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Executiva da Huawei volta ao tribunal no Canadá; Pequim acusa país de violar acordo

Imagem de Meng Wanzhou em um dos aparelhos expostos em loja da Huawei - Ng Han Guan/AP Photo
Imagem de Meng Wanzhou em um dos aparelhos expostos em loja da Huawei Imagem: Ng Han Guan/AP Photo

Anna Mehler Paperny

10/12/2018 09h31

A vice-presidente financeira da gigante de telecomunicações chinesa Huawei Technologies deve voltar a um tribunal canadense nesta segunda-feira (10), onde vai lutar por sua liberdade com a ajuda de Pequim. O governo chinês agora acusa o Canadá de violar um acordo bilateral entre os países.

A executiva Meng Wanzhou foi presa pelas autoridades canadenses no dia 1º de dezembro a pedido dos Estados Unidos. A China criticou fortemente sua detenção e exigiu sua libertação imediata. Sua prisão agitou os mercados globais, já que os investidores temem que isso possa minar as tentativas de reduzir as tensões comerciais entre os EUA e a China.

Meng, de 46 anos, enfrenta acusações dos EUA de ter enganado bancos multinacionais sobre o controle da Huawei sobre uma empresa que opera no Irã, colocando os bancos em risco de violar as sanções dos EUA e incorrer em severas penalidades, mostraram documentos judiciais. Autoridades norte-americanas alegam que a Huawei estava tentando usar os bancos para retirar dinheiro do Irã.

A Huawei aparentemente sofreu outro revés no Japão, com as três principais empresas de telecomunicações do país decidindo não usar mais equipamentos da empresa e da ZTE Corp, informou nesta segunda-feira a Kyodo News.

O Japão proibiu as compras governamentais de equipamentos das chinesas para se proteger contra vazamentos de inteligência e ataques cibernéticos. Preocupações semelhantes deixaram a Huawei praticamente bloqueada do mercado norte-americano e outros países. A empresa afirma que Pequim não tem influência sobre ela.

Meng, que é filha do fundador da empresa, foi detida durante a transferência de voos no Canadá e compareceu em um tribunal na sexta-feira para sua audiência de fiança. Depois de quase seis horas de argumentos e contra-argumentos, a audiência foi adiada até esta segunda-feira.

Acordo bilateral

A China acusa o Canadá de ter violado um acordo bilateral ao não ter avisado imediatamente sobre a prisão da diretora financeira da Huawei, que abriu uma crise diplomática entre os dois países.

Segundo o protocolo consular China-Canadá, se um cidadão chinês é preso pelo governo canadense, este deve notificar imediatamente a embaixada chinesa

Lu Kang, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Pequim,

No fim de semana, o governo chinês já havia convocado os embaixadores do Canadá e dos EUA para cobrar explicações sobre a prisão de Meng. O vice-chanceler Le Yucheng chegou a dizer que Ottawa sofreria "graves consequências" se não libertasse a executiva.

Liberdade x extradição

Promotores canadenses defendem que executiva não seja liberada sob fiança, enquanto ela aguarda a extradição para os Estados Unidos. Mas Meng defendeu que deveria ser libertada sob fiança devido uma hipertensão grave, mostraram documentos judiciais divulgados no domingo.

Em um depoimento juramentado, a executiva disse que é inocente das alegações e as contestará em julgamento nos Estados Unidos se ela for entregue ao país.

Nesta segunda-feira, o juiz que acompanha o caso pode decidir libertar Meng sob várias condições, incluindo vigilância eletrônica, ou mantê-la na cadeia, de acordo com alguns especialistas legais.

Os EUA têm 60 dias para apresentar uma solicitação formal de extradição; se sua evidência convencer um juiz de que o caso tem mérito, o ministro da Justiça do Canadá decidirá se extraditará Meng.

A China criticou fortemente sua detenção e exigiu sua libertação imediata, ameaçando "consequências" para o Canadá, se não o fizer. Falando em Pequim na segunda-feira, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lu Kang, disse que "depende totalmente do Canadá" quais seriam essas consequências se "não manejarem corretamente" a situação com Meng.