatização e receberam aval do governo para operar em determinadas regiões do Brasil. Elas determinam os preços de cada serviço sem a necessidade de aprovação da Anatel.

maior porcentagem de queda dos terminais fixos foi entre as concessionárias, mas o setor privado também é afetado, ainda que em menor proporção.

Jacomassi explica que, como as concessionárias possuem uma base de assinantes maior há vários anos, é natural que elas registrem as maiores perdas de acesso.

É um pouco confuso, mas algumas concessionárias também atuam como autorizadas. Por isso, é normal que nomes conhecidos como Claro, Telefônica e Oi ofereçam os dois serviços --nestes casos, elas não têm a obrigação de levar o serviço para todo o Brasil ou manter os orelhões. A divisão é feita por regiões.

A Oi, por exemplo, atua no Nordeste, Norte e parte do Centro-Oeste brasileiro. A Telefônica só presta serviços em São Paulo.

Participação de mercado das linhas fixas nas concessionárias

  • Oi - 13.065.965 (56,03%) linhas
  • Telefônica - 9.330.960 (40,01%) linhas
  • Algar Telecom - '756.010 (3,24%) linhas
  • Sercomtel - 165.874 (0,71%) linhas
  • Claro - 1.824 (0,01%) linhas

Participação de mercado das linhas fixas nas autorizadas

  • Claro - 10.818.655 (63,12%) linhas
  • Telefônica - 4.777.058 (27,87%) linhas
  • TIM - 739,454 (4,31%) linhas
  • Algar Telecom - 350.954 (2,05%) linhas
  • Oi - 166.557 (0,97%) linhas
  • Sercomtel - 88.870 (0,52%) linhas
  • Cabo - 36.712 (0,21%) linhas
  • BT - 3.970 (0,02%) linhas

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