Decretada prisão preventiva de líder da oposição na Venezuela
Um tribunal de Caracas decretou, nesta segunda-feira (29), a prisão preventiva para o general da reserva e líder opositor Antonio Rivero, que se declarou em greve de fome após ser detido no último sábado (27).
Ele é acusado de ter incitado a violência nas manifestações da oposição depois da eleição de 14 de abril. Segundo uma nota da procuradoria, Rivero foi acusado "pelos supostos crimes de instigação a delinquir e associação para delinquir".
O tribunal "determinou a medida privativa de liberdade para o acusado", que ficará detido na sede do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin).
Na saída do tribunal, o irmão de Rivero, José Vicente, leu uma carta escrita pelo general, que também foi diretor de Defesa Civil entre 2003 e 2008. Nela, Rivero garante que não come nada desde sábado e se declara oficialmente em greve de fome.
"Trago ao conhecimento, diante da minha absoluta consideração de inocência por parte dos delitos de que me acusam e da privação do mais sagrado direito, minha liberdade, que me declaro em greve de fome, já tendo deixado de consumir alimentos desde o momento de minha detenção", escreveu Rivero.
Rivero foi preso ao meio-dia de sábado, depois de participar de uma reunião com o ministro do Interior, Miguel Rodríguez, que o convocou para esclarecer as acusações que pesam sobre o general.
Nesta segunda-feira, o líder da Vontade Popular, Leopoldo López, classificou Rivero de "primeiro preso político" do governo do presidente Nicolás Maduro e disse que o vídeo usado como prova pelo governo mostra o general da reserva "convocando" os estudantes a seguirem as orientações do líder da oposição Henrique Capriles e "a não entrar no caminho da violência".
Para López, Rivero foi detido por suas reiteradas denúncias sobre a presença de militares cubanos nas Forças Armadas. Ele garantiu que o caso será levado às "instâncias internacionais".
Em fevereiro, López foi acusado por tráfico de influência em um caso sobre financiamento ilegal de partidos.
Carlos Vecchio, que integra o comando de campanha "Simón Bolívar" (da coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática), denunciou que "toda essa perseguição busca esconder a verdade de tudo que aconteceu em 14 de abril".
"O governo tem dois problemas de fundo: não tem legitimidade e lhe falta liderança", criticou, referindo-se à perda de quase 700 mil votos por parte de Maduro em relação ao obtido pelo falecido presidente Hugo Chávez na eleição de 7 de outubro.