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Até 12 horas por dia: Apple investiga trabalho ilegal em fábrica na China

Estudantes chineses trabalham em Apple Watches pelo mesmo período de profissionais, com horas extras ilegais - Reprodução
Estudantes chineses trabalham em Apple Watches pelo mesmo período de profissionais, com horas extras ilegais Imagem: Reprodução

Márcio Padrão

Do UOL, em São Paulo

29/10/2018 15h52

A Apple iniciou uma investigação em sua cadeia de suprimentos depois que um grupo de defesa dos direitos dos trabalhadores da China alegou que um dos fornecedores da empresa americana estava empregando ilegalmente estudantes chineses para fabricar os relógios inteligentes Apple Watch. A denúncia saiu no "Financial Times" no domingo (28).

A gigante do Vale do Silício abriu a investigação na semana passada, depois que a Sacom, um grupo de direitos humanos com sede em Hong Kong, alegou que a Quanta Computer, fornecedora taiwanesa da Apple, tem contratado estudantes para montar Apple Watches na cidade chinesa de Chongqing.

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Sacom disse que entrevistou 28 estudantes do ensino médio na fábrica da Quanta Computer em Chongqing no último trimestre. Todos os jovens ouvidos disseram que foram enviados para a fábrica para "estágios", mas realizaram os mesmos trabalhos que outros trabalhadores da linha de montagem e frequentemente trabalhavam horas extras e turnos noturnos, ambos ilegais para estudantes chineses.

Onze estudantes disseram que seus professores disseram que eles não se graduariam no horário se não completassem os estágios. "Estamos programados para trabalhar à noite, das 20h às 8h. Apenas um dia de folga é permitido por semana.", disse um deles.

"Repetimos o mesmo procedimento por centenas e milhares de vezes todos os dias, como um robô", disse outro estudante.

Em resposta, um porta-voz da Apple disse ao jornal: "Estamos investigando com urgência o relatório. Temos tolerância zero para o não cumprimento de nossos padrões e garantimos uma ação rápida e uma correção adequada se descobrirmos violações do código do fornecedor". Procurada pela reportagem, a Quanta Computer não respondeu.

Os supostos abusos remetem a violações trabalhistas descobertas em 2017 na cadeia de suprimentos do iPhone na fábrica da Foxconn (fabricante de componentes da Apple) em Zhengzhou.,Tanto a Apple quanto a Foxconn reconheceram que estagiários de estudantes haviam trabalhado ilegalmente horas extras. As duas empresas disseram na época que acabariam com a prática.

As alegações levantam novas questões sobre como a Apple administra sua cadeia de suprimentos em um momento em que as fábricas na China estão encontrando dificuldades para atrair jovens trabalhadores. A Apple publica uma lista de fornecedores a cada ano, em uma tentativa de destacar seu rigoroso monitoramento de seus parceiros de fabricação.

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