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Por que a Amazon virou ameaça ao negócio de publicidade do Google?

Sundar Pichai, executivo-chefe do Google, em sabatina no Congresso americano - Alex Wong/Getty Images/AFP
Sundar Pichai, executivo-chefe do Google, em sabatina no Congresso americano Imagem: Alex Wong/Getty Images/AFP

Sheila Dang

05/05/2019 15h46

O Google, maior plataforma de publicidade digital dos Estados Unidos, está enfrentando o aumento da concorrência de sites onde as pessoas compram produtos e plataformas pensados para serem livres de conteúdo potencialmente ofensivo, afirmam anunciantes.

Um dia depois que a Alphabet, matriz do Google, apresentou o menor crescimento de receita trimestral em três anos, as ações da empresa caíram 7,5% na terça-feira -- o lucro ainda caiu devido ao pagamento de multas bilionárias por práticas anticompetitivas. Cerca de 85% da receita da empresa vem do negócio de anúncios do Google. O que ocorreu?

Uma palavra: Amazon
Mat Baxter, presidente-executivo global da Initiative, agência de compra de anúncios de propriedade da IPG Mediabrands

O executivo tem autoridade para falar, já que entre os clientes de sua empresa está a Amazon. Baxter disse que os clientes estão começando a movimentar o dinheiro investido em anúncios de plataformas onde as pessoas pesquisam produtos para serviços como o da Amazon, em que já estão realizando a compra. Esses anunciantes querem estar mais próximos do momento da transação.

Monica Peart, diretora de previsões da empresa de pesquisa eMarketer, ofereceu uma visão diferente:

A Amazon é, naturalmente, uma parte crescente dos orçamentos de publicidade dos anunciantes e parte do seu crescimento está chegando às custas do que teria ido para o Google. Mas esse não é um grande impacto no crescimento da receita publicitária do Google no momento

O Google, que, apesar da queda, teve receita de US$ 36,3 bilhões no primeiro trimestre, deve crescer a menores taxas, ou seja, desacelerar, à medida que os orçamentos globais de anúncios digitais e as economias internacionais também diminuem, disse Peart.

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Apesar da perspectiva dos analistas, a ameaça é relativamente pequena por ora. O negócio de anúncios da Amazon, que é combinado em um segmento de "publicidade e outras vendas", trouxe US$ 2,7 bilhões no primeiro trimestre, menos de um décimo das vendas de anúncios do Google.

O YouTube, a plataforma de vídeos do Google, também tem lutado para impedir a propagação de conteúdo adulto ou perturbador no site, levando alguns anunciantes importantes, incluindo a AT&T a remover seus anúncios por medo de aparecerem ao lado de conteúdo ofensivo.

Alguns clientes tomaram a decisão de recuar um pouco [do YouTube]
Jon Stimmel, diretor de investimentos da Universal McCann, uma agência de compra de anúncios e uma unidade da IPG Mediabrands

Esses clientes se reposicionaram em plataformas de streaming consideradas mais seguras, como Hulu e Roku, disse.