Greve geral na Grécia contra fechamento de TV pública
Milhares de manifestantes protestavam nesta quinta-feira diante da sede da rádio e televisão pública ERT em Atenas, em um dia de greve geral convocada contra o fechamento do grupo audiovisual público, decidido de maneira surpreendente pelo governo na terça-feira.
A medida inesperada provocou uma onda de indignação na opinião pública grega.
Ao meio-dia, o primeiro balanço da polícia calculava 12.000 manifestantes em todo o país, mas os organizadores citavam 20.000.
Em Atenas, quase 10.000 pessoas responderam à convocação de protestos dos sindicatos diante da sede da ERT, na zona norte de Atenas.
Os protestos denunciam a escalada de drásticos cortes orçamentários no país, que enfrenta o sexto ano de recessão e que recebe ajuda financeira dos sócios da Eurozona e do FMI.
Os transportes públicos e os serviços públicos eram os mais afetados pela greve.
O fechamento fulminante de todos os canais de televisão e das emissoras de rádio do setor público, decidido pelo governo do conservador Antonis Samaras, acaba de uma só vez com 2.700 empregos.
Uma faixa colocada diante do edifício histórico da ERT pede a "reação" dos cidadãos, porque "tudo está sendo liquidado".
Na sala de controle da ERT, ocupada pelos jornalistas que tentavam manter a programação no ar pela internet, tanto no site do canal quanto no da União Europeia de Rádio e Televisão (UER), Evi Zerva, chefe de redação, comemorava o "apoio de milhares de pessoas que pedem a reabertura da emissora", assim como o apoio do exterior.
Os jornalistas do setor audiovisual também estão em greve e não serão exibidos boletins informativos. Os jornais chegaram às bancas, mas na sexta-feira não serão publicados em consequência da greve.
Alguns voos foram cancelados no aeroporto internacional de Atenas pela greve dos controladores aéreos.
Samaras, cujo partido Nova Democracia é o único da coalizão governamental a apoiar o fechamento da ERT, defendeu a decisão e chamou a emissora de "ninho de privilégios", além de ter citado uma "opacidade e um esbanjamento".
Mas os outros partidos da coalizão governamental, o socialista Pasok e a esquerda moderada Dimar, pediram a Samaras uma reunião com todos os interessados para encontrar uma solução que permita a reabertura da ERT.
O líder socialista, Evangelos Vénizelos, afirmou que há um "ambiente de crise política" e pediu para o primeiro-ministro "proteger a unidade e o futuro do governo", formado há quase um ano, depois das eleições legislativas marcadas pela colossal crise econômica e social.
O fechamento da ERT foi condenado por várias organizações do setor de imprensa na Europa.