Volta do flip? Como um celular dobrável de duas telas quer revolucionar
O britânico Alan Turing é considerado "apenas" o pai da computação. Já o norte-americano Edwin Powell Hubble se destacou na astronomia a ponto de ter seu nome usado para batizar o famoso telescópio espacial que ajudou a moldar a forma como os humanos compreendem o espaço. O que esperar então de um celular que junta o nome dessas duas pessoas lendárias?
Trata-se do Turing HubblePhone, aparelho anunciado recentemente pela empresa finlandesa Turing Robotic Industries, criada por ex-funcionários da Nokia, e que tem uma concepção que tende a revolucionar o mercado. Quer dizer, isso ao menos em tese, algo que explicaremos mais adiante.
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Mas para começar, o que é o tal HubblePhone? Trata-se de um aparelho de duas telas que lembra um bocado os celulares flip. A coisa começa a ficar meio doida quando os seus criadores definem essa tela como "multi-dimensional".
Olhando as poucas fotos do protótipo, é possível ter uma noção do que eles quiseram dizer: em vez de se movimentar "para cima e para baixo", como um celular flip tradicional, a tela do HubblePhone pode ser colocada em outras posições. É um movimento que lembra um bocado o daquelas mesinhas de avião que ficam alocadas nos braços das poltronas --e algo inédito no segmento de celulares.
Nesta tela que pode ser movimentada, é possível notar uma câmera em sua borda que, por ficar em uma parte do vidro da tela, sinaliza a presença de um entalhe. É provável que, além de uma câmera tradicional, ela também sirva para outras funções, como reconhecimento facial.
Por falar em câmera, é possível ver outra lente na estrutura responsável pela articulação do aparelho. E o uso do nome Hubble faz sentido quando a Turing afirma que ela terá um zoom óptico - ou seja, sem a distorção causada pelo zoom digital - de 15 vezes, algo totalmente distante do padrão visto na indústria.
Ainda de acordo com a fabricante, o celular terá um software de edição de imagens capaz de superar completamente qualquer existente nos dias de hoje.
A Turing completa dizendo que a sua criação terá não um, mas dois processadores da arquitetura Snapdragon 855 --que, aliás, ainda não foi anunciada pela Qualcomm. A ideia, claro, é oferecer um poder sem precedentes, capaz de utilizar tecnologias como realidade virtual e aumentada sem qualquer problema.
Teoria linda, mas a prática…
Tudo o que a Turing afirma sobre o seu HubblePhone soa fantástico. Isso, ao menos, até vermos o retrospecto da empresa e notarmos que essa postura megalomaníaca se repetiu em outros produtos já "lançados", como o Turing Phone, de 2016 ou o Appassionato, de 2017.
O uso das aspas na frase anterior se justifica: a Turing nunca entregou um celular de fato completo aos seus clientes.
O TuringPhone foi entregue aos compradores em uma versão preliminar, enquanto o Appassionato só teve uma versão beta enviada para testes de veículos de imprensa --apenas alguns clientes que compraram antecipadamente o aparelho, pagando mais de US$ 1 mil, receberam uma unidade.
Sim: teve muita gente que desembolsou essa bela grana e ficou de mãos abanando. E uma das razões para isso é que a Turing decretou falência no início deste ano, logo após lançar o Appassionato.
Com esse retrospecto pouco favorável, é natural que a gente olhe para o HubblePhone com uma boa dose de ceticismo. E tudo isso piora ao descobrirmos o preço que a Turing pretende cobrar pelo aparelho: surreais US$ 2.750, com entregas começando - com sorte - em junho de 2020 nos Estados Unidos.
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