Mais de um bilhão de pessoas vivem sem eletricidade
Mais de um bilhão de pessoas vivem sem eletricidade e três bilhões usam combustíveis perigosos para saúde a fim de gerar energia, um sério obstáculo para o desenvolvimento e que demanda uma solução urgente, alertaram especialistas reunidos na Coreia do Sul.
O acesso à energia foi o tema que fechou nesta quinta-feira (17) o Conselho Mundial de Energia (WEC, na sigla em inglês), realizado esta semana em Daegu, na Coreia do Sul.
"A situação atual não é aceitável. Devemos parar de negar a realidade porque esse é um problema que deve ser motivo de preocupação para todo o planeta, é uma questão de paz social", declarou à AFP Marie-José Nadeau, uma canadense que sucede o francês Pierre Gadonneix na liderança do WEC.
"É um problema econômico e um problema educacional porque sem luz não se pode estudar à noite e sem corrente elétrica não há internet. Além disso, é um problema de pobreza e de saúde", afirmou, por sua vez, a diretora-geral da Agência Internacional de Energia (AIE), Maria van der Hoeven, em entrevista à AFP.
"Muitos países têm feito grandes progressos, como o México, a Tailândia, a China e a Índia, mas quando se sabe que na Indonésia 30% da população não têm acesso à eletricidade, é evidente que ainda há muito a fazer", afirma.
De acordo com a AIE, cerca de 1,5 bilhão de pessoas não têm acesso à energia elétrica e 2,8 bilhões cozinham com combustíveis altamente poluentes (madeira, querosene, carvão), cuja fumaça produzida na combustão pode provocar graves consequências para a saúde.
"A contaminação do ar dentro das casas devido à falta de acesso à energia provoca quatro milhões de mortes prematuras por ano", cuja maioria é de crianças e mulheres, destacou Kandeh Yumkella, que dirige o programa "Energia duradoura para todos", lançado no ano passado pela ONU.
"Para combater a pobreza, é preciso resolver primeiro o problema do acesso à energia", acrescenta.
Para isso, de acordo com especialistas, todas as tecnologias necessárias precisam ser utilizadas para levar energia elétrica para as zonas rurais e isoladas.
Vijay Iyer, diretor do Banco Mundial, cita os exemplos do Vietnã e da Tunísia, que têm realizado programas de ampliação do acesso à eletricidade bem-sucedidos.
O amplo acesso à energia é possível, mas exige um esforço enorme e precisa ser alinhado em todos os níveis, do governo aos cidadãos, passando pelas empresas e as instituições internacionais.
O WEC convocou todos os governos a se esforçar para o cumprimento desta tarefa. Segundo seus cálculos, no ritmo em que o acesso à energia tem sido ampliado, "entre 730 e 880 milhões de pessoas continuarão sem acesso à eletricidade em 2030, principalmente na África subsaariana". Em 2050, serão entre 319 e 530 milhões de habitantes nessa situação.
Não se trata de caridade, diz Yumkella, que incentiva as multinacionais de energia a aproveitarem as "oportunidades econômicas e de investimento na criação de novos mercados e empregos".
Isso depende de uma mobilização local, ressalta Bunker Roy, fundador da ONG indiana Barefoot College, que treina "idosos africanos analfabetos para torná-los uma espécie de engenheiros solares", capazes de instalar painéis fotovoltaicos em seus povoados.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.