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Qual o sabor do seu ritmo favorito? Algoritmo transforma música em receita

"Someday", dos Strokes, tem gosto de arroz de polvo com cebola na brasa e polenta rústica - Reprodução
"Someday", dos Strokes, tem gosto de arroz de polvo com cebola na brasa e polenta rústica Imagem: Reprodução

Luiza Ferraz

Colaboração ao UOL

25/05/2019 15h24

Resumo da notícia

  • Algoritmo sinestésico funciona com associação de parâmetros musicais do Spotify a variáveis culinárias
  • Projeto Sabor das Músicas envolveu seis meses de estudos com participação de neurocientista, maestro e chefe de cozinha
  • Inteligência artificial mistura classificações do Spotify com diferentes ingredientes para dar um prato correspondente a cada música

Quem nunca cozinhou com uma taça de vinho ao som da sua música favorita? Esse programa nunca falha, e, agora, você também poderá transformar o seu som de preferência em um prato original.

Em parceria com o Spotify, a Tramontina, especializada em utensílios de cozinha, e a J. Walter Thompson Brasil criaram um algoritmo sinestésico que transforma qualquer canção da plataforma em uma receita diferente. São 44 milhões de combinações.

Para viabilizar o projeto, denominado Sabor das Músicas, as marcas reuniram um neurocientista, um maestro e um chefe de cozinha. Trata-se de Dr. Marcelo Costa, chefe do departamento de neurociência da USP (Universidade de São Paulo), João Rocha, da Universidade do Kentucky (EUA) e Renato Carioni, treinador da equipe brasileira do Bocuse D'or.

Foram seis meses de estudo para que o plano se tornasse real. O primeiro passo foi o trabalho do neurocientista e do maestro em filtrar os parâmetros utilizados pelo Spotify para a classificação das milhões de músicas disponíveis. Para isso, eles se basearam no princípio da sinestesia, condição cerebral caracterizada pela superposição de sentidos.

"Se você considerar uma escola de samba com seus diversos instrumentos, aquela coisa bem densa, em termos de material sonoro, você pode relacionar a uma comida densa", explicou Rocha.

Assim, a categoria de 'duração' virou ingredientes; 'dançante' foi classificado como temperatura; 'energia' como densidade e textura; 'positividade' virou amargor/acidez e a nota musical é responsável pela harmonização.

Com base nisso, o chef classificou todos os principais ingredientes culinários dando notas a cada um deles. "Se uma música não é positiva, o sabor dela será amargo", afirmou Carioni.

Esse banco de dados foi reunido, dando origem a uma inteligência artificial que tem a mesma tecnologia utilizada em sistemas financeiros, que dá "match" entre as classificações do Spotify, assim como diferentes combinações de ingredientes. Com isso, foi possível criar os pratos.

Para descobrir o seu sabor é fácil. Basta acessar o site do projeto, conectar sua conta do Spotify e então escolher uma música de preferência. Feito isso, é só clicar em 'gerar receita' que ele vai calcular todos os parâmetros e chegará a uma culinária.

Para melhorar, embaixo de cada canção, há as instruções e ingredientes de como fazer cada prato.

No caso do clássico "Let it Be", dos Beatles, por exemplo, a sugestão é um filé de avestruz frito com queijo Brie, arroz branco e aligot. Que tal ligar o fogão com esse som ao fundo?