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Futuro do Facebook não parece promissor, dizem analistas

O futuro do Facebook não parece mais tão promissor para analistas  - Reprodução/Hollywood Reporter
O futuro do Facebook não parece mais tão promissor para analistas Imagem: Reprodução/Hollywood Reporter

Helton Simões Gomes

Do UOL, em São Paulo

26/07/2018 13h22

O Facebook faturou US$ 13,2 bilhões (o equivalente a R$ 47,5 bilhões) entre abril e junho deste ano, um resultado 43% superior ao do mesmo período do ano passado. Ainda assim, o mercado não gostou nada nada do que viu no balanço da empresa, publicado ontem (25). Tanto é que as ações já caíram 18% nesta quinta-feira (26), o que fez a empresa perder US$ 119 bilhões em valor de mercado.

Para você ter ideia de como isso é negativo, isso é mais de três vezes o que o Facebook encolheu depois do pior escândalo de sua história: o vazamento de dados da Cambridge Analytica. Por que isso está acontecendo? Analistas têm uma explicação: o futuro não é nada promissor.

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Futuro não é promissor

Depois de Mark Zuckerberg, presidente-executivo da rede social, conversar com especialistas do mercado, eles começaram a disparar suas recomendações.

“A perspectiva foi uma surpresa negativa”, diz o Bank of America. A instituição completa: a situação da rede social leva a “uma leitura preocupante das principais tendências de crescimento do engajamento do Facebook e dos custos de infraestrutura de longo prazo, que permanecerão como excesso.” Em outras palavras, o banco desconfia de que os usuários ainda possam se interessar pelo Facebook, enquanto os custos para que tudo funcione permaneçam altos.  

A empresa ampliou sua receita, mas abaixo da expectativa, que era de US$ 13,4 bilhões. Isso é ainda pior, porque desde 2015 o Facebook sempre atingiu as metas. 

Zuckerberg disse que não esperava um impacto significativo por conta do caso envolvimento a consultoria política Cambridge Analytica, mas os números do último trimestre sugeriram uma desaceleração.

“Acompanhando os resultados do segundo trimestre que foram apenas modestamente abaixo das expectativas, o Facebook introduziu sóbrias diretrizes para o segundo trimestre e de longo prazo que sugerem que o negócio irá demonstrar uma receita que cresce ainda mais devagar e ainda a um ritmo significantemente menor do que os investidores estavam prevendo”, apontou a Evercore.

O ceticismo é ainda maior, porque o Facebook espera para o terceiro e quarto trimestres receitas que cresçam, mas com desaceleração ainda maior.

O Barclays ficou “desapontado” com os resultados. Para o banco, “há mais problemas de engajamento sérios com o negócio chave do Facebook que se materializaram recentemente que eles estão tentando consertar.”

Segundo a instituição, a aura sobre o Facebook, de empresa tecnológica que representava o futuro e crescia fortemente está se esvaindo. “O Facebook está mudando do topo de um pedestal sentimental para um terreno bastante estável.” Ou seja, a empresa pode deixar de crescer, o que desanima os investidores

Outros serviços não parecem lucrativos o suficiente

Ainda que o Facebook dependa principalmente da rede social principal, há outros produtos dentro da empresa, como WhatsApp e Instagram, que podem gerar receita. Só que analistas não acreditam que eles sejam potentes o suficiente para suprir a desaceleração do Facebook.

“Na nossa opinião, os novos motores do Facebook (Instagram, Watch, Stories, Messenger/WhatsApp, realidade virtual), francamente, não são grandes o suficiente no curto ou médio prazo para alterar o crescimento em desaceleração”, disparou o banco UBS.

Já o Bank of America até espera que haja alguma reviravolta em como essas plataformas geram dinheiro, mas vai depender de ajustes. “A receita pode acelerar novamente depois de uma mudança de uso no Stories e vídeos e de um período de ajuste.”

Existem dúvidas, por exemplo, sobre como o Facebook pode ganhar dinheiro com o WhatsApp

Cadê os Usuários? Por que eles estão se afastando?

Os analistas também desconfiam que o Facebook não seja capaz de continuar aumentando sua base de usuários e os mantendo engajados. 

O Facebook fechou o segundo trimestre com um volume de 2,2 bilhões pessoas conectadas a sua plataforma por mês – desse total, 1,5 bilhão se conecta todos os dias. A ampliação de sua base ficou em 11%, mas, ainda assim, abaixo dos 13% registrados no mesmo período de 2017.

O Barclays considerou que o Facebook enfrenta um risco, já que tem de lidar com “investimentos para transformar ou proteger seu ecossistema”, além de ter de lidar com a “desaceleração do engajamento.”

"Nossa comunidade e negócios continuam a crescer rapidamente. Estamos comprometidos em investir para manter as pessoas seguras e seguras, e continuar construindo novas maneiras significativas de ajudar as pessoas a se conectarem", disse Mark Zuckerberg, CEO da empresa.

Talvez por isso, o Facebook tenta entrar na China, o país com maior número de internautas do mundo, para angariar novos usuários. Apesar das constantes viagens de Zuckerberg ao país, o movimento mais ousado nessa direção foi a abertura de uma subsidiária por lá. Ainda assim, o Facebook permanece bloqueado.

Stories: close errado do Facebook

Outro ponto destacado por analistas é que a nova aposta do Facebook, a de usar os Stories para atrair pessoas, não tem se mostrado tão rentável.

O Morgan Stanley também não gostou dos resultados do Facebook e passou a sinalizar que o patamar das ações estava superestimado. Para o banco, a empresa tem pesado a mão ao incluir os Stories em todas as suas plataformas, do Instagram ao WhatsApp. “A mudança é mais notável porque, como nós acreditamos, a guinada dos Stories são uma combinação da decisão do Facebook de aumentar sua ênfase em levar os usuários de seu modelo atual para o formato dos Stories de uma forma mais rápida

A instituição considera que essa não seja uma melhor estratégia, já que “o formato dos Stories ainda está faturando a taxas bem menores do que as do News Feed”.

Regulação no pescoço

Os especialistas consideram ainda que o recente escrutínio que paira sobre o Facebook devido à forma como trata da privacidade dos usuários pode atrapalhar os negócios.

O Morgan Stanley até suaviza, argumentando que o Facebook consegue tirar proveito de situações problemáticas, como a tremenda queda de suas ações após a revelação do escândalo da Cambridge Analytica.

Entretanto, o banco julga que a rede social está em uma posição em que não consegue se livrar do mal-estar de estar constantemente na corda bamba da legislação. “Facebook permanece na encruzilhada dos reguladores e políticos e das políticas de [proteção] de dados e de privacidade.”

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