Huawei: rejeição no mundo sobe e boicote pode ir a quase 20 países; entenda
Apesar de a diretora financeira da Huawei ter sido solta após pagar fiança milionária, a gigante chinesa das telecomunicações continua enfrentando uma crise sem precedentes.
A lista de países onde atuam empresas que já anunciaram não pretender comprar equipamentos da companhia para implantar o 5G chegou a seis, com a adesão da França. Em breve, porém, esse número pode ir a quase duas dezenas, já que a Deutscke Telekom indicou que pode se unir a esse movimento. Isso incluiria no boicote a Alemanha, que até então seguia neutra em meio à investida dos Estados Unidos contra a empresa, e mais de dez países.
Não prevemos a contratação da Huawei para o 5G
Stephane Richard, presidente-executivo da francesa Orange
O executivo ainda afirmou estar em busca de um acordo com as rivais da Huawei, segundo a agência Reuters. "Estamos trabalhando com nossos parceiros tradicionais - Ericsson e Nokia."
Problemas na Europa
O anúncio foi uma péssima notícia, mas ainda pode piorar. A Deutsche Telekom, maior empresa de telecomunicações da Europa, informou estar revendo seus planos de contratação diante da suspeita sobre a segurança dos equipamentos fornecidos pela empresa chinesa na Alemanha e nos demais mercados europeus onde opera. Além de ser a matriz da norte-americana T-Mobile, a alemã possui outras subsidiárias presentes em 11 países além dos EUA.
Além de ser líder na Alemanha, A Deutscke Telekom obtém quase metade da receita de sua unidade norte-americana T-Mobile, que pode se tornar ainda maior -- aguarda análise sobre sua oferta de US$ 26 bilhões para comprar a Sprint.
Evitar comprar equipamentos da Huawei pode ser usado como moeda de troca para que as autoridades norte-americanas aprovem o negócio, informou a Reuters.
"O movimento parece uma estratégia de apaziguamento em relação ao governo dos EUA sobre o negócio da Sprint", disse uma fonte de uma empresa concorrente.
O posicionamento da Deutscke Telekom não é consenso na Alemanha, onde outras empresas de telecomunicação já negociam com fornecedores chineses à medida que elaboram suas propostas para participar do leilão do 5G no início de 2019 no país.
Para analistas, as operadoras alemãs enfrentariam uma tarefa bastante árdua caso quisessem boicotar a chinesa, já que dependem muito da Huawei.
Se a Deutscke Telekom decidir evitar a Huawei, subirá a sete o número de países onde ocorre boicote à maior fabricante de equipamentos de telecomunicação do mundo.
Os Estados Unidos levantaram sérias dúvidas sobre a segurança dos aparelhos da Huawei e apontar que os laços da empresa com o governo chinês podem ser usados para haver espionagem cibernética. O governo norte-americano impediu que aparelhos da chinesa fossem comprados e iniciou uma onda de boicote pelo mundo.
Austrália, Nova Zelândia, Reino Unido, Japão compunham a lista até a francesa Orange anunciar que vai recorrer a rivais da Huawei. O caso dos britânicos é curioso, já que a Huawei abriu um laboratório de pesquisa na região para que as autoridades pudessem inspecionar aparelhos e códigos em busca de algum indicativo de que favorecessem algum monitoramento por parte do governo chinês.
Em paralelo à preocupação levantada sobre a segurança dos aparelhos da Huawei, os norte-americanos ainda acusam a chinesa de ter furado o embargo imposto ao Irã e ter vendido ao país aparelhos que continham propriedade intelectual de companhias dos EUA.
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