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Golpistas fingem ser técnicos de times para roubar dinheiro via WhatsApp

Conversa entre golpista que se passa pelo técnico João Vallim e possível vítima - Reprodução
Conversa entre golpista que se passa pelo técnico João Vallim e possível vítima Imagem: Reprodução

Gabriel Francisco Ribeiro

Do UOL, em São Paulo

17/08/2018 04h00

O nome de técnicos de equipes paulistas tem sido utilizado para um novo golpe no WhatsApp. De acordo com apuração do UOL Tecnologia, golpistas estão se passando por treinadores que disputam competições estaduais para extorquir dinheiro de atletas por meio do mensageiro para supostamente sacramentar uma negociação.

Um dos que teve o nome envolvido na ação foi João Vallim, treinador que comanda atualmente a Inter de Limeira, tradicional equipe do interior de São Paulo. De acordo com ele, o golpe chegou ao seu conhecimento pela primeira vez há três meses, mas voltou a ser aplicado recentemente.

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"Os caras mandam mensagem para as pessoas se passando por treinadores e dizendo que o clube tem interesse nele. Aí dizem que a equipe passa por uma situação financeira ruim e que a transferência seria por conta do atleta", denunciou João Vallim ao UOL Tecnologia.

Segundo o treinador, as vítimas costumam mora fora do Estado de São Paulo, especialmente no Norte e Nordeste. Há uma engenharia social por trás do golpe, já que são buscados diretamente atletas jovens ou sem clube - o golpista demonstra até conhecimento da posição em que a vítima atua.

"Um amigo meu me ligou para falar que um pessoal do Rio estava perguntando se ele me conhecia, porque eu estava pedindo dinheiro para transferência. Aí falei que não tinha nada a ver comigo. E se você liga para o número dizendo que quer falar com o João Vallim, ele te bloqueia", relata.

Como é a ação

O criminoso entra em contato por WhatsApp utilizando números, segundo João Vallim, com o prefixo 77 (Bahia). Pelo mensageiro, oferece a opção de jogar competições estaduais como Copa Paulista, Série A2 e Série A3 por alguma equipe paulista.

O autor da ação usa fotos de técnicos paulistas e diz que a equipe interessada oferece salário em dia, alimentação, alojamento, entre outros.

Vallim não foi o único que teve o nome usado por golpistas. O comandante da Inter de Limeira relatou que nomes de colegas que treinam equipes como o Rio Claro (atualmente na Série A2 de São Paulo e Copa Paulista), São Caetano (Série A1 e Copa Paulista) e Noroeste (Série A3 e Copa Paulista) também foram envolvidos.

João Vallim é técnico da Inter de Limeira e tem seu nome usado por golpista - Divulgação/Inter de Limeira - Divulgação/Inter de Limeira
João Vallim é técnico da Inter de Limeira e tem seu nome usado por golpista
Imagem: Divulgação/Inter de Limeira

A estratégia de buscar atletas de fora do Estado de São Paulo é vital para o golpe. Isso porque a CBF cobra uma taxa de transferência entre diferentes federações - este valor, que varia no golpe entre R$ 800 e R$ 2 mil, seria o cobrado pelos criminosos aos atletas que são vítimas da ação.

Os golpistas, então, passam o número de uma conta bancária de um suposto "supervisor" para que o jogador alvo faça o depósito. A reportagem do UOL Tecnologia teve acesso ao nome e número da conta da Caixa, que pertencem a um Manuel Carlos. O sobrenome é comum, o que dificulta uma investigação sobre essa pessoa.

Tentamos contato com o número de WhatsApp e ele não respondeu.

Até o momento, Vallim não recebeu o contato de ninguém que tenha caído no golpe, mas sabe que há vítimas da ação. Em entrevista ao Jornal Cidade, de Rio Claro, o técnico da equipe local, Adilson Francisco, confirmou que o seu nome também tem sido usado por golpistas que realizam a ação.

Evite a fraude

Vallim reforça que técnicos profissionais não costumam contratar jogadores - quem faz isso são outros funcionários do clube. Além disso, o pagamento da taxa só é feito depois que o contrato está na mesa e formalizado, com o jogador treinando na equipe.

O treinador diz que fará um boletim de ocorrência sobre o ocorrido, mas que policiais afirmaram que a própria divulgação do caso, por redes sociais ou outras formas, é vital para que outras pessoas não caiam na fraude.

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