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Por que o Facebook gasta tanto dinheiro com a segurança de Zuckerberg?

A diretora de operações do Facebook, Sheryl Sandberg, e o executivo-chefe, Mark Zuckerberg - Divulgação/Facebook Sheryl Sandberg
A diretora de operações do Facebook, Sheryl Sandberg, e o executivo-chefe, Mark Zuckerberg Imagem: Divulgação/Facebook Sheryl Sandberg

Márcio Padrão

Do UOL, em São Paulo

16/04/2019 13h48

Resumo da notícia

  • Facebook gastou US$ 22,6 milhões em 2018 com segurança de Zuckerberg
  • Em 2014, valor foi de US$ 6,3 milhões; de 2017 para 2018, mais que dobrou
  • "Sentimento negativo" com o Facebook associado ao executivo elevou gastos
  • Segurança da chefia do Facebook tem 70 pessoas; "Zuck" é monitorado 24/7

Não foi apenas a credibilidade do Facebook que foi abalada em 2018 por causa da crise de abuso de dados da Cambridge Analytica. A segurança pessoal de Mark Zuckerberg, executivo-chefe da empresa, foi bastante reforçada também, indo de US$ 6,3 milhões em 2014 para US$ 22,6 milhões em 2018 --o equivalente a R$ 91,7 milhões.

Nos três primeiros anos deste intervalo, tudo parecia sob controle. Zuckerberg gastou em sua proteção pessoal "apenas" US$ 5 milhões (2015), US$ 6 milhões (2016) e um salto maior em 2017 para US$ 9,1 milhões; um crescimento de 50% neste último. Já nos últimos 12 meses, o valor alcançou os US$ 22,6 milhões, mais que o dobro do ano anterior.

O documento enviado pelo Facebook à Comissão de Títulos e Câmbio dos Estados Unidos também destaca que o braço direito de "Zuck", a diretora de operações Sheryl Sandberg, também teve sua segurança orçada em US$ 3,8 milhões em 2018, contra US$ 2,6 milhões de 2017.

Mas por que tudo isso?

De acordo com uma reportagem recente do Business Insider, Zuckerberg recebe várias ameaças de morte por semana, e ele e Sandberg têm muitos stalkers que vigiam seus passos, postados publicamente em seus perfis. Zuckerberg tem 118 milhões de seguidores no Facebook, e Sandberg, 2,2 milhões.

Então os altos gastos de segurança para os executivos são assumidos como naturais pela empresa. E o salto imenso de valores no último ano para Zuckerberg teriam a ver com a exposição pessoal dele perante ao caso da Cambridge Analytica, que o levou a audiências públicas no Congresso americano. O "sentimento negativo" associado do Facebook reverbera no executivo.

Acreditamos que o papel do sr. Zuckerberg o coloca em uma posição única: ele é sinônimo de Facebook e, como resultado, o sentimento negativo em relação à nossa empresa está diretamente associado e, muitas vezes, transferido para o sr. Zuckerberg. O sr. Zuckerberg é um dos executivos mais reconhecidos no mundo, em grande parte como resultado do tamanho de nossa base de usuários e nossa exposição contínua à mídia global, atenção legislativa e regulatória
Documento do Facebook ao Comissão de Títulos e Câmbio dos EUA

Depois da bonança, a tempestade

Em anos anteriores, o Facebook estava em um céu de brigadeiro, com bom crescimento anual e submetido a críticas pontuais sobre a pouca privacidade do formato da plataforma.

As maiores controvérsias na verdade vieram de um de seus braços, o WhatsApp, que foi bloqueado em 2015 e 2016 no Brasil por problemas com a Justiça. Ironicamente, o app foi criticado pelo excesso de privacidade que o mensageiro dava a criminosos procurados. Os boatos também já são problema antigo; na Índia, em 2017, sete pessoas foram linchadas por causa de um boato que circulou no WhatsApp.

Entre 2015 e 2017 Zuckerberg estava em uma boa fase pessoal, com o nascimento de suas filhas, a fundação de uma iniciativa filantrópica e um desafio pessoal de conhecer os 50 estados norte-americanos em 2017 para "aproximar o mundo", que foi visto por alguns como uma pré-campanha de uma eventual candidatura a presidente dos EUA.

Claro que neste período ele já recebia proteção pessoal, mas em 2018, com o aumento repentino da má popularidade do Facebook e a maior circulação pública de Zuckerberg para responder à crise, os gastos aumentaram de forma proporcional ao tamanho do problema.

Em julho do ano passado, o Facebook já havia aprovado um adicional de US$ 10 milhões para a segurança de Zuckerberg e sua família.

Um exército de 70 pessoas

A equipe de segurança do alto escalão do Facebook é composta de 70 pessoas. A equipe monitora as redes sociais por menções a Zuckerberg e Sandberg. Eles também são os únicos dois executivos do Facebook com proteção 24 horas por dia.

Zuckerberg pode gastar o dinheiro que o Facebook reserva à sua segurança em guarda-costas, medidas de segurança para suas casas e aviões particulares.

2018, o ano que a casa caiu para o Facebook

Relembre os escândalos

O executivo-chefe também foi forçado a receber ordens de restrição contra pessoas que o seguiam obsessivamente e que tentaram entrar em contato com ele em várias instâncias.

De acordo com a Business Insider, guardas armados ficam do lado de fora da casa de Zuckerberg e, caso ele queira ir a um bar, uma equipe se desloca antecipadamente para checar a segurança.

Para ser justo, não são apenas os chefes que contam com tanta segurança. Uma força de trabalho de 6.000 pessoas protege as instalações dos escritórios do Facebook atualmente. Alguns dos principais temores da empresa são carros-bomba, planos de contingência de terremotos, violência de gangues e preocupações sobre a espionagem patrocinada por governos.