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Amor imprevisível: algoritmo não escolhe por você, diz chefão do Happn

O Brasil está entre os três países com maior número de usuários - Divulgação
O Brasil está entre os três países com maior número de usuários Imagem: Divulgação

Bruna Souza Cruz

Do UOL, em São Paulo

02/05/2019 04h00

O amor nos tempos de internet tem ganhado requintes tecnológicos e cada vez mais ferramentas personalizadas para facilitar o encontro de almas (ou só para encontros casuais mesmo). Os sites de namoro ficaram no passado. A moda agora é conhecer pessoas com ajuda de aplicativos.

Quer um único encontro e nada mais? Quer namorar sério? Quer se relacionar com alguém do mesmo gênero que você? Tem um relacionamento aberto e é adepto do poliamor? Quer só fazer amizades? Tudo isso já é possível. A hiperconectividade levou muita gente a experimentar formas inusitadas e inéditas de relacionamento.

De um lado, há que viva o amor de forma imediata, ansiosa, despretensiosa ou que usa os apps como um game. Em contrapartida, há os que defendem que o uso desses sistemas facilita a interação e aumenta as chances de dar certo. Isso é o que defende Didier Rappaport, fundador do Happn, um dos principais aplicativos de relacionamento que funcionam no Brasil.

Para o executivo, a tecnologia facilita a vida até de quem quer encontrar o verdadeiro amor, principalmente para os mais tímidos e os que não têm tempo para sair e conhecer outras pessoas.

"As relações amorosas não são mais como eram há 50 anos. Agora o amor é moderno. Todo mundo anda muito conectado, mas muitos se sentem sozinhos na vida real. É difícil conhecer novas pessoas, começar a conversar com alguém", afirmou Rappaport, em entrevista ao UOL Tecnologia.

Rappaport esteve no Brasil e destacou que o país representa o "top 3" dos que mais usam o Happn. Atualmente, o aplicativo contabiliza 65 milhões de usuários espalhados em 50 cidades e 40 países.

Didier Rappaport, fundador do happn - Divulgação - Divulgação
Didier Rappaport, fundador do happn, acredita que o amor do futuro vai unir ainda mais a vida real e a vida virtual
Imagem: Divulgação

O amor é imprevisível e os alguns apps também

Para o executivo, existe uma ideia errada de que todos nós temos uma vida real e outra digital. Em um mundo cada vez mais conectado, com informações em tempo real, essa lógica não faz mais sentido. Por isso, o futuro do amor será conciliar totalmente esses dois "mundos", reforçou.

E nada de algoritmos tomando decisões para o usuário. Não, pelo menos, com o Happn.

"O aplicativo não decide nada por você. Você tem o controle. É como acontece na vida real. Você vai em um bar, vê várias pessoas e uma delas pode ser mais compatível com você. Com a tecnologia é a mesma coisa, mas tem a vantagem de as pessoas terem acesso antecipado a um mínimo de informações, como fotos e a descrição", afirmou. "Ele não mostra um perfil e diz que ele é o melhor para você. Ele mostra várias pessoas e você decide entre elas", acrescentou.

Como o Happn funciona e sugere pessoas então?

Diferentemente do Tinder, o mais popular por aqui, o Happn usa o sistema de geolocalização do celular como o parâmetro principal para listar pretendentes.

O processo começa antes mesmo de o usuário abrir o aplicativo. Quando uma pessoa cruza com outra na rua, os perfis combinam se elas possuírem preferências parecidas. O aplicativo deixa salvo então o exato local onde o encontro virtual aconteceu.

Happn, aplicativo de namoro, relacionamento - Divulgação - Divulgação
O aplicativo funciona com base na localização dos usuários
Imagem: Divulgação

Ao abrir o Happn, uma tela aparece com opções de perfis de pessoas que têm chances de serem compatíveis. Tudo com base nas ruas em que eles se cruzaram.

As interações seguintes são parecidas com as de outros aplicativos. Existem os "likes" que servem para informar o sistema sobre o seu interesse por uma pessoa (ou várias). Se um perfil também tiver te dado um like, o aplicativo libera a opção de conversa.

E se eu tiver problemas com um usuário específico?

Como na vida real, a vida virtual também não é perfeita. Algumas situações podem não ser como esperamos. Nestes casos, o aplicativo oferece algumas opções:

  • Bloqueio: impede que o perfil bloqueado entre em contato e apareça como opção entre os perfis de pretendentes;
  • Denúncia: em situações mais complexas o usuário pode denunciar um perfil. Quando isso acontece, o usuário denunciado recebe um aviso. Dependendo do caso, ele pode até ser banido se ferir as regras de uso do aplicativo.

E a segurança dos nossos dados?

Sobre a questão da privacidade e segurança das informações de seus usuários, Rappaport enfatizou que a empresa só tem acesso a localização das pessoas para permitir que elas se conectem. A venda desses dados para outras empresas não é permitida.

Para evitar problemas de vazamento, o executivo falou que a empresa costuma fazer vários testes de segurança -- colocam profissionais para tentar invadir o sistema. Se existir uma falha, ela é notificada para ser corrigida.

"Não pegamos e usamos a trajetória de ninguém [para outros fins]. Os dados que são armazenados são para o funcionamento do Happn (localização, fotos, idade). O sistema também pode ter acesso às informações que ficam públicas no Facebook. Somente isso. As privadas não ficam armazenadas aqui", explicou.

Como aumentar as chances de conhecer alguém legal?

O principal conselho do executivo é a honestidade, com você e com as outras pessoas. Nada de fotos falsas e descrição de perfil que potencialize suas qualidades. Fale a verdade.

Responder quando o crush começar a conversa também é importante. Não é legal deixar ninguém esperando.

Confira outras dicas:

Divulgue mais fotos suas: o seu perfil deve servir para dizer quem você é, mesmo que seja de um modo bem resumido. Mesmo que adore sair com os amigos, não use apenas fotos desses momentos. Invista em fotos do seu rosto e de momentos que registraram coisas que você gosta de fazer, como imagens com o seu bicho de estimação, de viagens...

Fale a verdade no seu perfil: use a criatividade para se descrever. Seja original e evite frases prontas. Elas não mostram nada sobre a sua personalidade. Uma prática importante que também deve ser evitada é usar frases que remetam a desilusões amorosas. Pode parecer que a pessoa não está aberta a novas relações.

Saia de casa: se você está interessado em conhecer novas pessoas, é fundamental que você saia do sofá no caso do Happn. Lembre-se que ele usa a sua localização e a da outra pessoa para fazer as combinações.

Diga o que gosta de ouvir: O aplicativo consegue mostrar as músicas que você mais gosta de ouvir por meio de uma parceria com o Spotify. Por que não divulgá-las? Assim fica mais fácil atrair perfis que tenham mais afinidade com o seu.

Não deixe ninguém falando sozinho: Quando a combinação acontece (crush), é comum que ninguém tome a iniciativa para iniciar uma conversa. Não seja aquela pessoa que fica esperando a outra iniciar o papo. Se você gostou mesmo, mostre interesse, não tenha vergonha em convidá-la para conversar em outras plataformas de troca de mensagem e chamá-la para sair.