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Editar os genes dos bebês é eticamente aceitável ou reforça preconceitos?

CRISPR/Cas9 é a mais promissora tecnologia de edição genética -
CRISPR/Cas9 é a mais promissora tecnologia de edição genética

Da DW

28/07/2018 04h00

Melhorar os genes de bebês ainda não nascidos deveria ser permitido do ponto de vista ético. É o que defendeu um painel de médicos de uma fundação britânica que se ocupa com questões de bioética. Novas tecnologias que permitem a médicos editar o DNA de um embrião para reduzir os riscos de desenvolvimento de doenças na fase adulta são proibidas em vários países.

Mas o Conselho Nuffield de Bioética afirmou que alterações genéticas que garantam uma vida melhor para as pessoas podem ser moralmente aceitáveis desde que não aumentem a discriminação e a divisão social.

O uso potencial da edição de genomas para influenciar características de gerações futuras não é por si só inaceitável. Não há motivos para simplesmente descartá-la

Karen Yeung, presidente do painel e professora de lei e ética na Universidade de Birmingham University

O painel não defendeu uma mudança na legislação britânica, mas que sejam feitas pesquisas sobre a segurança e os efeitos da tecnologia, também na sociedade, bem como um amplo debate.

Opositores da edição genética afirmam que ela poderá levar à criação de pessoas que teriam vantagens genéticas injustas sobre os outros, o que ampliaria as desigualdades sociais.

Um dos principais opositores no Reino Unido, o cientista David King, afirmou que as posições do Conselho Nuffield levariam à criação de "bebês sob medida", para os quais os pais poderiam escolher as características genéticas:

Precisamos de uma proibição internacional para a criação de bebês geneticamente editados

O debate ocorre na sequência de um alerta de que a mais promissora tecnologia de edição genética, a CRISPR/Cas9, pode ser mais perigosa do que se pensava.

Cientistas que testaram a tecnologia em células humanas e de camundongo concluíram que ela frequentemente leva a mutações genéticas não desejadas, afirmou um estudo publicado nesta segunda-feira na revista NatureBiotechnology.

Descobrimos que mudanças no DNA foram seriamente subestimadas até agora

Allan Bradley, cientista britânico e um dos autores do estudo

Outro estudo, publicado no mês passado, sugere que a CRISPR/Cas9 pode elevar o risco de câncer em algumas células.