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Não está fácil: mulheres são ofendidas a cada 30 segundos no Twitter

Levantamento confirmou que mulheres sofrem ataques constantes no Twitter - Getty Images/iStockphoto
Levantamento confirmou que mulheres sofrem ataques constantes no Twitter Imagem: Getty Images/iStockphoto

Rodrigo Trindade

Do UOL, em São Paulo

18/12/2018 14h08

A ONG Anistia Internacional divulgou nesta terça-feira (18) um estudo revelador sobre o tratamento recebido por mulheres no Twitter. Realizado em parceria com a Element AI, empresa de produtos de inteligência artificial, o levantamento apontou que, em média, as mulheres utilizadas como objeto de estudo eram alvo de mensagens ofensivas ou abusivas a cada 30 segundos na rede social.

Mais de 6,5 mil voluntários de 150 países montaram a "Patrula Troll", que filtrou 288 mil tuítes direcionados a 778 políticas e jornalistas dos Estados Unidos e Reino Unido em 2017.

Usando aprendizado de máquina e técnicas avançadas da ciência de dados, a Element AI calculou que 1,1 milhão de mensagens abusivas foram escritas em todo o ano para as mulheres estudadas. Na média, foi um tuíte a cada 30 segundos.

"A Patrulha Troll significa que temos os dados para bancar o que mulheres têm dito para nós há um bom tempo, que o Twitter é um lugar onde racismo, misoginia e homofobia estão autorizados a florescer sem controle", afirmou Milena Marin, consultora sênior de pesquisa estratégica da Anistia Internacional.

Os dados são ainda mais chocantes se considerada a cor da pele das jornalistas ou políticas. Mulheres negras, asiáticas e latinas tinham uma probabilidade 34% maior de receberem ofensas do que mulheres brancas.

A situação mais crítica é a das mulheres negras, atacadas, em média, a cada um de dez tuítes - para as brancas, a frequência era de um a cada 15.

"Descobrimos que, embora os abusos mirem mulheres de todo o espectro político, mulheres que não brancas eram mais suscetíveis aos ataques e mulheres negras eram desproporcionalmente miradas. O fracasso do Twitter em resolver esse problema significa que ele está contribuindo ao silenciamento de vozes marginalizadas", explicou Marin.

O estudo analisou as mensagens direcionadas a mulheres de lados opostos dos espectros políticos, com jornalistas de publicações com coberturas variadas, desde "New York Times" e "Guardian" até "Breitbart", "Daily Mail" e "The Sun". As ofensas foram direcionadas de forma similar entre personalidades liberais ou conservadoras, assim como funcionárias de publicações mais enviesadas à esquerda ou direita.

A Anistia Internacional afirma que o objetivo da pesquisa não é forçar que o Twitter remova o conteúdo ofensivo, mas pede transparência da rede social, especialmente sobre como ela usa aprendizado de máquina para detectar abusos. A ONG espera que os resultados da pesquisa incentivem que a empresa mude sua abordagem sobre o tema.