Topo

Como é o celular dobrável da Huawei, que ninguém pode tocar

Helton Simões Gomes

Do UOL, em Barcelona (Espanha)*

25/02/2019 12h23

A Huawei colocou as suas asinhas de fora e lançou o seu celular dobrável, o Mate X, para abater em pleno voo o Galaxy Fold, apresentado ao mundo pela Samsung apenas quatro dias antes. A chinesa, que aos poucos vai se consolidando como a segunda maior fabricantes de smartphones no mundo, fez de tudo para superar a líder sul-coreana. Achou que fez um trabalho tão bom que não deixa ninguém tocar no aparelho. Literalmente.

Com 5G, um jeito próprio de usar para a tela (frontal, traseira e a desdobrada) e até preço maior que o Fold, o Mate X parece ser uma tentativa de a Huawei deixar a Samsung para trás até na hora de ter sua tela dobrável explicada: enquanto a sul-coreana exibia no Fold imagens de uma borboleta, para que as asas do inseto representassem as telas que podem abrir e fechar, a chinesa chamou o seu sistema de Asas do Falcão. O UOL Tecnologia já viu o aparelho que, definitivamente, voa alto, mas não tem data certa para pousar nas lojas.

A Huawei mostrou o modelo no Mobile World Congress (MWC), maior evento de tecnologia móvel do mundo. Curiosamente, os visitantes que foram até o stand da empresa puderam ver o Mate X, mas não puderam tocá-lo. Não dá para saber se o aparelho é só um protótipo, mas é esquisito não quererem mostrá-lo totalmente fechado.

Fora isso, já deu para ver o que se pode fazer com o novo celular. Fechado, a tela frontal possui 6,6 polegadas e a traseira, 6,38 polegadas. A diferença entre as duas ocorre porque o sistema de câmera tripla ocupa toda a lateral da parte de trás do dispositivo. Quando está desdobrado, chega a 8 polegadas.

Essa configuração faz com que ele tire selfies e outras fotos com a mesma câmera. Para selfies, basta virar o celular e usar a tela de trás. Para outros tipos de fotos, você pode escolher usar o celular com uma só tela ou aberto.

O conjunto de câmeras é o mesmo do Huawei P20: uma lente teleobjetiva (que tira fotos com maior campo de visão) de 8 MP, uma lente grande angular de 40 MP e outra ultra grande angular de 20 MP.

Dá para tirar uma selfie com a câmera principal. Isso é uma vantagem que você não vai encontrar não só nos celulares dobráveis mas em nenhum smartphone

David Moheno, diretor de relações públicas da Huawei para América Latina

A tela pode ser dobrada e desdobrada porque ela é feita de OLED, LED orgânico, um material mais flexível do que o LED tradicional. A dobradiça por baixo do display possui mais de 100 peças removíveis. A esse conjunto, a Huawei deu o nome de Asa do Falcão e afirma que ele é o responsável pela durabilidade.

Segundo Moheno, os testes mostraram que o aparelho consegue ser dobrado e desdobrado cerca de 100 mil vezes antes de apresentar qualquer problema. Isso quer dizer que, se você abrir o celular 100 vez por dia, ele deve durar pouco mais de dois anos e meio.

Ainda que o aparelho não pudesse ser tocado, foi possível ver que o abrir e fechar é um processo simples e ocorre suavemente. Quando está totalmente dobrado, é menor que o Galaxy Fold, que também está em exibição da feira. No entanto, também não pode ser tocado pelos visitantes -- ele está em exibição dentro de uma gaiola de vidro.

Além das câmeras, o Mate X também toma emprestado o sistema de inteligência artificial do Huawei P20 Pro. Funciona assim: o celular aprende com o seu uso e começa a direcionar maior capacidade de processamento para recursos mais usados. Assim, ele também melhora o consumo da bateria durante esse processo.

Digamos que eu use mais apps de leitura de email e apresentações, mas nunca tire fotos. O celular saberá que eu sou alguém mais voltado para produtividade e me mostrará essas aplicações com maior agilidade

David Moheno

Apesar de, quando desdobrada, a tela ficar grande, do tamanho da de um tablet, a Huawei não mostrou o que pode ser feito com ela. Informou brevemente que há recursos multitarefas, mas o Mate X do MWC não exibiu como vários aplicativos conseguem ser rodados ao mesmo tempo. Já a Samsung fez questão de, já no lançamento, mostrar que o Galaxy Fold pode funcionar com até três aplicativos ao mesmo tempo. 

Ainda assim, o Mate X funciona sem engasgar. Abre aplicativos, de contatos, fotos ou a câmera, suavemente. E os fecha sem travar também. Quem viu o primeiro celular dobrável a ganhar vida, o chinês FlexPai, sabe que isso é um avanço, já que o celular tem de entender quando os serviços têm de ser exibidos em uma tela ou em duas.

Outra novidade do Mate X é sua capacidade de acessar as redes de 5G, a banda larga móvel substituta do 4G. A promessa é que ela seja até 20 vezes mais rápida que as redes atuais. Nos testes de laboratório da Huawei, que também fabrica os equipamentos de telecomunicação para o 5G, o Mate X atingiu velocidades de 4,6 Gigabit por segundo. "Com isso, você consegue baixar um vídeo de alguns gigas em poucos segundos", diz Moheno.

Se você não vê a hora de colocar as mãos em um desses aparelhos, é melhor respirar e preparar o bolso. A Huawei não fixa uma data para sua chegada às lojas. Diz apenas que deve ocorrer no meio de 2019, mas não informa com precisão quais mercados o receberão.

O modelo sairá por incríveis 2.299 euros (equivalente a R$ 9.777). A título de comparação, o iPhone XS Max de 512 GB, um aparelho caro em qualquer mercado, sai na Europa por 1.499 euros (R$ 6.338).

Ficha técnica do Huawei Mate X

Tela principal: 8" Oled (2.480 x 2.200 pixels)
Tela externa: 6,6" (frontal) e 6,4" (traseira)
Processador: Kirin 980
Memória: 8 GB RAM, 512 GB
Bateria: 4.500 mAh carregamento rápido (SuperCharge)

*O jornalista viajou a convite da Huawei