Topo

Digite "aqui": jovens trocam antigo hábito de tocar campainha pelo WhatsApp

E aí, você toca a campanhia ou usa o WhatsApp? - iStock
E aí, você toca a campanhia ou usa o WhatsApp? Imagem: iStock

Thiago Varella

Colaboração para o UOL, em São Paulo

05/06/2019 16h37

Quem tem mais de 30 anos, provavelmente, quando criança, deve ter tocado a campainha de algum vizinho e fugido. Era uma diversão se esconder e ver a cara de perdido do dono da casa. Mas as crianças de hoje provavelmente não conseguem mais fazer essa travessura. E a culpa disso tudo é dos "millennials" e seus celulares.

Para essa geração, não faz mais sentido tocar a campainha quando chega na casa de alguém. Basta mandar uma mensagem de WhatsApp dizendo "cheguei". Se você não é millennial ou da Geração Z, provavelmente não se deu conta disso. A internet americana só percebeu que isso é uma tendência com um tuíte.

"Alguém poderia escrever uma matéria sobre como os millennials estão matando a indústria das campainhas ao mandar uma mensagem escrito 'aqui'", postou @youngandjoven no domingo (2).

O jornal "Wall Street Journal", na verdade, chegou a fazer uma reportagem sobre isso em agosto de 2017. A matéria cita uma pesquisa informal feita no Twitter que mostrava que, de 11 mil usurários, 54% disseram que "campainhas eram estranhas e assustadoras".

Na reportagem, os millennials dizem que nem atendem a porta apenas quando a campainha é tocada; preferem checar antes quem é a visita na câmera de segurança.

"As campainhas servem para quem é de fora. A mensagem de texto significa que se trata de um amigo", afirmou na reportagem Tiffany Zhong, então com 20 anos, fundadora da Zebra Intelligence.

O BuzzFeed americano também fez um compilado de tuítes sobre o assunto. A usuária @Tellybutt, por exemplo, disse que "se você está tocando a campainha, significa que eu não te conheço e você veio sem convite. Por isso, não tenho obrigação de abrir a porta."

Já a @urfeverdream disse que a campainha a assusta. "Eu dou um pulo toda vez [que toca]. Me parece tão agressivo agora que você pode simplesmente mandar uma mensagem", tuitou.

O @HoshiNoTeribur chegou ao ponto de dizer que não conhece ninguém que tenha campainha.

De qualquer forma, não se sabe ao certo se a indústria das campainhas sofreu algum baque com essa tendência. Ela ainda deve atingir alguns públicos-alvo: desde os senhores de idade que detestam ou não se dão bem com tecnologia até os jovens que ficaram com o celular sem bateria ao chegar na porta da casa do amigo. E lembrem-se: bater na porta ainda é um bom truque, pessoal.

Resta saber também como os millennials reagirão quando todo mundo tiver câmeras de vídeo na porta de casa integradas a aplicativos no celular transmitindo em tempo real. Afinal, o mercado da casa conectada está em franca ascensão.