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Trocar esta única peça pode evitar ter que comprar outro computador

SSD, sigla para Solid State Drive, ou Disco em Estado Sólido - Rodrigo Lara/UOL
SSD, sigla para Solid State Drive, ou Disco em Estado Sólido Imagem: Rodrigo Lara/UOL

Rodrigo Lara

Colaboração para o UOL, em São Paulo

24/12/2018 04h00

Seu PC ou notebook velho de guerra começa, aos poucos, a pedir arrego. Um sintoma clássico de que os anos pesaram para a máquina vem na hora de ligar o computador e ter que esperar vários minutos para poder utilizá-lo. Numa hora dessas, o primeiro impulso é procurar uma nova máquina. Em muitos casos, a simples troca de um componente pode fazer com que um computador mais do que dobre a sua velocidade para realizar funções triviais, como iniciar o sistema operacional, navegar na internet e executar programas mais pesados.

Trata-se do SSD, sigla para Solid State Drive, ou Disco em Estado Sólido. Ao substituir um disco rígido tradicional (HD), o SSD agiliza o acesso às informações nele armazenadas.

E o melhor: há modelos de 240 GB que custam a partir de R$ 350. Ou seja, você gasta menos de um quarto do preço de um notebook novo de especificações medianas, que sai por volta de R$ 2.000.

Isso acontece porque no HD a gravação e a leitura dos dados é feita por uma espécie de agulha magnética (parecida com uma vitrola reproduzindo um disco de vinil), enquanto no SSD isso ocorre de maneira similar a um pendrive, com pulsos elétricos gravando dados em um circuito.

A diferença, na prática

Em boa parte dos casos, um dos grandes gargalos de desempenho dos computadores é a taxa de transferência de dados de um HD convencional. O número, em si, pode variar de acordo com a velocidade de rotação desse componente (medida em RPM, rotações por minuto), mas em uma peça do tipo comum, fica próximo dos 150 MB/s tanto para leitura quanto para a gravação.

Nos modelos mais simples de SSD essa taxa facilmente ultrapassa os 500 MB/s para leitura e 300 MB/s para gravação.

Em resumo: um computador equipado com o componente vai ler os dados três vezes mais rápido do que um HD comum e, pelo menos, armazenar informações duas vezes mais rápido.

"A rapidez com que ele grava e lê os dados é sua principal vantagem. Ele também está menos sujeito a danos físicos, já que não tem partes móveis, ao contrário de um HD convencional", afirma Sérgio Jorge Matos, técnico na assistência técnica Gameteczone, em São Paulo.

Ele também aponta que substituir um HD convencional por um SSD geralmente representa um ganho de desempenho imediato:

É claro que outras questões, como o tipo de conexão com a placa mãe, podem limitar um pouco o desempenho. Mas, de maneira geral, um SSD é mais rápido do que um HD

Para testar essa diferença de desempenho na prática, UOL Tecnologia fez medições utilizando um notebook Dell equipado com um processador Intel Core i5, 4GB de memória RAM e sistema operacional Windows 10.

A ideia era simples: clonar o conteúdo do HD em um SSD e ver o tempo gasto para tarefas simples, como ligar o computador ou abrir um navegador de internet. No caso do HD, utilizamos um modelo de 5.400 RPM presente originalmente no notebook. Já para o SSD, o modelo utilizado foi um MX300 da marca Crucial.

Matos foi o responsável tanto pela migração de dados quanto pela instalação dos componentes. Ambos os procedimentos são simples e qualquer pessoa com o mínimo de intimidade com componentes eletrônicos pode fazer isso em casa.

Com o HD normal, entre o momento que se apertou o botão de ligar o notebook até a hora que o Windows 10 terminou de carregar e estava pronto para ser utilizado se passou 1 minuto e 8 segundos. Uma verdadeira eternidade para muitas pessoas.

Mesmo depois desse tempo, abrir programas com o Windows Explorer ou até mesmo o menu Iniciar acabavam gerando engasgos no desempenho. O motivo para isso é que o disco ainda operava processos e estava em 100% de sua capacidade.

Com o sistema estabilizado, foi a hora de abrir um programa comum. Escolhemos o Google Chrome, o navegador de internet que, nessa configuração, levou pouco mais de 7 segundos para estar disponível para uso.

Feito o teste com o HD, foi a hora de retirar o componente e instalar o SSD. De cara, o desempenho impressionou: entre o apertar do botão liga/desliga do notebook e ele estar pronto para uso se passaram apenas 24 segundos, menos da metade do gasto pelo HD comum. Para abrir o navegador Chrome, foram gastos pouco mais de 2 segundos.

Além do tempo menor, a experiência de uso do notebook também se transformou. Ações simples como acessar o menu Iniciar ou usar o campo de busca da barra de tarefas ficaram muito mais fluidas. O notebook também ficou mais silencioso, uma vez que não havia um disco lendo dados o tempo todo, e também mais frio.

Vantagens e desvantagens

Já vimos que os SSD deixam no chinelo os HDs comuns no quesito velocidade e resistência a impactos. O custo-benefício em termos de melhora de desempenho também é interessante.

Por outro lado, os SSD tendem a ter uma vida útil mais curta do que a dos HDs e uma oferta de tamanho limitada quando pensamos na capacidade de gravação dos dados.

Enquanto os modelos mais comuns, de 240 GB ou 500 GB têm preços razoáveis, versões de SSD com 1 TB ou mais de capacidade custam alguns milhares de reais. Já no caso dos HDs, é comum encontrar modelos de 1TB ou mais por preços acessíveis.

Essa questão da capacidade, porém, é algo um tanto relativo, uma vez que tanto serviços de armazenamento de arquivos, documentos e fotos na nuvem quanto de streaming têm se tornado cada vez mais populares, tornando a demanda por espaço físico cada vez menor.