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Facebook cedeu dados de usuários a empresas como Apple, Amazon e Samsung

Mark Zuckerberg, executivo-chefe do Facebook - Saul Loeb/AFP
Mark Zuckerberg, executivo-chefe do Facebook Imagem: Saul Loeb/AFP

Do UOL, em São Paulo *

04/06/2018 09h30

Após o megaescândalo com a Cambridge Analytica, o Facebook continua no centro das denúncias de violações de privacidade. A empresa teria feito acordos ao longo da última década com ao menos 60 fabricantes de smartphones, tabletes e dispositivos móveis que os permitem acessar dados pessoais de milhares de usuários sem que os clientes tenham consentido.

A informação foi divulgada nesta segunda-feira (4) pelo jornal "The New York Times". Entre as companhias citadas na reportagem, estão a Apple, Amazon, BlackBerry, Microsoft e Samsung.

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Entenda

A maior parte destes acordos de compartilhamento de dados pessoais ainda estaria em vigor e permite ao Facebook estender seu raio de ação, deixando os fabricantes livres para oferecer e difundir aos próprios clientes alguns dos serviços mais populares do colosso das redes sociais.

Em troca, o Facebook permitiu que as empresas como Apple e Samsung acessassem informações pessoais dos usuários da rede e de seus "amigos" na plataforma social, inclusive em casos de pessoas que se dizem convencidas de que negaram o compartilhamento dos próprios dados.

Depois do escândalo da Cambridge Analytica, que se refere a "furto" de dezenas de milhões de dados pessoais de usuários do Facebook utilizados para fins políticos, este novo caso coloca em risco o grupo de Mark Zuckerberg.

Em resposta à denúncia levantada pelo "The New York Times", o vice-presidente do Facebook, Ime Archibong, disse que a empresa cedeu o acesso aos dados dos usuários aos fabricantes de dispositivos móveis apenas para que os aparelhos tivessem a rede social, "em uma época em que não existiam aplicativos".

O executivo ressaltou que os 60 fabricantes assinaram acordos que impedia o uso dessas informações para fins diversos, e garantiu que sempre foi solicitada a permissão dos usuários.

"Nos primeiros dias da época mobile, não existiam os aplicativos. Por isso, empresas como Facebook, Google, Twitter e YouTube tinham que trabalhar diretamente com os fabricantes de sistemas operacionais para que seus produtos chegassem às mãos das pessoas", afirmou o executivo, apesar do "NYT" afirmar que os acordos estariam em vigor.

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Entenda o caso

Em 2013, a consultoria britânica Cambridge Analytica supostamente usava dados pessoais coletados do Facebook para criar perfis psicológicos e gerar anúncios personalizados em campanhas políticas. O escândalo ganhou força após reportagens dos veículos "The New York Times", "The Guardian" e "Channel 4".

O fato provocou o movimento #DeleteFacebook, conclamando usuários a parar de usar a plataforma. As empresas do magnata Elon Musk, Tesla e SpaceX, saíram de lá, assim como a fundação Mozilla.

Mark Zuckerberg, chefe do Facebook (e do Instagram e do WhatsApp, vale dizer) vem tentando dar explicações, admitiu que errou e tomou algumas providências, mas muitas perguntas ficaram no ar.

Em sua turnê de desculpas, o empresário realizou depoimentos ao Senado e Congresso dos Estados Unidos, buscando limpar a imagem da empresa, que sofreu forte desvalorização no mercado. Ao Senado, Zuckerberg pediu desculpas e voltou a assumir os erros que ele e sua empresa cometeram, enquanto ao Congresso ele afirmou ter sido uma das vítimas dos vazamentos de dados feitos pela Cambridge Analytica.

Em maio, Zuckerberg falou ao Parlamento Europeu. Em meio a mais desculpas, teve que explicar a postura da rede social sobre supostamente diminuir o alcance ou bloquear conteúdos de páginas de direita. "Não queremos estar na posição do Facebook dizer que o que é verdade ou falso. Por isso trabalhamos com checadores terceiros", argumentou.

* Com Agência Ansa

Ainda há muita desconfiança em relação a Zuckeberg e este pode ser o motivo

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