Por que o Google vai ajudar a trocar a busca e o Chrome por serviço rival?
A punição aplicada pela União Europeia ao Google por ter usado o Android para minar a concorrência a seus outros produtos não acabou quando a empresa pagou multa de 4,34 bilhões de euros, a mais alta já aplicada por condutas que impedem adversários de competir.
Agora, para cumprir as medidas remediadoras impostas pelos europeus, o Google fará algo impensável até pouco tempo atrás: irá mostrar por quais aplicativos rivais as pessoas podem substituir seu motor de busca e seu navegador, o Chrome, dois dos serviços mais usados no mundo.
Daqui para frente, quando um europeu que tiver um celular Android abrir a Google Play, ele verá dois avisos. Um mostrando quatro opções à ferramenta de pesquisa do Google. Outro exibindo quatro alternativas ao Chrome.
Para explicar como tudo vai funcionar, o Google liberou dois exemplos. Na imagem que traz concorrentes à busca, são exibidos:
- Qwant;
- DuckDuck Go;
- Ecosia Browser;
- Seznam.
Já na imagem que apresenta os rivais do Chrome, são mostrados:
- Firefox;
- Microsoft Edge;
- Opera;
- Puffin Web Browser.
Essa lista de indicações não deve ser estanque. Paul Gennai, diretor de produto da empresa norte-americana de tecnologia, diz que esses serviços serão selecionados conforme sua popularidade e listados de forma aleatória.
Os apps que não estejam previamente instalados no aparelho serão incluídos com base em sua popularidade e mostrados em uma ordem randômica
A ação do Google não para aí. Caso alguém se interesse por algum desses aplicativos e o instale em seu celular, o Google vai ensinar como configurar o aparelho para que o serviço rival seja usado preferencialmente. Assim, se a pessoa optar pelo Duck Duck Go como pesquisador padrão, por exemplo, todas as vezes que ela fizer uma busca na internet, os resultados serão exibidos por este serviço e não pelo motor do Google.
A mesma lógica vai funcionar caso o usuário decida baixar um buscador concorrente ao do Google mas opte por manter o Chrome. Assim que abrir o navegador, o Google vai perguntar se esse usuário quer transformar o serviço rival na ferramenta de pesquisas online padrão do Chrome.
Essas mudanças começarão a aparecer tanto em celulares Android novos quanto em aparelhos antigos - para estes, valerá assim que o sistema operacional for atualizado. A alteração vale apenas no âmbito da União Europeia.
Esta é, pelo menos, a segunda mudança que o Google foi obrigado a implantar na forma como oferece seus serviços em decorrência da multa aplicada pelo bloco europeu. A primeira delas foi alterar o modelo de negócio com que o Android é oferecido.
O sistema operacional permaneceu gratuito para fabricantes de smartphone que quisessem usá-lo em seus aparelhos. Só que o Google passou a cobrar uma taxa, não revelada, para a instalação de seus outros serviços, como a Google Play. Anteriormente, o Google obrigava fabricantes que quisessem ter acesso à loja de aplicativos a, entre outras coisas, não modificar o Android substancialmente e a equipar os aparelhos com outras de suas ferramentas.
Essa prática foi considerada pela União Europeia um jeito de minar a possibilidade de rivais conquistarem espaço no smartphone das pessoas. A medida adotada agora tem o objetivo de remediar essa situação anterior, já que o Google não vai só exibir concorrentes mas ajudar usuários a configurá-los para se tornarem recursos padrão de seus smartphones.
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