A poesia e a persuasão dos discursos de JFK, um legado pouco discutido
WASHINGTON, 18 Nov 2013 (AFP) - Os americanos, frequentemente divididos sobre o legado político de John F. Kennedy, quase não discordam sobre a fina retórica do presidente assassinado.
Kennedy, que foi morto há 50 anos, tem um pedestal próprio entre todos os presidentes americanos por sua oratória, citada frequentemente.
Passagens dos discursos de JFK permanecem gravadas na memória de um país que ainda se emociona pela grandiosidade de suas palavras.
O dom do líder democrata para pronunciar discursos finamente elaborados ficou evidente desde sua posse, no dia 20 de janeiro de 1961, semanas após sua histórica eleição.
Em um dia gelado, sob um brilhante céu azul, Kennedy realizou um inspirado chamado aos seus compatriotas, um chamado à ação que continua sendo invocado até o dia de hoje.
"Agora, a trombeta nos conclama novamente", recitou o então presidente, convocando seus concidadãos a se unirem "à luta contra os inimigos comuns do homem, a tirania, a pobreza, a doença e a própria guerra".
E em uma das passagens mais conhecidas - uma das frases mais citadas nos discursos políticos - Kennedy proclamou: "Não pergunte o que seu país pode fazer por você. Pergunte o que você pode fazer por seu país".
Estas palavras imortais estão gravadas em pedra em frente ao seu túmulo no Cemitério Nacional de Arlington, na Virgínia.
Os historiadores colocam este discurso em segundo lugar entre os maiores exemplos da oratória americana do século XX, depois do afamado "Tenho um sonho" (I have a dream) de Martin Luther King Jr.
Os discursos mais veementes de Kennedy pareciam ser pronunciados nos momentos mais críticos para a nação.
Uma destas ocasiões foi o dia 25 de maio de 1961, quando Kennedy convocou a nação a se unir na luta para vencer a corrida espacial, num momento em que os Estados Unidos se estremeciam diante da inesperada notícia de que a União Soviética havia colocado em órbita o satélite Sputnik.
"Acredito que esta nação deve se comprometer consigo mesma em atingir o objetivo de: antes que essa década termine, fazer pousar um homem na Lua e trazê-lo de volta a Terra a salvo", desafiou o presidente em um discurso lembrado mais por sua capacidade para atrair a atenção do país e inspirar a ação do que por sua retórica inflamada.
No dia 10 de junho de 1963, Kennedy deu um discurso de graduação na American University de Washington, vários meses após a crise dos mísseis com Cuba, no qual anunciou o início de negociações sobre armas nucleares com a União Soviética.
"Nenhum problema do destino da humanidade está além dos seres humanos", disse JFK aos novos graduados.
Duas semanas depois, no dia 26 de junho de 1963, imortalizou a frase "Ich bein ein Berliner" (Eu sou berlinense) nos degraus da Rudolph Wilde Platz, oferecendo o apoio dos Estados Unidos à enorme multidão que havia se reunido na dividida cidade alemã.
Ao conseguir capturar em palavras as esperanças e os temores do povo como nenhum outro presidente, com exceção, talvez, de Abraham Lincoln, os historiadores afirmam que as palavras de Kennedy tinham a autêntica capacidade de comover a alma e modelaram a oratória política inspiradora.
Dono de um inegável encanto, carisma e aparência de estrela de cinema, Kennedy também possuía algo mais: a habilidade de usar a aliteração e um sentido inato para fazer a mudança adequada a uma frase.
Mas também era capaz de capturar em palavras o sentimento da nação, com um infalível talento para saber exatamente o que os americanos precisavam escutar de seu presidente em determinado momento.
"Não apenas eram bem elaborados e bem pronunciados, também tinham um impecável senso de oportunidade", declarou Thurston Clarke, cujo livro "Ask Not" é uma monografia sobre a posse de Kennedy.
O estilo retórico do jovem presidente foi imitado frequentemente por seus sucessores, de Richard Nixon e Ronald Reagan a Bill Clinton e George W. Bush, embora certamente jamais tenha sido igualado.
Os estudiosos da vida e do legado de Kennedy afirmam que o presidente assassinado tem muito a agradecer a Ted Sorensen, seu principal escritor de discursos, por boa parte do brilhantismo dos mesmos.
"Ted esteve trabalhando com JFK desde 1953. No momento em que chegou à Casa Branca, era seu assessor mais próximo, com exceção do irmão do presidente", declarou Adam Frankel, ex-escritor de discursos do presidente Barack Obama.
"Um desafio para o escritor de discursos, não importa quem estivesse na Casa Branca, era ter acesso ao presidente", disse Frankel, "Ted não tinha esse problema".
Sempre consciente de sua imagem, Kennedy trabalhou incansavelmente para suavizar as durezas de sua dicção bostoniana, e estudou gravações de Churchill para aprender o melhor da oratória.
"Queria que seus discursos tivessem um impacto no momento, mas também tinha a sensação de que estava falando para a posteridade", declarou Jeff Shesol, um historiador e ex-escritor de discursos do presidente Bill Clinton.
No entanto, Kennedy não estaria tão feliz em saber que alguns acreditam que seus discursos, e não suas políticas, estão entre suas realizações mais significativas.
"Certamente estaria orgulhoso do fato de que seus discursos sejam tão lembrados", disse Sheshol, "mas não às custas do trabalho que fez. Certamente isso o desagradaria".
Kennedy, que foi morto há 50 anos, tem um pedestal próprio entre todos os presidentes americanos por sua oratória, citada frequentemente.
Passagens dos discursos de JFK permanecem gravadas na memória de um país que ainda se emociona pela grandiosidade de suas palavras.
O dom do líder democrata para pronunciar discursos finamente elaborados ficou evidente desde sua posse, no dia 20 de janeiro de 1961, semanas após sua histórica eleição.
Em um dia gelado, sob um brilhante céu azul, Kennedy realizou um inspirado chamado aos seus compatriotas, um chamado à ação que continua sendo invocado até o dia de hoje.
"Agora, a trombeta nos conclama novamente", recitou o então presidente, convocando seus concidadãos a se unirem "à luta contra os inimigos comuns do homem, a tirania, a pobreza, a doença e a própria guerra".
E em uma das passagens mais conhecidas - uma das frases mais citadas nos discursos políticos - Kennedy proclamou: "Não pergunte o que seu país pode fazer por você. Pergunte o que você pode fazer por seu país".
Estas palavras imortais estão gravadas em pedra em frente ao seu túmulo no Cemitério Nacional de Arlington, na Virgínia.
Os historiadores colocam este discurso em segundo lugar entre os maiores exemplos da oratória americana do século XX, depois do afamado "Tenho um sonho" (I have a dream) de Martin Luther King Jr.
Os discursos mais veementes de Kennedy pareciam ser pronunciados nos momentos mais críticos para a nação.
Uma destas ocasiões foi o dia 25 de maio de 1961, quando Kennedy convocou a nação a se unir na luta para vencer a corrida espacial, num momento em que os Estados Unidos se estremeciam diante da inesperada notícia de que a União Soviética havia colocado em órbita o satélite Sputnik.
"Acredito que esta nação deve se comprometer consigo mesma em atingir o objetivo de: antes que essa década termine, fazer pousar um homem na Lua e trazê-lo de volta a Terra a salvo", desafiou o presidente em um discurso lembrado mais por sua capacidade para atrair a atenção do país e inspirar a ação do que por sua retórica inflamada.
No dia 10 de junho de 1963, Kennedy deu um discurso de graduação na American University de Washington, vários meses após a crise dos mísseis com Cuba, no qual anunciou o início de negociações sobre armas nucleares com a União Soviética.
"Nenhum problema do destino da humanidade está além dos seres humanos", disse JFK aos novos graduados.
Duas semanas depois, no dia 26 de junho de 1963, imortalizou a frase "Ich bein ein Berliner" (Eu sou berlinense) nos degraus da Rudolph Wilde Platz, oferecendo o apoio dos Estados Unidos à enorme multidão que havia se reunido na dividida cidade alemã.
Ao conseguir capturar em palavras as esperanças e os temores do povo como nenhum outro presidente, com exceção, talvez, de Abraham Lincoln, os historiadores afirmam que as palavras de Kennedy tinham a autêntica capacidade de comover a alma e modelaram a oratória política inspiradora.
Dono de um inegável encanto, carisma e aparência de estrela de cinema, Kennedy também possuía algo mais: a habilidade de usar a aliteração e um sentido inato para fazer a mudança adequada a uma frase.
Mas também era capaz de capturar em palavras o sentimento da nação, com um infalível talento para saber exatamente o que os americanos precisavam escutar de seu presidente em determinado momento.
"Não apenas eram bem elaborados e bem pronunciados, também tinham um impecável senso de oportunidade", declarou Thurston Clarke, cujo livro "Ask Not" é uma monografia sobre a posse de Kennedy.
O estilo retórico do jovem presidente foi imitado frequentemente por seus sucessores, de Richard Nixon e Ronald Reagan a Bill Clinton e George W. Bush, embora certamente jamais tenha sido igualado.
Os estudiosos da vida e do legado de Kennedy afirmam que o presidente assassinado tem muito a agradecer a Ted Sorensen, seu principal escritor de discursos, por boa parte do brilhantismo dos mesmos.
"Ted esteve trabalhando com JFK desde 1953. No momento em que chegou à Casa Branca, era seu assessor mais próximo, com exceção do irmão do presidente", declarou Adam Frankel, ex-escritor de discursos do presidente Barack Obama.
"Um desafio para o escritor de discursos, não importa quem estivesse na Casa Branca, era ter acesso ao presidente", disse Frankel, "Ted não tinha esse problema".
Sempre consciente de sua imagem, Kennedy trabalhou incansavelmente para suavizar as durezas de sua dicção bostoniana, e estudou gravações de Churchill para aprender o melhor da oratória.
"Queria que seus discursos tivessem um impacto no momento, mas também tinha a sensação de que estava falando para a posteridade", declarou Jeff Shesol, um historiador e ex-escritor de discursos do presidente Bill Clinton.
No entanto, Kennedy não estaria tão feliz em saber que alguns acreditam que seus discursos, e não suas políticas, estão entre suas realizações mais significativas.
"Certamente estaria orgulhoso do fato de que seus discursos sejam tão lembrados", disse Sheshol, "mas não às custas do trabalho que fez. Certamente isso o desagradaria".
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